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PARCIMÔNIA RADICAL
Oposição e esquerda do PT não gostam; governistas defendem
Medida é criticada por deputados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão do Banco Central de
manter inalterada a taxa de juros
foi criticada por oposicionistas e
deputados da esquerda do PT. Líderes governistas na Câmara defenderam a medida como precaução para a retomada do crescimento econômico.
Crítico frequente dos juros altos, o vice-presidente da República, José Alencar, evitou comentar
a decisão do BC. "Eu não esperava
nada. Não tenho nenhum comentário a fazer de decisão do Copom, como nunca fiz. Em nenhum momento eu fiz declaração
sobre decisão do Copom", disse, à
noite, ao deixar seu gabinete.
"Este janeiro é o mês do congelamento. A reforma ministerial
não anda, a convocação extraordinária do Congresso tem um quê
de paralisia e o Copom se inspirou nisso para ficar no zero. Entra
em contradição com o esperado
ano do crescimento", disse o deputado Chico Alencar (PT-RJ), da
ala esquerda do partido.
"É ruim, poderia ter seguido a
trajetória decrescente de juros e
ascendente de política. Lamento
que tenha estacionado, poderia
ter começado o ano de outra forma", disse o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), também ligado à
esquerda.
"É uma postura conservadora,
reflete uma medida econômica
que não é ousada para a retomada
do crescimento. A preocupação é
com os que montam o risco-país e
com o mercado", afirmou Luciana Genro (sem partido-RS), expulsa do PT no final de 2003.
A oposição também criticou a
decisão do Copom. "Indica que o
BC não acredita na queda da inflação. É a manutenção da política
mais ortodoxa de qualquer período da história do país. Continuamos com a maior taxa de juros
real do mundo, ou seja, a expectativa de espetáculo do crescimento
está cada vez mais longe", disse
um dos vice-líderes do PSDB, deputado Alberto Goldman (SP).
"A decisão do Copom significa
que a economia continua estagnada e o desemprego crescendo.
A política econômica conservadora do governo Lula já não surpreende", disse o líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA).
O líder do PFL no Senado, José
Agripino (RN), disse que a decisão do BC reforça a percepção
-que, segundo ele, cresce no plano internacional- de que o Brasil não tem plano para retomada
do desenvolvimento econômico.
Ele se referiu à declaração do
subsecretário do Tesouro dos
EUA, John Taylor, segundo a qual
a política econômica do país foca
apenas no controle de gastos.
Governistas
As lideranças do governo na Casa atenuaram a decisão do Banco
Central. "É uma medida de precaução e não nega a postura do
governo de continuar promovendo esforço para baixar a taxa de
juros", disse o líder do governo,
Aldo Rebelo (PC do B-SP).
"Deu um cliquezinho no risco
de inflação e por prudência foi
mantida a taxa de juros. Ainda estamos no início do ano", disse o líder do PMDB, deputado Eunício
Oliveira (CE), cotado para o Ministério das Comunicações.
"É início de ano, é preciso começar com tranqüilidade. No mês
que vem o cenário será melhor e
poderemos retomar a política de
redução dos juros com mais segurança", afirmou um dos vice-líderes do governo, deputado Professor Luizinho (PT-SP).
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