São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AVIAÇÃO

TAM e Gol disputam espaço nas agências de viagens

Concorrência no setor aéreo chega à tecnologia para reservar bilhetes

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos bastidores da batalha pela ocupação de assentos durante a pior crise da história para o setor de aviação, as companhias aéreas vêm travando uma outra disputa, essa por redução de custos e fidelização do consumidor por meio de investimentos em tecnologia.
Ao longo de 2003, TAM e Gol anunciaram produtos como totens de auto-atendimento para check-in nos aeroportos e pela internet. A Varig aumentou a emissão de bilhetes eletrônicos, e a Vasp lançou o seu "e-ticket".
No mês passado, um novo capítulo dessa disputa teve início. Foi quando a TAM começou a testar, em 12 agências de viagens, um novo software para distribuição de passagens com agentes de viagens. O produto deve possibilitar, segundo a empresa, uma economia anual de US$ 40 milhões.
O novo sistema integra, pela internet, o banco de dados da companhia aérea -incluindo informações sobre passageiros do programa de fidelidade- e os computadores de agentes de turismo, que vendem atualmente cerca de 85% das passagens da empresa.

Alternativo
A economia vem principalmente do fato de o produto conseguir "fugir" do chamado sistema GDS (Global System Distribution), forma de distribuição de passagens utilizada principalmente por companhias aéreas mais antigas.
Com o GDS, o agente de turismo pode ter informações sobre disponibilidade de vôos e tarifas de empresas aéreas em todo o mundo -e assim realiza reservas e compras de passagens.
As grandes empresas aéreas têm parcerias com todas as maiores empresas de GDS, para fazer parte do "cadastro" do maior número de agentes de viagens possível.
Mas a conta fica cara. Cada vez que uma reserva de bilhete de um trecho de vôo é executada por meio de um sistema como esse, a companhia aérea paga, em média, US$ 4 de taxa para a GDS.
O sistema de distribuição da TAM, por ser próprio, deve permitir uma redução significativa desse custo, segundo Gelson Pizzirani, vice-presidente de tecnologia da informação da empresa.
O produto deve ser implementado até junho deste ano em 10 mil agências de viagens por uma empresa que opera um sistema GDS, a multinacional Sabre.
A TAM assinou, no último mês de novembro, um acordo com a Sabre em que a autoriza a comercializar o novo produto com outras empresas do setor. A aérea receberá royalties cada vez que o sistema que criou for utilizado.
No Brasil, a Sabre não poderá operar o sistema com nenhuma empresa aérea, além da TAM.
Com sistemas de bilhetes eletrônicos, as companhias economizam, em média, 40% do gasto com emissão de passagens.
Apenas 10% das cerca de 450 companhias aéreas clientes da Sabre possuem bilhete eletrônico. A TAM, que hoje emite 70% das passagens por "e-ticket", investiu US$ 6 milhões no produto.

Redução de preços
Com o lema "low fare, low cost" (baixo custo, preços baixos), a Gol também lançou, no final de 2003, um produto que utiliza a estrutura de um sistema GDS para distribuir passagens aéreas por meio de um sistema próprio.
A empresa desenvolveu um programa que permite colocar o sistema de reservas da Gol dentro do sistema da GDS Amadeus. Antes, a companhia só fazia parte do "cadastro" da Sabre.
"Realizamos essa parceria com alguns agentes de viagens para aumentar nossa participação entre agências que não têm Sabre e que vendem Gol utilizando apenas a internet. Eles perdem produtividade, porque têm que usar telas diferentes", afirmou o vice-presidente de tecnologia e gestão da Gol, Wilson Maciel Ramos.
A situação da companhia é diferente das outras aéreas em relação a custos porque a empresa, que começou a operar em 2001, já chegou ao mercado com um sistema moderno de distribuição.
A Gol emite 100% de seus bilhetes eletronicamente e comercializa 70% das suas passagens por meio do seu site na internet -tanto para o consumidor final como para o agente de viagem.
(MAELI PRADO)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Investimentos: Brasileiros declaram ter US$ 72 bi no exterior
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.