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Governo prepara MP para o mínimo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo já preparou uma
medida provisória para substituir
o projeto de lei que reajusta de R$
300 para R$ 350 o salário mínimo
e que está em tramitação no Legislativo. Como a proposta ainda
não foi avaliada pela Casa, o governo quer, com a edição da MP,
assegurar a vigência do novo piso
salarial a partir de 1º de abril.
"Nosso prazo está terminando.
Não vai dar tempo [de aprovar o
projeto]. No dia 29, mais tardar
dia 30, vamos apresentar uma
MP. Será um constrangimento
político para o Congresso. Tá faltando o pessoal trabalhar mais.
Eles perdem muito tempo com
assuntos, como a CPI dos Bingos,
que não acrescentam valor para a
sociedade brasileira", disse Luiz
Marinho, ministro do Trabalho.
No final da tarde, quase oito horas depois da crítica do ministro, a
Câmara aprovou pedido de urgência para análise do projeto que
reajusta o salário mínimo. Aprovado na Câmara, o texto seguirá
para votação no Senado.
Antes da aprovação da urgência, o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), afirmou que o projeto deverá
ser votado hoje. "Para que a Câmara tenha meios e energia para
cuidar de uma pauta importante
no primeiro semestre, é preciso
votar primeiro os processos de
perda de mandato", disse ele.
No início de fevereiro, o governo encaminhou ao Congresso o
projeto de lei que reajusta o salário mínimo a partir de 1º de abril.
Embora a previsão inicial fosse a
edição de uma MP com o aumento, o Executivo acabou enviando
um projeto de lei a pedido dos
próprios deputados e senadores.
"Eu procurei deixar claro que
seria necessário aprovar a tempo.
Caso isso não ocorresse, retiraríamos o projeto e apresentaríamos
uma MP. O Congresso garantiu
que daria tempo de aprovar", relatou o ministro, que integrou o
grupo de ministros que entregou
a proposta aos congressistas.
Diferentemente de outras situações, o governo, no entanto, não
apresentou o projeto do mínimo
com pedido de votação em regime de urgência. Na época, a avaliação é que havia acordo para
aprovar o assunto rapidamente.
O reajuste para R$ 350 representará um aumento real de 13%
para o mínimo. O novo valor e a
antecipação da data de correção
em um mês foram negociados entre governo e as centrais sindicais.
O pacote incluiu o reajuste da tabela do Imposto de Renda em 8%
a partir de fevereiro.
"Falta de vontade política"
"O ministro tem razão", disse o
deputado Tarcísio Zimmermann
(PT-RS), relator do projeto que
eleva o mínimo. "O governo enviou o projeto ao Congresso com
antecedência, mas não teve possibilidade ou vontade política de
colocá-lo como prioridade."
O texto, que precisa passar pelo
Senado, está na Câmara desde 8
de fevereiro, mas nem sequer foi
votado pela Comissão do Trabalho. A alternativa mais rápida é levar a votação diretamente ao plenário, mas, para isso, é necessário
acordo dos líderes partidários que
dê urgência à tramitação.
O líder do PFL, Rodrigo Maia
(RJ), que defendeu a elevação do
mínimo para R$ 400, atacou Marinho. "Esse ministro não tem
moral para criticar ninguém.
Quando era presidente da CUT,
queria um mínimo muito maior
que esse."
(JULIANNA SOFIA, GUSTAVO PATU E CYNTHIA GARDA)
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