São Paulo, sábado, 22 de março de 2008

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Proposta de Mantega deve ser inócua, dizem economistas

Pouco eficiente e inócua do ponto de vista prático. É assim que economistas definiram a iniciativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que se reunirá na próxima semana com instituições financeiras para tentar reduzir prazos de financiamento a pessoas físicas. O objetivo é segurar o crescimento da economia e reduzir pressões inflacionárias.
"A história econômica demonstrou, nos últimos quatro séculos, que, para modelar o comportamento dos agentes econômicos, não adianta conversar", diz Roberto Padovani, estrategista de investimentos do banco WestLB. "Eles só reagem diante de incentivos, e há instrumentos de política monetária para conseguir esse tipo de resposta."
Ana Carla Abrão Costa, economista-chefe da consultoria Tendências, também diz que o encontro não terá efeito do ponto de vista prático. Isso porque, com o aumento dos índices de renda, emprego e adimplência, os bancos devem continuar emprestando.
Além disso, segundo ela, se o objetivo do governo for, ao segurar a economia, tentar reverter a perspectiva de aumento da taxa básica de juros, também não haverá efeito. "Para o Banco Central, não fará a menor diferença se os bancos vão ou não diminuir o tempo de financiamento", diz ela. "Se o BC achar que há pressões inflacionárias, irá aumentar os juros."
Segundo Costa, o lado positivo da medida é que a Fazenda não baixou uma resolução para reduzir prazos de financiamentos. Padovani, no entanto, acredita que a atitude represente retrocesso e piora a avaliação do risco econômico do país.
"Se alguém encostar um revólver na minha cabeça e me obrigar a optar entre aumentar a Selic ou limitar o crédito, prefiro a segunda opção", diz Júlio Gomes de Almeida, consultor do Iedi. "Das alternativas, é a menos ruim, porque não pune toda a sociedade, mas é desnecessária."
Isso porque, para Almeida, caso seja bem-sucedido e reduza o consumo ao restringir o crédito, o governo poderá expor outras deficiências da economia, como o real valorizado.
"Até agora, o mercado interno absorveu a produção da indústria que antes era voltada à exportação, mas isso pode mudar", diz Almeida. "Não vejo nenhuma razão para mexer em crédito, até porque a crise internacional pode chegar ao país e frear o crescimento."

PALMARES
A Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares, que acaba de graduar a primeira turma formada por maioria de negros autodeclarados, vai expandir cursos e vagas. Neste ano, a Unipalmares quer abrir quatro novos cursos, segundo José Vicente, reitor da universidade e presidente da Afrobrás, ONG criadora da escola. "Queremos saltar de 2.000 para 4.000 alunos até 2009." Também devem ser criados cursos de pós-graduação "lato sensu" e ensino a distância. Vicente afirma ainda que a Unipalmares tem projetos para a abertura de unidades no Rio e em Salvador. Ele espera rápido aumento da participação de negros no mercado, principalmente no setor bancário, pelo trabalho da Unipalmares.

ROTEIRO GOURMET
A Lefkas Bottarga, empresa especializada na produção de bottarga, iguaria feita a partir de ovas de tainha, fez uma parceria com chefs renomados de cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Buenos Aires. O projeto prevê a inclusão de pratos com bottarga no cardápio de restaurantes. O objetivo é criar um roteiro gastronômico internacional. Casas paulistanas como o D.O.M. e o La Brasserie participam do roteiro. Em São Paulo, os diversos pratos ficam nos cardápios durante os meses de abril e maio. A proposta da bottarga é ser uma alternativa para o caviar na alta gastronomia.

ALTERNATIVA
Na segunda-feira, 24, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, participa do evento "Cresce Brasil para a Região Metropolitana de São Paulo", debate promovido pela FNE e pelo Seesp, a federação e o sindicato dos Engenheiros de São Paulo. O objetivo é buscar soluções para a região metropolitana.

VISITA
No mesmo dia 24, chegará a São Paulo o embaixador da Tunísia, Seifeddine Cherif, que visitará a Câmara Árabe e participará de uma discussão sobre comércio bilateral e oportunidades de investimento.

SUSTENTÁVEL
O CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) abre, no dia 26, o "Sustentável 2008-Ciclo de Encontros sobre Sustentabilidade e Gestão Responsável", no Rio de Janeiro.

TETO
A Caixa Econômica Federal assinou 13 convênios com grandes construtoras no país desde 2007. Em São Paulo, foram firmadas seis parcerias, com investimentos no valor de R$ 7,2 bilhões, para a construção de 83 mil unidades habitacionais, que atenderão 340 mil pessoas entre 2008 e 2010.

PUJANTE
Para ajudar a entender riscos e oportunidades de empreender no Brasil, durante seminário sobre o tema que acontecerá na FGV na terça-feira, 25, foram analisados os balanços de 10 mil empresas, entre 1997 e 2006. "É um retrato fiel do que aconteceu no Brasil, nos últimos dez anos", diz William Eid Junior, coordenador do seminário e do curso de finanças da FGV. Carros, cartões de crédito e atividades de lazer estão entre os segmentos que mais cresceram no período. Já as indústrias têxtil e de brinquedos enfrentaram dificuldades.


com CRISTIANE BARBIERI (interina)JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI

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