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ECONOMIA GLOBAL
Mercado interpreta que alta do juro deve continuar, e Bolsas caem; estilo da exposição do presidente do Fed é criticado
Investidor reage mal a discurso de Bernanke
TONY TASSELL
DO "FINANCIAL TIMES"
O otimismo que prevalecia entre os investidores na semana passada quanto à possibilidade de
que o Fed (Federal Reserve, o
banco central dos Estados Unidos) estivesse se aproximando do
final de seu atual ciclo de aperto
monetário foi atenuado depois do
discurso de Ben Bernanke, o presidente da instituição, ontem, no
Clube Econômico de Nova York.
A posição de Bernanke quanto
às perspectivas econômicas para
os Estados Unidos foi interpretada como positiva, mas ele deu
poucos sinais de que o banco central planeja encerrar em breve seu
ciclo de aumento nos juros.
Ele disse que não interpretava a
redução na diferença entre as taxas de juros de curto e de longo
prazo como "indicador de uma
aceleração econômica significativa que estaria por vir", ao mencionar que ela talvez reflita a confiança dos investidores na economia.
A visão mais otimista quanto às
perspectivas da política monetária recebeu certo reforço com a
notícia de alta no "núcleo" do índice de preços de atacado dos
EUA em fevereiro. Os preços ao
produtor excluindo alimentos e
energia subiram 0,3%, acima do
0,1% previsto por economistas.
Em reação, o euro caiu 0,6% ante o dólar em Nova York, enquanto os títulos do Tesouro norte-americano recuaram. O rendimento sobre o papel com vencimento em dez anos subiu em 5,9
pontos básicos, para 4,721%.
Já as Bolsas americanas registraram queda, já que a maioria do
mercado espera novas alta no juro. O principal índice da Bolsa de
Nova York, o Dow Jones, caiu
0,35%. O Nasdaq, 0,86%.
Sem clareza
Talvez tão significativo quanto o
conteúdo do discurso de Bernanke foi seu estilo. Tony Crescenzi,
vice-presidente de estratégia da
Miller Tabak, disse que Bernanke
adotou estilo diferente do de seu
predecessor, Alan Greenspan, e
que isso talvez não resulte na clareza que o mercado esperava do
novo presidente do Fed.
Crescenzi disse que, ao começar
o discurso, Bernanke fez uma ressalva que jamais seria ouvida em
discurso de Greenspan: "As opiniões que expresso são pessoais e
não são necessariamente as mesmas de meus colegas no Comitê
de Mercado Aberto [do Fed, que
define a política monetária]".
"Ao fazer a ressalva, Bernanke
deixou claro que ele seria um presidente que procuraria promover
o debate aberto e que o consenso
do comitê seria formado como resultado disso. Isso representa
grande mudança ante o período
de Greenspan, durante o qual o
presidente expunha sua opinião e
tentava formar consenso a partir
dela", disse Crescenzi.
As diferenças podem resultar
em menos transparência na gestão Bernanke, porque o mercado
teriam de interpretar de que maneira o debate poderia terminar.
Tradução de Paulo Migliacci
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