São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Indicadores apontam reação lenta da indústria

Fluxo de caminhões nas estradas, consumo de energia e produção de veículos mostram avanço no setor

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Após acumular uma queda de 28,9% entre novembro e janeiro, na comparação com o mesmo período anterior, a indústria mostra sinais de recuperação, embora ainda lenta.
Alguns indicadores, como o fluxo de caminhões nas estradas, o consumo de energia e a produção de veículos, apontam para um um incremento na produção industrial em fevereiro, dando sequência a um pequeno alento já sentido no mês anterior.
Em fevereiro, o movimento de caminhões nas estradas teve alta de 2,1% ante janeiro. Já o consumo médio diário de energia elétrica aumentou 2,68%, e a produção de veículos, 9%, sempre na mesma comparação.
O resultado positivo, porém, ocorre apenas na ponta. Na comparação com o desempenho de fevereiro do ano passado, as quedas são expressivas -8%, 0,5% e 20,6%, respectivamente-, o que evidencia que a indústria continua longe dos níveis anteriores à crise.
A continuar no atual ritmo, a produção da indústria deve alcançar neste mês o mesmo patamar em que estava em novembro passado, ainda 8,5% abaixo de setembro, quando atingiu o pico de 2008, de acordo com a avaliação do economista da LCA Consultores Francisco Pessoa.
"Apesar da incerteza provocada pela crise, podemos dizer que a indústria está começando a se recuperar, ainda que a um passo lento", afirma Pessoa. Em janeiro, a produção industrial medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) já havia avançado 2,3% ante dezembro. Em relação a janeiro de 2008, porém, o declínio foi de 17,2%.
Parte do "respiro" na indústria agora deve-se à operação de ajuste de estoques nas empresas, agora já em níveis mais compatíveis com a atual demanda, afirma Pessoa.
Na análise do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), os dados positivos de fevereiro não induzem à interpretação de que os impactos da crise global no país estejam se dissipando. Mas indicam manutenção do nível de atividade enquanto a redução da taxa de juros não surte o efeito de reanimar a economia.

Quedas menores
"O que devemos ver daqui para a frente são quedas menores. Mas não dá para falar em uma trajetória consistente de recuperação", diz Rogério César Souza, economista do Iedi.
Para o professor de economia da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Júlio Gomes de Almeida, a indústria agora passa por uma retomada em face ao "exagero" do corte da produção nos últimos meses do ano passado. Em dezembro, por exemplo, o volume de veículos produzidos caiu 46,2% na comparação com novembro.
"Em geral, estamos diante de um quadro menos ruim. Mas é preciso lembrar que há setores, como o de construção civil, que continuam em queda livre."

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