São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VAREJO

Alta em janeiro chega a 2,35%, melhor marca para o mês desde 2001; crédito puxa movimento e chega a bens não-duráveis

Comércio vende mais pelo 4º mês seguido

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

As vendas do comércio varejista cresceram em janeiro, quarto mês seguido de alta, impulsionadas pelo crédito e pela recuperação do rendimento. O crescimento, em volume, foi de 2,35% na comparação livre de influências sazonais com dezembro, disse o IBGE.
Já em relação a janeiro de 2005, as vendas subiram 6,54%. Trata-se da melhor marca para um mês de janeiro desde 2001, desde quando é possível fazer a comparação anual a partir dos dados da PMC (Pesquisa Mensal do Comércio). O comércio cresceu 4,84% em 2005 e 9,25% em 2004.
Mais uma vez, o crédito foi o principal propulsor do crescimento das vendas do varejo, segundo o IBGE. As vendas a prazo alavancaram de novo o setor de móveis e eletrodomésticos -alta de 1,68% de dezembro a janeiro.
Mas a novidade do início deste ano é que o crédito agora já impulsiona também as vendas dos supermercados, segundo o IBGE. O ramo de híper e supermercados e demais lojas de alimentos teve alta de 5,97% ante dezembro.
"Há uma tendência de aumento do crédito nesse setor, o que explica o bom desempenho de janeiro", disse Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. Muitas redes passaram também a parcelar compras de produtos não-duráveis (alimentos e bebidas), o que não faziam antes, disse Pereira.
Queda da inflação e recuperação da renda também explicam a melhora do setor de supermercados, o de maior peso no varejo.
Pereira avalia, porém, que a expansão do crédito, que ainda não dá sinais de arrefecimento, é o principal impacto positivo. Tal cenário, diz, assegura vendas num ritmo mais acelerado.
Para a Fecomércio-SP, a explicação para o incremento das vendas é outra: o aumento da renda, que faz crescer as compras de não-duráveis. Houve, segundo o economista da entidade Altamiro Carvalho, um deslocamento no consumo das famílias, que passaram a comprar mais alimentos e bebidas e reduziram gastos com móveis e eletrodomésticos.
Em 2004 e 2005, os bens duráveis, embalados pelo crédito, lideram o crescimento do varejo, diz Carvalho. Até que a demanda reprimida por esses bens fosse atendida. A partir de então, afirma, o consumo se deslocou para artigos vendidos nos supermercados.
"A nossa leitura é diferente [da do IBGE]. É inequívoco que o crédito é um dos elementos principais para expansão das vendas do varejo, mas, no caso dos supermercados, o que houve foi um deslocamento de vendas. Antes, havia um ciclo nítido de crescimento forte de bens duráveis. Agora, o que se vê é um crescimento dos não-duráveis", disse. Por trás desse crescimento está o avanço da renda.
Para 2006, a Fecomércio prevê um crescimento de 4% nas vendas do comércio. O entrave para uma expansão maior, diz Carvalho, são os juros elevados e o endividamento das famílias e suas despesas com o pagamento de juros bancários.

Combustíveis
Na contramão do resto do varejo, porém, as vendas dos postos de combustíveis caíram 2,33% de dezembro para janeiro em razão do aumento de preço do álcool, que também fez subir o preço da gasolina.
Já o ramo de tecidos e vestuário desacelerou -alta 0,32% em janeiro ante 2,47% em dezembro- , passado o período de pico das vendas de final de ano.


Texto Anterior: Preço: Novo índice de telefonia sobe mais que IGP
Próximo Texto: Supermercados esperam resultado melhor na Páscoa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.