São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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Turistas têm gasto recorde no Brasil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL


As despesas de turistas estrangeiros em visita ao Brasil voltaram a bater recorde no começo deste ano. Em janeiro, de acordo com dados do BC (Banco Central), esses viajantes deixaram US$ 402 milhões no país, maior valor já registrado pela série estatística do BC, iniciada em 1947. Os gastos dos estrangeiros superaram as despesas de turistas brasileiros em viagem para o exterior.
Nesse caso, os viajantes brasileiros foram responsáveis por despesas de US$ 397 milhões em outros países, o que gerou um saldo positivo de US$ 5 milhões para o Brasil. Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, os gastos dos estrangeiros que visitam o país surpreendem, devido ao câmbio desfavorável para os visitantes -com o real mais forte, as viagens para o Brasil acabam ficando mais caras. Ele credita esse movimento aos investimentos que têm sido feitos para melhorar a infra-estrutura turística, principalmente na região Nordeste.
Os números de janeiro foram comemorados pelo ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, que, por meio de nota, afirmou que o setor deverá atrair US$ 6,3 bilhões para o país neste ano. Se confirmada a estimativa, os gastos dos turistas estrangeiros em 2006 serão 63% maiores do que os registrados em 2005.
Em relação aos turistas brasileiros no exterior, Lopes diz que os números observados nos últimos meses estão de acordo com um cenário de queda do dólar e recuperação da renda da população. Na comparação com janeiro de 2005, os gastos dos brasileiros com viagens internacionais cresceram 34% no mês passado.

Turismo de negócios
A queda do dólar no ano passado acabou sendo desfavorável para pelo menos um dos setores do turismo nacional: o de negócios. De acordo com estimativa do Favecc (Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais), a receita das agências especializadas em viagens corporativas em 2005 deve ser a mesma do que a do ano retrasado, apesar de a emissão de bilhetes aéreos ter aumentado 35%.
Os dados oficiais do faturamento do setor, que foi de R$ 3,3 bilhões em 2004, serão apresentados em março. "Todo o segmento do turismo é dolarizado. Ganhamos em dólar, mas o fechamento das contas é em moeda brasileira", afirmou Mauro Schwartzmann, vice-presidente do Favecc, entidade que possui 27 agências associadas. "Na média, vamos ter a mesma receita apresentada em 2004, apesar da alta na emissão de bilhetes", completou.
Segundo ele, o aumento da emissão de bilhetes ocorreu principalmente no primeiro semestre de 2005. "Tivemos que aumentar nosso custo operacional, devido ao crescimento dos nossos negócios, e com a conversão para o real o aumento de lucro que poderíamos ter foi embora." O setor, diz, está preocupado com a possibilidade de as empresas exportadoras começarem a cancelar viagens por conta da queda do dólar.
"Existem sintomas de redução das viagens corporativas. As empresas estão revendo suas estratégias. Elas ainda mantêm alguns níveis de exportação porque os contratos estão firmados."
Depois dos prejuízos causados pelo 11 de Setembro, o turismo de negócios começou a se recuperar somente em 2003, salientando que a melhora se intensificou em 2004. "Mas hoje, como o dólar está em patamar muito baixo, percebemos que as companhias que têm foco na exportação estão revendo seus planos".


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