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Madonna escapou da crise por pouco, afirma produtor
Responsável pela turnê "Sticky & Sweet", que rendeu US$ 280 mi, diz que a venda antecipada de ingressos evitou impactos da turbulência
Cantora também movimenta economia das cidades onde faz shows; em SP, prefeitura calcula que 39 mil turistas deixarão R$ 23,4 milhões
MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não à toa ela é a "material
girl". Mais do que a adrenalina
dos fãs, Madonna movimenta
milhões de dólares, na economia de onde passa e na própria
conta bancária. Cantora mais
bem paga de 2007, segundo a
revista "Forbes", a rainha do
pop pode ser considerada um
fenômeno de fazer dinheiro. A
turnê "Sticky & Sweet", que
acaba hoje em São Paulo, deve
render US$ 280 milhões à sua
produtora, a Live Nation.
Segundo o produtor da turnê,
Arthur Fogel, "até agora, não há
crise para Madonna". Por pouco. "É que quase todos os ingressos foram vendidos antes
de a crise começar", afirma, em
entrevista à Folha.
"Eu não posso dizer que houve qualquer impacto, mas no
futuro teremos de ser mais cuidadosos [na venda de ingressos]", disse Fogel, que produz
as turnês de Madonna desde
2001. Ele admite um "ambiente econômico muito ruim",
acha que "a crise vai afetar" os
negócios da música, mas aposta que "grandes artistas não devem sofrer grande impacto".
Fogel foi um dos principais
responsáveis, no ano passado,
pela assinatura do contrato de
dez anos de Madonna com a Live Nation, que rendeu US$ 120
milhões à cantora. Nada mal
para quem diz ter chegado em
Nova York com US$ 35 no bolso, em 1976. Três décadas depois, a Live Nation espera faturar US$ 1 bilhão com o contrato
de Madonna.
A turnê, que vendeu 2,3 milhões de ingressos nos 58
shows (28 deles com lotação
completa) em 17 países, deve
render US$ 280 milhões. "É
um bom começo", diz Fogel.
Em 2006, a temporada de
"Confessions on a Dance
Floor" rendeu US$ 195 milhões. Na turnê de 2004, foram
US$ 125 milhões e, na de 2001,
US$ 75 milhões.
"Ela é um bom negócio. Neste ponto da sua carreira está
melhor do que nunca", diz o
produtor sobre a cantora, que
mostra jovialidade aos 50 anos.
Mas ele toma para si parte do
sucesso: "Há um bom planejamento. Optamos por tocar em
estádios maiores e para mais
gente", conta. "Também incluímos cidades onde ela nunca tinha se apresentado ou não toca
há muito tempo." Caso do Brasil, onde ela não cantava havia
15 anos: os três shows iniciais
viraram cinco.
Fogel não revela muitos números, mas admite que a venda
de CDs, a mina de ouro dos artistas no passado, já não é "tão
relevante" no faturamento.
"Hoje as turnês e o merchandising são a parte mais importante da receita de Madonna", diz.
No ano passado, ela lançou
uma linha de roupas na cadeia
sueca H&M. Faturou US$ 15
milhões já na primeira semana.
Segundo Fogel, "Madonna é
a responsável pela maior parte
da receita da Live Nation". A
cantora recebeu US$ 25 milhões em ações da companhia
na ocasião do contrato. Além
das turnês e do merchandising,
a produtora administra os direitos autorais e as gravações
de Madonna. A Live Nation
também trabalha com artistas
como Elton John e a banda de
rock Mettalica. Apesar do otimismo de Fogel, as ações da
companhia, negociadas na Bolsa de Nova York, acumulam
perdas de 70% em 2008.
Extra-oficialmente, estima-se que a fortuna de Madonna
supere US$ 1 bilhão. Mas não é
só a cantora quem fatura com
suas turnês. A Prefeitura de
São Paulo calcula que os 39 mil
turistas que vieram assistir aos
shows deixarão R$ 23,4 milhões na cidade. No Rio, a ocupação hoteleira da zona sul foi
de 83% no período dos shows,
acima da média de 64%.
Tudo para assistir à turnê de
divulgação de "Hard Candy"
("Doce Forte", duro, em português) -o álbum é dos mais vendidos em 2008, adoçando ainda mais as cifras de Madonna.
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