São Paulo, sexta, 22 de janeiro de 1999

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Ford abre negociação sobre demissão

da Reportagem Local

A Ford abriu negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sobre as 2.800 demissões na fábrica de São Bernardo, ocorridas no início deste ano.
A diretoria de recursos humanos da montadora chamou os sindicalistas para uma reunião hoje, às 11h, para discutir as demissões.
Até ontem, a posição da fábrica era não readmitir a totalidade dos funcionários dispensados, a não ser aqueles com doença profissional caracterizada, que têm estabilidade garantida por lei (seriam cerca de 300 dos 2.800).
A abertura de negociações animou os sindicalistas, mas a ordem era para não criar expectativas.
"Esperamos que eles venham com alguma proposta", disse João Ferreira Passos, o Bagaço, da comissão de fábrica. "O desgaste da Ford, ao manter as demissões, tem sido muito grande", acrescentou.
O corte de 2.800 funcionários da fábrica de São Bernardo (41% do efetivo), anunciado no final de 98, provocou protestos diários, organizados pelo sindicato, desde que os metalúrgicos da montadora voltaram das férias coletivas, dia 5 de janeiro.
O sindicato organizou ocupações diárias da fábrica pelos funcionários desligados, em uma atitude de não reconhecer as demissões. A Ford, entretanto, não ativou a linha de produção, alegando razões de segurança.
Na última semana, os demitidos realizaram uma ceia de Natal simbólica no pátio da Ford e saíram em passeata por São Bernardo.
Desde segunda-feira passada, todos os 4.000 funcionários restantes da linha de produção entraram em licença remunerada, até o final de janeiro. A fábrica de São Bernardo ainda não funcionou neste mês.
Ontem, cerca de 2.000 metalúrgicos demitidos da Ford saíram em carreata até o pátio da Volkswagen, onde encontraram cerca de 6.000 colegas, que haviam paralisado a fábrica por duas horas em sinal de solidariedade.
A carreata, que juntou cerca de 500 veículos, congestionou a via Anchieta por aproximadamente 40 minutos.
A intenção original do sindicato era mobilizar todas as montadoras da região, o que acabou não sendo feito. Na próxima semana, está prevista manifestação semelhante na Mercedes. O sindicato também está coletando fundos e alimentos para os demitidos.
Enquanto isso, metalúrgicos ligados à CUT prometem continuar as ocupações de concessionárias da Ford. Em São Paulo, a CUT estadual organiza uma panfletagem.
Os metalúrgicos da CUT também estão organizando manifestações em várias cidades do país.
Em reunião hoje, os secretários da central discutirão a realização de uma "caravana pelo emprego", que culminaria em um ato na capital federal. (ME)



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