São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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PARCIMÔNIA RADICAL

Oposição e esquerda do PT não gostam; governistas defendem

Medida é criticada por deputados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão do Banco Central de manter inalterada a taxa de juros foi criticada por oposicionistas e deputados da esquerda do PT. Líderes governistas na Câmara defenderam a medida como precaução para a retomada do crescimento econômico.
Crítico frequente dos juros altos, o vice-presidente da República, José Alencar, evitou comentar a decisão do BC. "Eu não esperava nada. Não tenho nenhum comentário a fazer de decisão do Copom, como nunca fiz. Em nenhum momento eu fiz declaração sobre decisão do Copom", disse, à noite, ao deixar seu gabinete.
"Este janeiro é o mês do congelamento. A reforma ministerial não anda, a convocação extraordinária do Congresso tem um quê de paralisia e o Copom se inspirou nisso para ficar no zero. Entra em contradição com o esperado ano do crescimento", disse o deputado Chico Alencar (PT-RJ), da ala esquerda do partido.
"É ruim, poderia ter seguido a trajetória decrescente de juros e ascendente de política. Lamento que tenha estacionado, poderia ter começado o ano de outra forma", disse o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), também ligado à esquerda.
"É uma postura conservadora, reflete uma medida econômica que não é ousada para a retomada do crescimento. A preocupação é com os que montam o risco-país e com o mercado", afirmou Luciana Genro (sem partido-RS), expulsa do PT no final de 2003.
A oposição também criticou a decisão do Copom. "Indica que o BC não acredita na queda da inflação. É a manutenção da política mais ortodoxa de qualquer período da história do país. Continuamos com a maior taxa de juros real do mundo, ou seja, a expectativa de espetáculo do crescimento está cada vez mais longe", disse um dos vice-líderes do PSDB, deputado Alberto Goldman (SP).
"A decisão do Copom significa que a economia continua estagnada e o desemprego crescendo. A política econômica conservadora do governo Lula já não surpreende", disse o líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA).
O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), disse que a decisão do BC reforça a percepção -que, segundo ele, cresce no plano internacional- de que o Brasil não tem plano para retomada do desenvolvimento econômico.
Ele se referiu à declaração do subsecretário do Tesouro dos EUA, John Taylor, segundo a qual a política econômica do país foca apenas no controle de gastos.

Governistas
As lideranças do governo na Casa atenuaram a decisão do Banco Central. "É uma medida de precaução e não nega a postura do governo de continuar promovendo esforço para baixar a taxa de juros", disse o líder do governo, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
"Deu um cliquezinho no risco de inflação e por prudência foi mantida a taxa de juros. Ainda estamos no início do ano", disse o líder do PMDB, deputado Eunício Oliveira (CE), cotado para o Ministério das Comunicações.
"É início de ano, é preciso começar com tranqüilidade. No mês que vem o cenário será melhor e poderemos retomar a política de redução dos juros com mais segurança", afirmou um dos vice-líderes do governo, deputado Professor Luizinho (PT-SP).


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