São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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LEITE DERRAMADO

Unidade em Jundiaí é colocada como caução em processo para evitar protesto de títulos pelo Unibanco

Parmalat dá fábrica como garantia a banco

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Parmalat do Brasil deu como garantia de pagamento ao Unibanco a sua fábrica em Jundiaí (a 60 km de São Paulo), atualmente com cerca de 1.100 funcionários e uma das únicas unidades fabris do grupo em São Paulo. Se a companhia não quitar a dívida de R$ 13 milhões (volume emprestado pelo banco para reforçar o capital de giro do grupo) pode ter de leiloar o imóvel -onde são produzidos sucos, chás, biscoitos e creme de leite- para quitar a pendência com a instituição.
A garantia consta em uma ação de sustação de protesto existente na 1ª Vara Cível de São Paulo no Fórum de Pinheiros (zona oeste de SP) e foi aceita pelo juiz Carlos Roberto Petroni, da 4ª Vara Cível e que ocupa a função na 1ª Vara de forma temporária.
Segundo a assessoria de imprensa do fórum, o montante chegaria a R$ 300 milhões. O juiz confirma débitos de R$ 13 milhões, em três contratos de empréstimos.
Em janeiro, a Parmalat solicitou à Justiça de São Paulo que impedisse o banco credor de protestar títulos da dívida da empresa. A companhia tem esse direito. Isso ocorreu porque, em dezembro, as negociações com o Unibanco a respeito do débito andaram a passos de tartaruga.
Como o banco ameaçou ir à Justiça, a companhia, para se proteger, decidiu se antecipar e então protocolou uma ação de sustação de protesto.
No dia 16, o juiz Petroni deferiu o pedido e, portanto, a Justiça não acatará títulos de protesto do Unibanco contra a empresa. Mas, para isso, ela exigiu garantias. "A companhia estava negociando a pendência com o banco, mas o Unibanco parou a negociação. Sei que a empresa está interessada em pagar o que deve e decidiu oferecer como caução a fábrica de Jundiaí", disse o juiz.
Segundo ele, a Parmalat apresentou documentos informando que a fábrica tem valor patrimonial que atinge R$ 15 milhões -portanto superior ao débito de R$ 13 milhões. De qualquer forma, interventores nomeados pela 42º Vara Cível, em outro processo movido pelo banco Sumitomo Mitsui Brasileiro, estão acompanhando o dia-a-dia da empresa, na sede em São Paulo, para evitar que o patrimônio do grupo seja dilapidado.
Advogados consultados pela Folha acreditam que são remotas as possibilidades de que a companhia perca a unidade fabril neste momento. Eles explicam que o imóvel da empresa foi dado como garantia de pagamento e, antes de uma execução judicial -para que ocorra o leilão do imóvel a favor do banco credor-, as partes concordaram em sentar para renegociar o pagamento do débito.
A fábrica de "atomatados" da Parmalat em Araçatuba (a 580 km de São Paulo) está com o nível de produção reduzido devido à falta de matérias-primas. Por temer atrasos em salários e danos aos funcionários, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação do município solicitou à empresa o pagamento do banco de horas dos funcionários.
A gerência de recursos humanos da unidade disse que só pode pagar parcelado, em duas vezes.
Em Jundiaí, a unidade de sucos voltou a operar, após dois dias de paralisação. Mas apenas metade dos 80 funcionários voltou para a linha de produção. Há falta de insumos, informam os sindicalistas. A empresa nega.
A fábrica de biscoitos em Jundiaí, que deveria voltar a operar hoje, deve continuar paralisada. Sem pagar alguns fornecedores, há falta de insumos.


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