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Crédito a pequenas empresas cresce 25%
Com grandes recorrendo ao mercado de capitais, empresas pequenas e médias já têm 50% dos empréstimos de bancos
Instituições financeiras
cobram taxas mais altas a
empresas menores e
prevêem que expansão do
crédito prossiga neste ano
MARCELO BILLI
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pequenas e médias empresas
abocanharam metade do crédito destinado às pessoas jurídicas pelos grandes bancos privados brasileiros em 2006. Bradesco, Itaú, ABN Amro e Unibanco emprestaram R$ 74,8 bilhões às pequenas e médias empresas brasileiras, volume 25%
superior ao de 2005.
Apenas os quatro bancos responderam por 58% do crédito
total destinado às empresas. O
Santander, outro dos grandes
bancos que já divulgou o balanço final de 2006, não publicou
os dados de acordo com o porte
dos tomadores de empréstimos.
As operações de empréstimo
cresceram de forma generalizada no país no ano passado. Mas
os dados divulgados até agora
demonstram que o crescimento, no caso de pessoas jurídicas,
é mais acentuado no segmento
de pequenas e médias em todos
os quatro bancos.
O maior dinamismo da concessão de crédito para empresas menores fez com que elas
fechassem o ano praticamente
empatadas com as grandes em
participação no total da carteira: elas ficaram com 49,7% do
total de empréstimos, contra
50,3% das grandes empresas.
Clientes interessantes
Para Marcel Artoni de Marco, analista financeiro do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração), as
empresas pequenas são clientes que interessam aos bancos.
"As grandes empresas oferecem uma série de informações
-com muitas tendo capital
aberto e sendo avaliadas por
agências de "rating'-, que, muitas vezes, as pequenas não podem oferecer. Assim, é normal
que as taxas cobradas das pequenas sejam maiores, fazendo
delas clientes bastante interessantes", diz o analista.
"Os bancos sempre estarão
atentos aos segmentos em que
há melhores oportunidades de
retornos", afirma Marco.
No caso dos quatro bancos
cujos balanços já foram divulgados e analisados pela Folha,
há comportamentos muito distintos. Mais de 80% da carteira
de empréstimos para pessoas
jurídicas do ABN Amro, por
exemplo, ficam com pequenas
e médias empresas. No caso do
Bradesco, elas ficam com pouco mais da metade do volume
(51%). Já o Unibanco foi a instituição na qual pequenas e
médias abocanharam a menor
fatia, cerca de 30,5%.
Mas, ainda que haja diferenças, a participação de empresas
menores na carteira de crédito
aumentou em todas as instituições em 2006 quando os resultados são comparados com
2005. O ganho ocorreu à custa
do volume destinado às grandes empresas, que cresceu
mais devagar e, no caso do ABN
Amro, chegou a cair 4,5%.
Diversificação
As grandes empresas redescobriram o mercado de capitais
(leia texto ao lado), em que podem levantar recursos com menor custo por meio de ações,
debêntures e outros títulos. Assim, a redução relativa dos empréstimos para esse segmento
na carteira dos grandes bancos
não significa que elas reduziram operações, apenas que estão trocando de modalidade de
financiamento.
"Muitas empresas maiores
têm reduzido a busca por crédito bancário em razão da ida para o mercado de capitais", avalia Alex Agostini, economista
da consultoria Austin Rating.
A redução da taxa de juros é o
grande motor para o desempenho do crédito. Por um lado, ela
barateia o crédito para o tomador. Por outro, à medida que os
títulos públicos tornam-se menos rentáveis, os juros em queda levam as instituições financeiras a recorrer mais à concessão de crédito e menos às operações com títulos.
As previsões para 2007 são as
de que o crédito para empresas
e pessoas físicas continue em
alta. O total de crédito concedido pelo sistema financeiro nacional atingiu a marca de 34,3%
do PIB (Produto Interno Bruto). Cifra alta para o Brasil, mas
bem reduzida se comparada à
de países emergentes como o
Chile, onde o crédito representa mais de 60% do PIB. No G7,
clube dos sete países mais ricos
do mundo, o volume de crédito
em relação ao PIB fica, em média, em torno de 120%.
"Estamos estimando um
crescimento para o segmento
de micro, pequenas e médias
empresas de 18,5% para o ano
de 2007", diz Silvio de Carvalho, diretor-executivo de Controladoria do banco Itaú.
O aumento do crédito e a mudança que ele traz nas carteiras
das instituições fazem com que
elas atuem com cautela. No ano
passado, por exemplo, a inadimplência subiu, o que obrigou os bancos a aumentarem
suas provisões para devedores
duvidosos.
Mais pequenas e médias empresas, bem como um número
maior de pessoas físicas com
rendas menores na carteira de
crédito, afetam a qualidade das
carteiras e exigem um esforço
maior de avaliação de crédito
das instituições.
Bradesco, Itaú, ABN e Unibanco, sem exceção, chamaram
a atenção para a alta da inadimplência quando divulgaram
seus resultados nas últimas
duas semanas, mas todos avaliam que ela está sob controle e
cedendo desde o final do ano
passado.
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