São Paulo, sexta, 22 de janeiro de 1999

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FINANCIAMENTO
Financeiras, lojas e administradoras de cartões aumentam cerca de 1,5 ponto percentual as suas taxas
Comprar a prazo fica ainda mais caro

FÁTIMA FERNANDES
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

O consumidor já paga mais caro se optar por qualquer forma de financiamento, como crediário de lojas, empréstimos em dinheiro, cheque especial e cartão de crédito.
Algumas redes, financeiras e administradoras de cartões subiram cerca de 1 a 1,5 ponto percentual as taxas nesta semana e não descartam a possibilidade de novas altas. Outras estão calculando os juros que serão cobrados no início da semana que vem.
As redes Eletro e Extra, do grupo Pão de Açúcar, subiram ontem um ponto percentual as suas taxas. A menor, de 6,3% ao mês, foi para 7,3% ao mês, e vale para o financiamento de um a quatro meses.
A maior, de 8,9% ao mês, subiu para 9,9% ao mês, cobrada no crediário de 13 meses a 24 meses. Anualizada, essa taxa de 9,9% significa juros de 210% ao ano.
O grupo informa que subiu os juros para o consumidor porque está pagando mais caro pela captação de dinheiro. O crediário responde por 5,5% das vendas líquidas do grupo, de R$ 4,4 bilhões em 98.
O Banco Panamericano, que administra o crediário em lojas e faz empréstimo pessoal, está cobrando juros mais altos dos consumidores desde o último sábado.
No parcelamento com cheque pré-datado, a taxa subiu de 11,6% ao mês para 13,4% ao mês. No crediário, a taxa subiu de 13,4% para 14,9% ao mês. Anualizada, essa taxa significa juros de 430%.
A financeira Losango, que administra o crediário em 25 mil lojas espalhadas pelo país, deve definir ainda hoje as novas taxas de juros cobradas dos consumidores.
Clóvis Scandiuzzi, diretor-adjunto, diz que o aumento deve ser da ordem de 1 a 1,5 ponto percentual. Assim, as taxas que hoje variam de 6,5% a 8,5% ao mês, sem a incidência do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), devem subir para 8% a 10% ao mês.
Para Scandiuzzi, com o aumento das taxas, é esperada uma queda de 20% a 30% na procura por financiamentos, mas, passadas duas semanas, diz, o consumidor deve voltar a procurar o crediário.
O Bradesco aumentou a taxa cobrada no financiamento de veículos. Ela variava de 2,8% a 4% ao mês. Agora está entre 3,7% a 4% ao mês. O prazo vai de 1 a 24 meses.
Algumas administradoras de cartões de crédito também já estão cobrando mais dos clientes que parcelam o pagamento. A Abecs, associação que reúne as administradoras, informa, por meio da sua assessoria, que os juros cobrados dos consumidores já subiram, em média, de 11% para 14% ao mês.
A Credicard informa que não alterou a sua taxa, que é de 11,7% ao mês, e que não tem previsão para reajustá-la. A empresa também manteve o prazo de financiamento de até 12 meses.
O Unibanco também não mexeu nas suas taxas, mas pode vir a fazê-lo no início da próxima semana, se o custo do dinheiro continuar subindo, segundo Rogério Estevão, diretor. "Ninguém no mercado quer subir os juros, mas se o custo do dinheiro continuar pressionando, como hoje (ontem) não terá jeito", diz. Ele avalia que essa é a situação do mercado como um todo.
O custo do dinheiro é medido pelo CDI (Certificado de Depósito Interbancário). O CDI mede a taxa pela qual os bancos emprestam dinheiro entre si, é a matéria-prima do crédito. No mercado futuro, ontem o CDI indicava taxa para fevereiro na casa dos 40%.
Em situação semelhante estão o Itaú e Banco do Brasil, que ainda não aumentaram suas taxas e estão analisando a situação.



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