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LEITE DERRAMADO
Unidade em Jundiaí é colocada como caução em processo para evitar protesto de títulos pelo Unibanco
Parmalat dá fábrica como garantia a banco
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Parmalat do Brasil deu como
garantia de pagamento ao Unibanco a sua fábrica em Jundiaí (a
60 km de São Paulo), atualmente
com cerca de 1.100 funcionários e
uma das únicas unidades fabris
do grupo em São Paulo. Se a companhia não quitar a dívida de R$
13 milhões (volume emprestado
pelo banco para reforçar o capital
de giro do grupo) pode ter de leiloar o imóvel -onde são produzidos sucos, chás, biscoitos e creme de leite- para quitar a pendência com a instituição.
A garantia consta em uma ação
de sustação de protesto existente
na 1ª Vara Cível de São Paulo no
Fórum de Pinheiros (zona oeste
de SP) e foi aceita pelo juiz Carlos
Roberto Petroni, da 4ª Vara Cível
e que ocupa a função na 1ª Vara
de forma temporária.
Segundo a assessoria de imprensa do fórum, o montante
chegaria a R$ 300 milhões. O juiz
confirma débitos de R$ 13 milhões, em três contratos de empréstimos.
Em janeiro, a Parmalat solicitou
à Justiça de São Paulo que impedisse o banco credor de protestar
títulos da dívida da empresa. A
companhia tem esse direito. Isso
ocorreu porque, em dezembro, as
negociações com o Unibanco a
respeito do débito andaram a
passos de tartaruga.
Como o banco ameaçou ir à
Justiça, a companhia, para se proteger, decidiu se antecipar e então
protocolou uma ação de sustação
de protesto.
No dia 16, o juiz Petroni deferiu
o pedido e, portanto, a Justiça não
acatará títulos de protesto do
Unibanco contra a empresa. Mas,
para isso, ela exigiu garantias. "A
companhia estava negociando a
pendência com o banco, mas o
Unibanco parou a negociação. Sei
que a empresa está interessada
em pagar o que deve e decidiu
oferecer como caução a fábrica de
Jundiaí", disse o juiz.
Segundo ele, a Parmalat apresentou documentos informando
que a fábrica tem valor patrimonial que atinge R$ 15 milhões
-portanto superior ao débito de
R$ 13 milhões. De qualquer forma, interventores nomeados pela
42º Vara Cível, em outro processo
movido pelo banco Sumitomo
Mitsui Brasileiro, estão acompanhando o dia-a-dia da empresa,
na sede em São Paulo, para evitar
que o patrimônio do grupo seja
dilapidado.
Advogados consultados pela
Folha acreditam que são remotas
as possibilidades de que a companhia perca a unidade fabril neste
momento. Eles explicam que o
imóvel da empresa foi dado como
garantia de pagamento e, antes de
uma execução judicial -para
que ocorra o leilão do imóvel a favor do banco credor-, as partes
concordaram em sentar para renegociar o pagamento do débito.
A fábrica de "atomatados" da
Parmalat em Araçatuba (a 580
km de São Paulo) está com o nível
de produção reduzido devido à
falta de matérias-primas. Por temer atrasos em salários e danos
aos funcionários, o Sindicato dos
Trabalhadores da Indústria da
Alimentação do município solicitou à empresa o pagamento do
banco de horas dos funcionários.
A gerência de recursos humanos da unidade disse que só pode
pagar parcelado, em duas vezes.
Em Jundiaí, a unidade de sucos
voltou a operar, após dois dias de
paralisação. Mas apenas metade
dos 80 funcionários voltou para a
linha de produção. Há falta de insumos, informam os sindicalistas. A empresa nega.
A fábrica de biscoitos em Jundiaí, que deveria voltar a operar
hoje, deve continuar paralisada.
Sem pagar alguns fornecedores,
há falta de insumos.
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