São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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GADO DOENTE

Governador diz que doença "está na cabeça" do ministério, que confirmou novos focos no Estado anteontem

Requião nega que haja aftosa no Paraná

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), voltou ontem a negar a existência de focos de aftosa no Paraná. Durante a reunião com secretários que faz todas as terças-feiras, Requião disse que "o Paraná não tem aftosa" e que a doença "está na cabeça" do Ministério da Agricultura.
"Nós [Paraná] recebemos 229 animais de Mato Grosso do Sul. E São Paulo, com uma divisa maior com aquele Estado, deve ter recebido pelo menos dez vezes mais animais. Mas não vi nenhuma pesquisa sobre aftosa em São Paulo ou alguma declaração de zona potencial de aftosa", disse.
A polêmica sobre a existência de aftosa no Paraná se arrasta desde outubro do ano passado, quando 229 animais oriundos de Eldorado (MS) foram leiloados em Londrina. Naquela mesma época, o Ministério da Agricultura havia notificado focos de aftosa na cidade sul-mato-grossense.
"O Paraná não tem aftosa. Ela está na cabeça dos responsáveis pelo Ministério da Agricultura", disse Requião. "Vez por outra converso com o Lula, mas a impermeabilidade [por parte do governo federal] às razões do Paraná, não só neste caso, é absoluta", disse o governador.
O governo do Paraná tem mantido uma posição dúbia sobre a existência de focos de aftosa no Estado. Ao mesmo tempo em que oficialmente nega a doença e trava uma batalha técnica com o Ministério da Agricultura, força, informalmente, o abate dos animais. A pressa em sacrificar os animais se dá por pressão do setor exportador, interessado em recolocar o Paraná no mercado internacional. Após o sacrifício dos animais, o Paraná poderá voltar ao mercado em seis meses.
Mas a pressa esbarra na resistência dos produtores. André Müller Carioba, proprietário da fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira (PR), conseguiu na Justiça Federal a confirmação de que o sacrifício de 1.795 animais seus só poderá ocorrer após ele ter uma indenização -antecipada- de R$ 1,28 milhão.
Hoje, se reúnem em Maringá proprietários de seis outras fazendas com focos de aftosa anunciados pelo ministério. Não estava descartada ontem a possibilidade de buscarem a via jurídica contra o abate.


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