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Sistema ainda sem regras no país
permite chamadas sem impostos
DA REPORTAGEM LOCAL
A telefonia sobre plataforma de
internet vem se expandindo sobre
um limbo jurídico no país. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), órgão regulador do
setor, considera que o VoIP não é
serviço, mas sim uma tecnologia.
E, "como órgão regulador, a Anatel não tem por diretriz regulamentar tecnologias usadas na
prestação de serviço", diz comunicado oficial do órgão.
"Esse ainda é um mercado sem
regras", afirma Fábio Ferreira, 25,
sócio-diretor da recém-nascida
VoIP Network, de Maringá (PR).
A ausência de regulamentação
permite, por exemplo, que as ligações internacionais feitas por intermédio de um provedor de voz
do exterior não sejam tributadas
no país.
"Por isso é possível baratear as
ligações em relação aos provedores locais, pois os impostos representam 25% do valor da chamada", diz Ferreira.
Parceria
A Network, criada há oito meses
por três jovens paranaenses, tem
uma parceria com a americana
Go2Call, uma das maiores provedoras de VoIP do mundo, e consegue oferecer ligações para os
EUA por R$ 0,09 o minuto. A
mesma chamada, feita por um telefone convencional, sai por R$
0,67, caso seja feita pelo "Super
15" da Telefônica.
Nas ligações locais, eles conseguem competir com as teles fixas
e outras operadoras VoIP, oferecendo ligações DDD por R$ 0,13
por minuto, a tarifa básica da
companhia. De Maringá para São
Paulo, os clientes pagam R$ 0,10 o
minuto, enquanto a Brasil Telecom cobra R$ 0,57, e a GVT [espelho da Brasil Telecom na mesma
região], R$ 0,50, na telefonia convencional.
Os sócios, com idades entre 25
anos e 27 anos, investiram US$ 50
mil no negócio e já captaram 800
clientes em todo o país. Detalhe: a
empresa não tem nenhum empregado, mas já conta com 18
agentes autorizados que operam
o serviço em outros Estados em
um sistema semelhante ao de
franquia.
A VoIP Network também não
tem registro na Anatel para operar o serviço. "Não há regulamentação para o VoIP", diz Ferreira.
A ausência de normas pode deixar o usuário desprotegido em caso de o serviço não ser satisfatório, de acordo com analistas. Como são pacotes de ligação pré-pagas, se a qualidade deixar a desejar, ninguém garante a devolução
do dinheiro.
"Outro problema é que os clientes dos provedores com base internacional podem ser acusados
de sonegação fiscal, já que nas
chamadas DDI eles não pagam
impostos", observa Daniel Duarte, diretor da Tellfree.
Polêmica mundial
A questão da regulamentação
do VoIP é polêmica no mundo todo. "Há desde um lado menos
restritivo até outro que proíbe a
conexão das camadas telefônicas
via internet com a rede pública de
telefonia", diz Petrônio Nogueira,
sócio diretor da Accenture.
Nos EUA, a FCC (Federal Comunications Comission), órgão
regulador do setor, optou por deixar o mercado livre. Já a Índia
proíbe a conexão com a rede de
telefonia pública.
"No Brasil, o modelo desse negócio está para ser definido, seja
pelo Estado ou pelo mercado",
afirma Nogueira.
(SB)
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