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Autopeças não acompanham ciclo de recuperação em 2010
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na contramão das montadoras, a indústria de autopeças
passa por um processo de desinvestimento que continuará
ao longo de 2010.
Neste ano, até novembro, a
indústria investiu cerca de US$
900 milhões, quase metade do
valor aplicado no ano passado
(US$ 1,6 bilhão), de acordo com
o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores). A previsão para 2010 é que
o valor se reduza ainda mais.
A principal razão é a perda da
rentabilidade das empresas,
ocasionada pela valorização do
câmbio, que provoca maior
presença de produtos importados e obriga as fabricantes nacionais a reduzirem suas margens para manter o volume de
vendas, diz o presidente do Sindipeças, Paulo Butori.
"Para fazer investimento,
tem que ter rentabilidade, e está muito difícil ganhar dinheiro
com as montadoras, que são
nossos principais clientes", diz.
De acordo com ele, no quadro atual as fabricantes se sentem coagidas pelas montadoras
a reduzir os preços para não ver
um esvaziamento em suas carteiras de pedidos.
"Em vez do clima de euforia
por conta do aumento da produção de carros, estamos vivendo um clima de preocupação. A nossa margem caiu cerca
de 30% neste ano", afirma o
presidente do Sindipeças.
Butori diz que, além do câmbio valorizado, há o problema
adicional da redução de 40% da
TEC (Tarifa Externa Comum)
do Mercosul para autopeças, o
que facilita a entrada de produtos de fora do bloco. Assim,
cresce a participação de importados da Ásia no mercado de
autopeças. "Com isso, geramos
emprego fora do país."
Como resultado, Butori afirma que já há empresas deixando o mercado. O Sindipeças
acionou o governo para tentar
uma solução, mas não teve resposta "efetiva" até agora.
"Lá fora, a produção de carros caiu drasticamente, então
há uma sobra de peças que buscam mercado nos países em
que a produção cresce", afirma
Butori.
(PA)
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