|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Infraestrutura vai investir R$ 274 bi até 2013, diz BNDES
Cifra é 37% maior do que a do período entre 2005 e 2008, que antecedeu a crise
Segundo autor do estudo,
investimento produtivo é
mais resiliente por ser de
longo prazo; banco não sabe
qual será sua parte no total
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Os investimentos em infraestrutura previstos para o
país entre 2010 e 2013 superarão os realizados nos quatro
anos anteriores à crise (2005-2008), prevê o BNDES. Os projetos para energia elétrica, portos, telefonia, estradas e ferrovias chegarão a R$ 274 bilhões
-37,3% a mais que os R$ 199
bilhões investidos entre 2005 e
2008. Esse valor equivale a
14,7% do Orçamento federal
estimado para este ano, de R$
1,86 trilhão.
Entre as locomotivas do pacote, estão as hidrelétricas de
Santo Antônio e Jirau, cujas
obras já foram iniciadas, e a de
Belo Monte, que vai a leilão para concessão neste ano.
Também entraram na conta
obras de saneamento, portos,
ferrovias (como o trem-bala,
que ligará Rio e São Paulo, com
custo estimado em R$ 34,6 bilhões em dez anos) e investimentos para ampliação da estrutura de telecomunicações,
englobando acesso a banda larga e TV digital.
Muitos dos projetos estarão
encampados pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como alguns de portos,
energia e saneamento. O banco
não soube informar quantos
são nem o valor de tais projetos.
O levantamento considera
investimentos públicos e privados. Foram computados projetos ainda não lançados, mas
que o banco, por sua proximidade com investidores e participação na economia, consegue
identificar.
Competitividade
Para Fernando Puga, chefe
do departamento de acompanhamento econômico do
BNDES e um dos responsáveis
pelo levantamento, o crescimento do investimento em infraestrutura é importante e
bem-vindo.
"Esse investimento traz
maior competitividade ao sistema e impulsiona outros projetos no país, em outras áreas."
Segundo o banco de fomento,
não foi possível mapear quanto
desses R$ 274 bilhões sairá de
seu cofre. "Quem determinará
isso serão os investidores. O
BNDES vai atender à medida
que os pedidos chegarem." O
banco diz não saber, por exemplo, quanto será demandado no
projeto de Belo Monte. A iniciativa privada calcula em R$
30 bilhões o valor da usina, enquanto o governo federal estima o projeto entre R$ 17 bilhões e R$ 20 bilhões.
O BNDES disse que não tem
os dados referentes a 2009 e,
por isso, não pôde avaliar o impacto dos piores momentos da
crise nas decisões de investimento na infraestrutura. Mas
não o considera relevante.
"Os investimentos em infraestrutura são mais resilientes à crise, e percebemos que
foram mantidos, de forma geral, porque são de longo prazo."
Além disso, trata-se de decisões baseadas em contratos firmados com o governo -como
no caso do setor elétrico e nas
concessões de rodovias e saneamentos-, segundo Puga, e
por isso não podem ser postergadas nem suspensas.
No caso da telefonia, a dura
concorrência impede que os investidores deem passos para
trás, sob pena de ficarem tecnologicamente ultrapassados.
Embora considere os investimentos em infraestrutura resistentes à crise, o banco diz
que eles não estão livres de riscos, diz o banco. Nos portos e
nas rodovias, os projetos estão
condicionados à confiança dos
investidores nas regras de concessão pública. O governo prepara um novo marco regulatório para os portos.
Já nas ferrovias e no saneamento, segundo o BNDES, o fator crítico é a dependência do
orçamento fiscal. Na energia
elétrica, o risco é o ritmo de
concessão de licenças ambientais, problema que trouxe atraso às três grandes hidrelétricas
que entrarão em funcionamento nos próximos anos.
Apesar dos riscos reconhecidos, os responsáveis pelo estudo dizem acreditar que o nível
de investimentos deverá crescer além do previsto. "A metodologia é conservadora. Trata-se de retrato do fim de 2009, e
devem entrar novos projetos.
Em 2006, por exemplo, previmos crescimento de 11% e foram ainda maiores", diz Puga.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Setor elétrico supera o de telefonia Índice
|