São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2008

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Madonna escapou da crise por pouco, afirma produtor

Responsável pela turnê "Sticky & Sweet", que rendeu US$ 280 mi, diz que a venda antecipada de ingressos evitou impactos da turbulência

Cantora também movimenta economia das cidades onde faz shows; em SP, prefeitura calcula que 39 mil turistas deixarão R$ 23,4 milhões

MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não à toa ela é a "material girl". Mais do que a adrenalina dos fãs, Madonna movimenta milhões de dólares, na economia de onde passa e na própria conta bancária. Cantora mais bem paga de 2007, segundo a revista "Forbes", a rainha do pop pode ser considerada um fenômeno de fazer dinheiro. A turnê "Sticky & Sweet", que acaba hoje em São Paulo, deve render US$ 280 milhões à sua produtora, a Live Nation.
Segundo o produtor da turnê, Arthur Fogel, "até agora, não há crise para Madonna". Por pouco. "É que quase todos os ingressos foram vendidos antes de a crise começar", afirma, em entrevista à Folha.
"Eu não posso dizer que houve qualquer impacto, mas no futuro teremos de ser mais cuidadosos [na venda de ingressos]", disse Fogel, que produz as turnês de Madonna desde 2001. Ele admite um "ambiente econômico muito ruim", acha que "a crise vai afetar" os negócios da música, mas aposta que "grandes artistas não devem sofrer grande impacto".
Fogel foi um dos principais responsáveis, no ano passado, pela assinatura do contrato de dez anos de Madonna com a Live Nation, que rendeu US$ 120 milhões à cantora. Nada mal para quem diz ter chegado em Nova York com US$ 35 no bolso, em 1976. Três décadas depois, a Live Nation espera faturar US$ 1 bilhão com o contrato de Madonna.
A turnê, que vendeu 2,3 milhões de ingressos nos 58 shows (28 deles com lotação completa) em 17 países, deve render US$ 280 milhões. "É um bom começo", diz Fogel. Em 2006, a temporada de "Confessions on a Dance Floor" rendeu US$ 195 milhões. Na turnê de 2004, foram US$ 125 milhões e, na de 2001, US$ 75 milhões.
"Ela é um bom negócio. Neste ponto da sua carreira está melhor do que nunca", diz o produtor sobre a cantora, que mostra jovialidade aos 50 anos. Mas ele toma para si parte do sucesso: "Há um bom planejamento. Optamos por tocar em estádios maiores e para mais gente", conta. "Também incluímos cidades onde ela nunca tinha se apresentado ou não toca há muito tempo." Caso do Brasil, onde ela não cantava havia 15 anos: os três shows iniciais viraram cinco.
Fogel não revela muitos números, mas admite que a venda de CDs, a mina de ouro dos artistas no passado, já não é "tão relevante" no faturamento. "Hoje as turnês e o merchandising são a parte mais importante da receita de Madonna", diz. No ano passado, ela lançou uma linha de roupas na cadeia sueca H&M. Faturou US$ 15 milhões já na primeira semana.
Segundo Fogel, "Madonna é a responsável pela maior parte da receita da Live Nation". A cantora recebeu US$ 25 milhões em ações da companhia na ocasião do contrato. Além das turnês e do merchandising, a produtora administra os direitos autorais e as gravações de Madonna. A Live Nation também trabalha com artistas como Elton John e a banda de rock Mettalica. Apesar do otimismo de Fogel, as ações da companhia, negociadas na Bolsa de Nova York, acumulam perdas de 70% em 2008.
Extra-oficialmente, estima-se que a fortuna de Madonna supere US$ 1 bilhão. Mas não é só a cantora quem fatura com suas turnês. A Prefeitura de São Paulo calcula que os 39 mil turistas que vieram assistir aos shows deixarão R$ 23,4 milhões na cidade. No Rio, a ocupação hoteleira da zona sul foi de 83% no período dos shows, acima da média de 64%.
Tudo para assistir à turnê de divulgação de "Hard Candy" ("Doce Forte", duro, em português) -o álbum é dos mais vendidos em 2008, adoçando ainda mais as cifras de Madonna.


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