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Indicadores apontam reação lenta da indústria
Fluxo de caminhões nas estradas, consumo de energia e produção de veículos mostram avanço no setor
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Após acumular uma queda
de 28,9% entre novembro e janeiro, na comparação com o
mesmo período anterior, a indústria mostra sinais de recuperação, embora ainda lenta.
Alguns indicadores, como o
fluxo de caminhões nas estradas, o consumo de energia e a
produção de veículos, apontam
para um um incremento na
produção industrial em fevereiro, dando sequência a um
pequeno alento já sentido no
mês anterior.
Em fevereiro, o movimento
de caminhões nas estradas teve
alta de 2,1% ante janeiro. Já o
consumo médio diário de energia elétrica aumentou 2,68%, e
a produção de veículos, 9%,
sempre na mesma comparação.
O resultado positivo, porém,
ocorre apenas na ponta. Na
comparação com o desempenho de fevereiro do ano passado, as quedas são expressivas
-8%, 0,5% e 20,6%, respectivamente-, o que evidencia que a
indústria continua longe dos
níveis anteriores à crise.
A continuar no atual ritmo, a
produção da indústria deve alcançar neste mês o mesmo patamar em que estava em novembro passado, ainda 8,5%
abaixo de setembro, quando
atingiu o pico de 2008, de acordo com a avaliação do economista da LCA Consultores
Francisco Pessoa.
"Apesar da incerteza provocada pela crise, podemos dizer
que a indústria está começando
a se recuperar, ainda que a um
passo lento", afirma Pessoa.
Em janeiro, a produção industrial medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) já havia avançado
2,3% ante dezembro. Em relação a janeiro de 2008, porém, o
declínio foi de 17,2%.
Parte do "respiro" na indústria agora deve-se à operação de
ajuste de estoques nas empresas, agora já em níveis mais
compatíveis com a atual demanda, afirma Pessoa.
Na análise do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), os dados positivos de fevereiro não induzem à interpretação de que os
impactos da crise global no país
estejam se dissipando. Mas indicam manutenção do nível de
atividade enquanto a redução
da taxa de juros não surte o
efeito de reanimar a economia.
Quedas menores
"O que devemos ver daqui
para a frente são quedas menores. Mas não dá para falar em
uma trajetória consistente de
recuperação", diz Rogério César Souza, economista do Iedi.
Para o professor de economia da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda, Júlio
Gomes de Almeida, a indústria
agora passa por uma retomada
em face ao "exagero" do corte
da produção nos últimos meses
do ano passado. Em dezembro,
por exemplo, o volume de veículos produzidos caiu 46,2% na
comparação com novembro.
"Em geral, estamos diante de
um quadro menos ruim. Mas é
preciso lembrar que há setores,
como o de construção civil, que
continuam em queda livre."
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