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BANCOS
Pena de três anos de prisão foi convertida em prestação de serviços pelo juiz
Ex-presidente do Excel é condenado
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O ex-presidente do extinto banco Excel Econômico, Ezequiel Edmond Nasser, foi condenado pela
Justiça Federal da Bahia a três
anos e três meses de prisão por
gestão temerária. Outros dois ex-diretores, Gilberto de Almeida
Nobre, ex-vice-presidente e ex-diretor da agência Excel nas Bahamas, e Darcy Gomes do Nascimento, ex-diretora de Controladoria, também foram condenados, respectivamente, a dois anos
e seis meses e dois anos e oito meses de cadeia, além de pagamento
de multa.
A decisão, tomada pelo juiz Antônio Oswaldo Scarpa, da 17ª Vara Federal, responsabiliza três das
oito pessoas denunciadas pelo
Ministério Público Federal na Bahia pela dilapidação do patrimônio do banco Excel entre julho de
1997 e junho de 1998, o que provocou um prejuízo de US$ 124 milhões e a alienação do controle
acionário da instituição financeira ao Banco Bilbao Vizcaya pela
simbólica quantia de R$ 1. Todos
os condenados podem recorrer
da decisão do juiz ao TRF (Tribunal Regional Federal), em Brasília.
Além da prisão, Nasser também
foi condenado a pagar 40 dias-multa de três salários mínimos,
com valor vigente à época dos fatos. Apesar de ter fixado pena de
reclusão para os ex-dirigentes, o
juiz Antônio Scarpa, na mesma
sentença, substituiu a pena privativa de liberdade dos acusados
por duas penas restritivas de direito (prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas)
e a prestação pecuniária de R$ 250
mil para Nasser e R$ 10 mil para
cada um dos dois ex-dirigentes.
O Ministério Público Federal
não concordou com a decisão do
juiz e, no anteontem, apresentou
recurso de apelação contra a
quantificação das penas e contra a
substituição das reclusões por penas restritivas de direito.
A decisão de acionar na Justiça
os três ex-dirigentes do banco foi
tomada pelo Ministério Público
depois que o Banco Central apresentou um relatório descrevendo
as irregularidades que teriam sido
cometidas por Nasser durante a
sua administração. O juiz Scarpa
acolheu a denúncia e responsabilizou os ex-dirigentes pelo crime
de gestão temerária por realizações de empréstimos sem garantia, lesando a credibilidade e estabilidade do sistema financeiro.
De acordo com a Justiça, o dinheiro foi concedido por meio da
agência do Excel Econômico nas
Bahamas a empresas de caráter
duvidoso com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido "paraíso fiscal", sem que fossem observadas as regras para a segurança das operações financeiras.
Na ação, o Ministério Público
informou que essas empresas
possivelmente tinham existência
meramente formal, além terem
sigilo sobre identidade de sócios e
dirigentes e não terem patrimônio imobiliário. A maior operação
de empréstimo beneficiou a empresa IBC Meco Global. Em 1997,
ela conseguiu levantar US$ 24 milhões da agência do Excel nas Bahamas. Em 1998, os ex-dirigentes
do banco deram por quitada a dívida por US$ 5 milhões.
Após concedidos, os créditos
resultantes dos empréstimos foram lançados sob a rubrica contábil de "Crédito em Liquidação"
(destinada aos ativos de difícil ou
improvável recuperação) antes
mesmo do vencimento.
A Folha não conseguiu localizar
ontem, em São Paulo -cidade
onde residem, de acordo com o
Ministério Público-, os três condenados
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