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MERCOSUL
Programa de exportações pode mudar para impedir que vizinho aplique tarifas sobre produto brasileiro
Governo tenta evitar retaliação argentina
da Sucursal de Brasília
O governo
brasileiro poderá alterar as regras do Proex
(Programa de
Financiamento
às Exportações)
para produtores
que destinam suas mercadorias à
Argentina e pagamento das importações vindas do país vizinho.
O objetivo é impedir que os efeitos da desvalorização do real levem o governo argentino a ceder
às pressões do empresariado e
aplicar uma tarifa adicional de importação aos produtos brasileiros.
A Folha apurou que os negociadores avaliam que essa medida levaria ao rompimento do Mercosul.
"Antes da desvalorização do real,
esses instrumentos tiveram impacto no comércio bilateral", afirmou o embaixador José Alfredo
Graça Lima, chefe da área econômica do Itamaraty.
Graça Lima, entretanto, disse
que o governo não adotará medidas de compensação -no caso de
inversão, em 99, do saldo negativo
para o Brasil no comércio bilateral
que se verifica há três anos.
Também declarou que o país não
aceitará medidas de defesa comercial (sobretaxas ou cotas) a produtos brasileiros que se tornarem
mais competitivos.
Ontem, a sobrevivência do Mercosul depois da crise cambial foi
discutida durante almoço de autoridades brasileiras com o subsecretário de Relações Econômicas
Internacionais da chancelaria argentina, Jorge Campbell.
Do lado brasileiro, participaram
os ministros Luiz Felipe Lampreia
(Relações Exteriores) e Celso Lafer
(Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Graça Lima e o assessor
especial da Câmara de Comércio
Exterior, ministro Ruy Pereira.
"Podemos construir um muro
entre os dois países, colocar arame
farpado ou até dinamitar as pontes. Mas essas são soluções muito
caras. Por isso, preferimos dialogar", ironizou Campbell.
A revisão das regras do Proex é
antiga reivindicação do governo
argentino, que alega que suas linhas de financiamento são subsídios que distorcem a competitividade na região.
Ontem, o Ministério da Economia sugeriu um pacote de seis medidas para atenuar o impacto da
desvalorização brasileira.
Uma dessas propostas, que será
apresentada na segunda-feira pelo
secretário de Indústria e Comércio, Alieto Guadagni, à equipe econômica brasileira, é o pedido de
corte de subsídios aos produtos
exportados para o país.
Um dos pontos mais polêmicos é
a proposta de dolarizar a economia, que daria a responsabilidade
pela política monetária aos EUA.
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