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Reforma opõe empresários e assalariados
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a reforma trabalhista já tivesse sido realizada em comum
acordo entre empregados, patrões e governo, Roberto Della
Manna, um dos vice-presidentes da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), acredita que a desoneração
da folha já teria ocorrido e poderia ajudar as empresas a enfrentarem as conseqüências da
crise. "Agora não adianta discutir isso. É preciso cortar juros,
oferecer mais financiamentos e
redução de impostos."
O debate da reforma trabalhista foi reaceso no final de novembro, em meio à crise, quando o ministro Tarso Genro
(Justiça) disse em um debate
na CNI (confederação das indústrias) que o país perdeu a
oportunidade de fazer a "necessária" reforma trabalhista.
A CUT reagiu à proposta: "O
ministro erra ao defender mudanças na legislação trabalhista, por desconsiderar que momentos de crise, como o atual,
são sempre usados por neoliberais em geral para, no embalo
do clima de temor, propor rebaixamento das condições de
vida e de trabalho daqueles que
não construíram a crise, mas,
ao contrário, constroem o desenvolvimento nacional", disse, em nota, Artur Henrique,
presidente da central.
Cláudio Montesso, presidente da Anamatra (Associação
Nacional dos Magistrados da
Justiça do Trabalho), avalia
que possíveis demissões independem de a reforma trabalhista ter sido ou não feita. "As demissões ocorrem em função da
queda no nível de atividade
econômica, não do custo da
mão-de-obra ou da proteção
garantida aos trabalhadores."
Discutir a reforma trabalhista neste momento, segundo
Montesso, é uma atitude oportunista. "Quando a economia
estava favorável à ampliação de
direitos para os trabalhadores,
ninguém quis fazer a discussão.
Vincular a reforma à crise é um
debate oportunista de quem
sempre defendeu a desregulamentação do mercado."
Em relação à ampliação de
direitos dos trabalhadores,
Montesso diz que ela não irá
onerar as empresas. No caso da
ampliação da licença-maternidade, ele lembra que as empresas que a concederem irão receber benefícios fiscais. "E no caso do marido da gestante, a empresa não fica impedida de demitir. Se tiver de reduzir posto
de trabalho, pode escolher entre outros funcionários."
Cláudio Dedecca, professor
da Unicamp, diz que os benefícios estão sendo concedidos
aos trabalhadores de forma
fragmentada. "Não sabemos
nem o que queremos com essa
proteção social do trabalho que
ocorre por meio de medidas
pontuais. Nem empresários
nem trabalhadores querem fazer a discussão de temas agora.
O único consenso entre as partes é fazer com que o país continue crescendo."
A redução da jornada de trabalho, reivindicação legítima
das centrais sindicais, segundo
Dedecca, precisa ser discutida
com cautela. "O regime tributário no Mercosul criou uma proteção alfandegária entre os países muito baixa. Se a jornada
for reduzida no Brasil, o que
impede a indústria automobilística de produzir na Argentina? É uma questão delicada."
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