São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2008

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Expectativa de vendas menores faz comércio diminuir pedidos à indústria

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Por conta da expectativa de queda nas vendas, os pedidos do varejo para a indústria já começaram a diminuir e devem passar por desaceleração maior no primeiro trimestre do ano que vem.
As consultas ao SPC -indicador de vendas a prazo- vêm apresentando crescimento de cerca de 1% neste mês. Em outubro, início da perda de ritmo, o número de consultas teve expansão de 4,5% sobre o mesmo mês de 2007, segundo o economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) Marcel Solimeo. No período entre janeiro e setembro, o crescimento havia sido de 8% na mesma comparação.
"As nossas encomendas para a indústria no primeiro trimestre dependem do movimento das vendas em dezembro, que já estão abaixo de nossas expectativas", diz Solimeo.
O setor de eletroeletrônicos prevê crescimento de 7% em 2009, contra 11% neste ano, o que levará a uma redução no nível de atividade, com o adiamento da ampliação de negócios e da implementação de terceiro turno nas fábricas.
De acordo com o presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato, os fabricantes já sentiram redução no nível de pedidos, especialmente nos segmentos de eletroeletrônicos, eletroportáteis e linha branca -como geladeiras, fogões e lavadoras.
"Temos a perspectiva de um primeiro trimestre mais difícil, com menos encomendas. O crescimento de 7% que esperamos para o próximo ano, na verdade, deve ser puxado pelo desempenho do setor só a partir do segundo trimestre", afirma Barbato. Segundo ele, o segmento de computadores será um dos carros-chefe da indústria de eletroeletrônicos, com aumento de 20% nas vendas no próximo ano.

Pessimismo
A indústria está mais pessimista. O Sensor Fiesp -que indica as previsões dos industriais paulistas- teve recuo de 42,5 pontos em novembro para 34,2 pontos na primeira quinzena deste mês. A pontuação do Sensor varia em uma escala de zero a cem, sendo que abaixo de 50 as expectativas são consideradas negativas.
"A indústria já está toda estocada. Há muitas interrogações sobre como estará o crédito e a demanda no ano que vem. E, obviamente, é isso que calibra a produção industrial", diz André Rebelo, gerente do departamento de economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Para ele, o setor de bens duráveis, mais dependente de crédito, sofrerá impacto maior.
Para Solimeo, da ACSP, como os estoques no varejo estão "acima do desejado", a reposição será mais lenta. "Certamente, nossos pedidos vão diminuir bastante." (PAULO DE ARAUJO)


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