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LUÍS NASSIF
As celulares e a TV digital
Tenho procurado expor
os argumentos dos principais personagens envolvidos na
novela da TV digital, assim como dos consórcios de tecnologia.
Um personagem relevante são
as empresas de telecomunicações. A Abrafix (que congrega a
telefonia fixa, talvez o parceiro
mais forte desse jogo) não produziu até agora um documento
sequer e diz não ter posição sobre o tema. Já a Acel (que congrega as celulares) montou um
trabalho defendendo sua posição no jogo.
Em suma, ela divide a TV digital em dois tipos: a terrestre e a
portátil. A primeira é recebida
em aparelhos televisores convencionais ou de alta definição
de imagem, distribuídos por
meio de uma rede montada pelas emissoras. Os serviços são
abertos e gratuitos. Já a TV digital portátil é recebida em terminais portáteis (entre os quais se
inclui o celular), requer uma rede de TV digital portátil, com
maior número de antenas difusoras.
O decreto nš 4.901, de 2003,
que instituiu o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTV),
trata apenas da TV terrestre.
Mas a definição do padrão tem
de levar em conta a portátil.
Os radiodifusores querem a
possibilidade de distribuir seu
conteúdo gratuito sem pagar
pedágio para as empresas de celulares. A proposta da Acel é a
de um modelo híbrido. Por ele,
os radiodifusores poderiam
transmitir toda a sua programação gratuita sem pagar nada. E seria montada uma operação integrada para exploração e
compartilhamento dos programas sob demanda.
As companhias celulares teriam a acrescentar o seguinte:
1) adaptação do conteúdo à
recepção portátil, o que exige
uma rede de antenas que só eles
têm e um investimento que eles
são capazes de bancar;
2) disseminação de terminais
capazes de receber conteúdo
multimídia;
3) sistema de cobrança dos
serviços sob demanda;
4) sistema de atendimento ao
cliente.
Para conseguir ampliar a oferta de terminais com funcionalidades avançadas, a Acel fala na
necessidade de um modelo de
operação que viabilize subsídios
privados e equipamentos com
escala mundial.
Sem as celulares, diz a Acel,
aumentaria sensivelmente a necessidade de investimentos em
rede, sistemas de bilhetagem e
faturamento e estrutura de
atendimento a clientes; não haveria estímulo à popularização
do serviço de TV digital portátil,
pela não-comercialização, pelas
operadoras, do terminal portátil; dificultaria o surgimento de
novos serviços convergentes de
conteúdo multimídia.
Nesse modelo cooperativo, haveria espaço não apenas para a
venda de conteúdo da TV aberta (devidamente adaptado para
o novo meio) como de produtores independentes.
A partir daí, comparam-se os
dois modelos, o padrão europeu
DVB-H e o japonês ISDB-T. Segundo a Acel, o europeu é o único que não restringe tecnicamente a prestação de serviço da
telefonia móvel aos atuais radiodifusores. Seria o único com
soluções testadas de controle de
acesso a conteúdo pago sob demanda. Seria o mais barato, pela adoção mundial do padrão e
pela escala e seria o que apresenta maior autonomia de bateria. No fundo, a maior ressalva
ao padrão japonês é que ele
obriga que a transmissão tanto
para terminais terrestres como
para portáteis seja feita pelo
mesmo operador.
As posições dos diversos atores, assim como os principais relatórios sobre o tema estão no site www.projetobr.com.br.
E-mail: Luisnassif@uol.com.br
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