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Ford abre negociação sobre demissão
da Reportagem Local
A Ford abriu negociações com o
Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC sobre as 2.800 demissões na
fábrica de São Bernardo, ocorridas
no início deste ano.
A diretoria de recursos humanos
da montadora chamou os sindicalistas para uma reunião hoje, às
11h, para discutir as demissões.
Até ontem, a posição da fábrica
era não readmitir a totalidade dos
funcionários dispensados, a não
ser aqueles com doença profissional caracterizada, que têm estabilidade garantida por lei (seriam cerca de 300 dos 2.800).
A abertura de negociações animou os sindicalistas, mas a ordem
era para não criar expectativas.
"Esperamos que eles venham
com alguma proposta", disse João
Ferreira Passos, o Bagaço, da comissão de fábrica. "O desgaste da
Ford, ao manter as demissões, tem
sido muito grande", acrescentou.
O corte de 2.800 funcionários da
fábrica de São Bernardo (41% do
efetivo), anunciado no final de 98,
provocou protestos diários, organizados pelo sindicato, desde que
os metalúrgicos da montadora voltaram das férias coletivas, dia 5 de
janeiro.
O sindicato organizou ocupações diárias da fábrica pelos funcionários desligados, em uma atitude de não reconhecer as demissões. A Ford, entretanto, não ativou a linha de produção, alegando
razões de segurança.
Na última semana, os demitidos
realizaram uma ceia de Natal simbólica no pátio da Ford e saíram
em passeata por São Bernardo.
Desde segunda-feira passada, todos os 4.000 funcionários restantes
da linha de produção entraram em
licença remunerada, até o final de
janeiro. A fábrica de São Bernardo
ainda não funcionou neste mês.
Ontem, cerca de 2.000 metalúrgicos demitidos da Ford saíram em
carreata até o pátio da Volkswagen, onde encontraram cerca de
6.000 colegas, que haviam paralisado a fábrica por duas horas em
sinal de solidariedade.
A carreata, que juntou cerca de
500 veículos, congestionou a via
Anchieta por aproximadamente
40 minutos.
A intenção original do sindicato
era mobilizar todas as montadoras
da região, o que acabou não sendo
feito. Na próxima semana, está
prevista manifestação semelhante
na Mercedes. O sindicato também
está coletando fundos e alimentos
para os demitidos.
Enquanto isso, metalúrgicos ligados à CUT prometem continuar
as ocupações de concessionárias
da Ford. Em São Paulo, a CUT estadual organiza uma panfletagem.
Os metalúrgicos da CUT também estão organizando manifestações em várias cidades do país.
Em reunião hoje, os secretários
da central discutirão a realização
de uma "caravana pelo emprego",
que culminaria em um ato na capital federal.
(ME)
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