São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

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TRABALHO

Em fevereiro, foram criadas 176,6 mil vagas, maior número para o mês desde 1992, mas governo não vê tendência

Emprego formal cresce mais que o esperado

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em um movimento surpreendente, o mercado de trabalho formal apresentou forte expansão em fevereiro e bateu recorde para o mês na geração de vagas. O governo avalia os dados com cautela e não acredita que o resultado seja indicativo de uma tendência para os próximos meses.
O Ministério do Trabalho mantém a expectativa de que 2006 seja um ano melhor do que 2005 na criação de postos com carteira assinada e fique perto do resultado alcançado em 2004.
Naquele ano, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) -termômetro do emprego formal no país- apresentou seu melhor desempenho da história. Foi gerado 1,523 milhão de vagas.
O saldo de empregos formais (líquidos) no mês passado somou 176.632 vagas, o que representa aumento de 0,68% em relação a janeiro. O número de postos criados é o maior registrado nos meses de fevereiro desde 1992, quando o Caged foi criado.
O bom desempenho do mês puxou para cima o resultado do primeiro bimestre, que também foi recorde para o período (263.248 postos criados).

Boa surpresa
"O resultado foi surpreendente. Não esperávamos números tão bons para fevereiro. Não dá para dizer que é uma tendência, ainda é cedo. Mantenho minha análise de que 2006 ficará entre 2004 e 2005", afirmou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
O ministério vinha esperando reação mais expressiva na geração de empregos formais a partir de abril. Isso porque geralmente o primeiro trimestre do ano é fraco em contratações. A análise técnica do ministério revela que os fatores que impulsionaram a criação de postos de trabalho em fevereiro foram o aquecimento das atividades ligadas ao turismo por conta do Carnaval; o início do ciclo escolar; e a antecipação da safra da cana-de-açúcar no centro-sul do país.
Marinho explica que também influenciou no resultado o fato de fevereiro ser um mês mais curto e as demissões após as contratações para o Carnaval podem ter ficado para este mês. Para março, adianta o ministro, a curva do emprego deverá cair um pouco, pois esse é o comportamento típico desta época do ano.

Juro menor ajuda
Devido ao "efeito Carnaval" e ao início do ciclo escolar, o setor de serviços foi o que obteve, em fevereiro, o maior saldo líquido de contratações: 77.966 vagas. Em segundo lugar vem a agropecuária, com 24.360 postos gerados. Ambos os setores bateram recorde para os meses de fevereiro.
Na indústria de transformação -que ocupa a terceira posição (23.558 postos)-, o resultado foi o segundo melhor para fevereiro, ficando atrás apenas do segundo mês de 2004 (38.086 vagas).
"O efeito Selic já começa a mostrar resultado. No ano passado, passei o segundo semestre inteiro reclamando dos juros", afirmou o ministro, ao analisar a geração de empregos na indústria.
Desde setembro do ano passado a Selic caiu 3,25 pontos percentuais, passando de 19,75% para 16,5% ao ano. Os analistas estimam que haverá um novo corte de 0,75 ponto percentual (para 15,75% ao ano) na próxima reunião do Copom.
Marinho disse ainda que a recuperação do setor industrial já reflete uma tendência para o ano. Em 2005, o emprego industrial sofreu duramente com a política de juros altos adotada pelo Banco Central e a valorização do real em relação ao dólar.
Os dados da geração de empregos na construção civil em fevereiro, segundo o ministro, também apontam uma tendência para o ano. No mês passado, o setor da construção civil gerou 14.993 postos de trabalho no país, também um recorde para o mês.


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