São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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Investigação é discutida por ministro e PF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, confirmou ontem que a Polícia Federal vai abrir um inquérito para investigar a conduta da Parmalat no Brasil, conforme a Folha antecipou. O ministro reuniu-se ontem com o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, para discutir o assunto.
Lacerda passou o dia de ontem analisando as informações disponíveis sobre a Parmalat. Já tinha em mente um nome para presidir o inquérito, mas ainda avaliava qual a melhor sede para conduzir formalmente a investigação, pois o grupo mantém negócios em diferentes Estados do país.
O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), anunciou também ontem a criação imediata de uma comissão especial para acompanhar os desdobramentos da crise envolvendo a Parmalat. A comissão, formada por 21 integrantes indicados pelas bancadas de acordo com o critério de proporcionalidade na Casa, será instalada na manhã de hoje.
No domingo, a Folha divulgou que a Parmalat enviou R$ 583,3 milhões, no período de 1996 a 2002, para a empresa coligada Wishaw, com sede no Uruguai. A movimentação foi identificada pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Banestado.
Para avaliar as descobertas da CPI, o ministro vai se reunir hoje com o deputado José Mentor (PT-SP), relator da comissão.
Segundo o ministro, a Receita Federal já realizou ações para mapear a movimentação financeira da empresa, mas ainda não há detalhes disponíveis sobre as operações. Bastos disse que o inquérito será aberto nos próximos dias.
Além da atuação da PF e da Receita Federal, o Banco Central também vai rastrear as remessas da Parmalat para o exterior. O Ministério Público Federal também vai acompanhar as investigações para verificar se ocorreu crime tributário e contra o sistema financeiro no caso Parmalat.

Recurso
A Parmalat alimentos teve negado ontem recurso impetrado contra a medida cautelar concedida pelo juiz da 42ª Vara Cível ao banco Sumitomo Mitsui Brasileiro. A decisão foi tomada pelo juiz Luiz Burza Neto, do 1º tribunal de alçada de São Paulo.
O advogado da Parmalat, Thomas Felsberg, entrou com agravo regimental para tentar reverter a decisão do juiz.
A medida cautelar foi obtida na sexta-feira pelo escritório de advocacia Pinheiro Neto e impede que a Parmalat venda ativos no país e mande dinheiro para a matriz e suas coligadas. Também determina que a gestão da empresa seja fiscalizada por um colegiado nomeado pelo juiz.


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