São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

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Bradesco diversifica fonte de receita

DA REPORTAGEM LOCAL

Questionado sobre a importância das receitas de serviços para o resultado dos bancos hoje, Márcio Cypriano, presidente do Bradesco é categórico na resposta: "Ela é fundamental".
Em entrevista à Folha, Cypriano afirmou que, no caso do Bradesco, as receitas com serviços cobriam cerca de 35% da folha de pagamentos em 1994. Hoje, são suficientes para pagar entre 95% e 97% dos salários. O objetivo da instituição é que esse percentual, que já chegou a 110% antes da aquisição do BBV e do Mercantil de São Paulo, volte a atingir 100%.
Cypriano explica que, no período de inflação alta, antes de 1994, "as tarifas não eram explícitas".
"As pessoas pagavam as tarifas sem perceber, porque você tinha uma inflação muito grande. Qualquer recurso que ficava em conta corrente, basicamente, já era a remuneração que os bancos tinham pelos serviços", disse.
Com a estabilidade da economia, a partir de 1994, esse ciclo foi encerrado. A alternativa encontrada pelos bancos para a perda dos ganhos com o chamado giro financeiro foi passar a cobrar por seus serviços de fato. Surgiram as tarifas bancárias.
Cypriano, futuro presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), diz que hoje a receita com serviços é a terceira principal origem de resultado para o Bradesco. Perde ainda para os ganhos com empréstimos e para os resultados com títulos e valores mobiliários.
Ele discorda que haja baixa competição no sistema bancário e que isso abra espaço para grandes reajustes de tarifas. "A parte de serviços é muito competitiva. Você tem os concorrentes todos que estão aí atrás de clientes também, de prestar serviços. Não adianta você crescer a tarifa que você vai ficar fora do mercado."
No caso do Bradesco, ele diz que não aconteceram reajustes significativos das tarifas bancárias nos últimos meses. Diz, no entanto, que o banco decidiu passar a cobrar por serviços que, até dezembro passado, eram gratuitos.
Ele diz que, além de tarifas, produtos como planos de previdência e fundos de investimento têm se tornado fonte importante de recursos para o banco.
A expectativa de Cypriano agora é em relação às operações de empréstimo, que cresceram apenas 4% em 2003. "Esperamos que a carteira de crédito cresça 25% neste ano, se o PIB [Produto Interno Bruto] aumentar 3,5%."
De olho em novas aquisições, Cypriano diz que o Bradesco, que acaba de comprar o Banco do Estado do Maranhão, estará atento às próximas privatizações.
"O banco vai continuar comprando. Analisaremos as oportunidades que agreguem interesse ao investidor", afirmou.


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