São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Para compensar ineficiências da infraestrutura, governo gasta R$ 1 bi

Subsídio é dado aos produtores do Centro-Oeste devido ao custo maior do transporte

DO ENVIADO AO CENTRO-OESTE

O governo federal gasta todos os anos no Brasil R$ 1 bilhão para subsidiar o transporte e compensar a deficiência da infraestrutura de escoamento da produção. A informação é do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, em entrevista exclusiva para a Folha.
O ministro já cobrou no início deste ano investimentos emergenciais para os principais corredores de exportação da safra e diz temer que o atraso nos investimentos inviabilize zonas produtoras. (AB)

 

FOLHA - Em que medida a péssima infraestrutura de escoamento da safra preocupa o ministério?
REINHOLD STEPHANES - Preocupa muito, não é pouco, não. Principalmente no Centro-Oeste. No Sul, há condições melhores. Além de estar mais perto [do porto], tem condições de trafegabilidade melhores. O grande problema está exatamente em Goiás, em Mato Grosso e no Tocantins. Não é preciso só melhorar as condições das estradas neste momento mas também principalmente criar alternativas no sentido de viabilizar essas exportações em direção ao Norte. E aí é que começam os problemas.

FOLHA - O que está sendo feito?
STEPHANES - Tenho conversado com o ministro dos Transportes [Alfredo Nascimento]. Em janeiro, eu me encontrei com ele. Já me encontrei com o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot. Reuni-me também com o secretário de portos, Pedro Brito, para conversar sobre esses assuntos. A minha função é mostrar a grande preocupação com o escoamento da safra. Até pela viabilidade econômica da produção nessas regiões.

FOLHA - Há áreas inviabilizadas pela falta de infraestrutura no Centro-Oeste?
STEPHANES - Não identificamos como inviabilizadas. Identificamos como áreas com problemas. Veja, você vende uma saca de milho por R$ 20 em Cascavel (PR) e por R$ 12 em Sinop (MT). Quase que inviabiliza produzir milho lá em cima. Veja o deságio que a soja também tem. Essa é uma informação que você pode dar: o governo gasta R$ 1 bilhão por ano para equalizar o custo de transporte naquela região. Quer dizer, se deixar de gastar, no futuro, você poderá criar sérios problemas para os produtores.

FOLHA - Como é gasto o dinheiro?
STEPHANES - Você indiretamente subsidia o transporte, o custo de transporte. Você paga uma espécie de equalização direto aos produtores.

FOLHA - Como é pago isso?
STEPHANES - Isso é pago da seguinte forma: via a diferença entre o custo do produto lá em cima e o preço em outras regiões. Não é que vamos pagar toda a diferença, mas se gasta alguma coisa para viabilizar o transporte.

FOLHA - Essa conta está ficando mais cara?
STEPHANES - Não, tem se mantido nesse valor, mas logo começa a se tornar insuficiente. Ainda não é o caso, porque também depende de como está o preço no mercado internacional. O preço da soja está razoável, você gasta menos. Mas, no caso do algodão, já inviabilizou, tanto que diminuiu em 40% a produção em Mato Grosso.

FOLHA - A produtividade no Centro-Oeste é então o que garante a existência desse negócio na região?
STEPHANES - Sim, é isso. Você tem produtividade, mas acaba perdendo com a infraestrutura. Se o agricultor ganhar e se capitalizar, além de desenvolver mais a região, terá condições de melhorar tecnologia e adotar sistema de produção melhores, mas depende da capitalização.

FOLHA - Mas qual é a expectativa disso mudar no curto prazo?
STEPHANES - O PAC prevê algumas obras.

FOLHA - Mas as obras de duplicação da BR-163 não saíram do papel, embora o relatório do PAC diga que estão "em andamento".
STEPHANES - Prefiro não falar em nome dos responsáveis. Só posso falar da minha preocupação como um todo.


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