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TRABALHO
Em fevereiro, foram criadas 176,6 mil vagas, maior número para o mês desde 1992, mas governo não vê tendência
Emprego formal cresce mais que o esperado
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em um movimento surpreendente, o mercado de trabalho formal apresentou forte expansão
em fevereiro e bateu recorde para
o mês na geração de vagas. O governo avalia os dados com cautela
e não acredita que o resultado seja
indicativo de uma tendência para
os próximos meses.
O Ministério do Trabalho mantém a expectativa de que 2006 seja
um ano melhor do que 2005 na
criação de postos com carteira assinada e fique perto do resultado
alcançado em 2004.
Naquele ano, o Caged (Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados) -termômetro do emprego formal no país- apresentou seu melhor desempenho da
história. Foi gerado 1,523 milhão
de vagas.
O saldo de empregos formais
(líquidos) no mês passado somou
176.632 vagas, o que representa
aumento de 0,68% em relação a
janeiro. O número de postos criados é o maior registrado nos meses de fevereiro desde 1992, quando o Caged foi criado.
O bom desempenho do mês puxou para cima o resultado do primeiro bimestre, que também foi
recorde para o período (263.248
postos criados).
Boa surpresa
"O resultado foi surpreendente.
Não esperávamos números tão
bons para fevereiro. Não dá para
dizer que é uma tendência, ainda
é cedo. Mantenho minha análise
de que 2006 ficará entre 2004 e
2005", afirmou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
O ministério vinha esperando
reação mais expressiva na geração de empregos formais a partir
de abril. Isso porque geralmente o
primeiro trimestre do ano é fraco
em contratações. A análise técnica do ministério revela que os fatores que impulsionaram a criação de postos de trabalho em fevereiro foram o aquecimento das
atividades ligadas ao turismo por
conta do Carnaval; o início do ciclo escolar; e a antecipação da safra da cana-de-açúcar no centro-sul do país.
Marinho explica que também
influenciou no resultado o fato de
fevereiro ser um mês mais curto e
as demissões após as contratações
para o Carnaval podem ter ficado
para este mês. Para março, adianta o ministro, a curva do emprego
deverá cair um pouco, pois esse é
o comportamento típico desta
época do ano.
Juro menor ajuda
Devido ao "efeito Carnaval" e ao
início do ciclo escolar, o setor de
serviços foi o que obteve, em fevereiro, o maior saldo líquido de
contratações: 77.966 vagas. Em
segundo lugar vem a agropecuária, com 24.360 postos gerados.
Ambos os setores bateram recorde para os meses de fevereiro.
Na indústria de transformação
-que ocupa a terceira posição
(23.558 postos)-, o resultado foi
o segundo melhor para fevereiro,
ficando atrás apenas do segundo
mês de 2004 (38.086 vagas).
"O efeito Selic já começa a mostrar resultado. No ano passado,
passei o segundo semestre inteiro
reclamando dos juros", afirmou o
ministro, ao analisar a geração de
empregos na indústria.
Desde setembro do ano passado
a Selic caiu 3,25 pontos percentuais, passando de 19,75% para
16,5% ao ano. Os analistas estimam que haverá um novo corte
de 0,75 ponto percentual (para
15,75% ao ano) na próxima reunião do Copom.
Marinho disse ainda que a recuperação do setor industrial já reflete uma tendência para o ano.
Em 2005, o emprego industrial
sofreu duramente com a política
de juros altos adotada pelo Banco
Central e a valorização do real em
relação ao dólar.
Os dados da geração de empregos na construção civil em fevereiro, segundo o ministro, também apontam uma tendência para o ano. No mês passado, o setor
da construção civil gerou 14.993
postos de trabalho no país, também um recorde para o mês.
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