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Para compensar ineficiências da
infraestrutura, governo gasta R$ 1 bi
Subsídio é dado aos produtores do Centro-Oeste devido ao custo maior do transporte
DO ENVIADO AO CENTRO-OESTE
O governo federal gasta todos
os anos no Brasil R$ 1 bilhão para subsidiar o transporte e
compensar a deficiência da infraestrutura de escoamento da
produção. A informação é do
ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, em entrevista exclusiva para a Folha.
O ministro já cobrou no início deste ano investimentos
emergenciais para os principais corredores de exportação
da safra e diz temer que o atraso nos investimentos inviabilize zonas produtoras.
(AB)
FOLHA - Em que medida a péssima
infraestrutura de escoamento da safra preocupa o ministério?
REINHOLD STEPHANES - Preocupa
muito, não é pouco, não. Principalmente no Centro-Oeste. No
Sul, há condições melhores.
Além de estar mais perto [do
porto], tem condições de trafegabilidade melhores. O grande
problema está exatamente em
Goiás, em Mato Grosso e no
Tocantins. Não é preciso só
melhorar as condições das estradas neste momento mas
também principalmente criar
alternativas no sentido de viabilizar essas exportações em direção ao Norte. E aí é que começam os problemas.
FOLHA - O que está sendo feito?
STEPHANES - Tenho conversado
com o ministro dos Transportes [Alfredo Nascimento]. Em
janeiro, eu me encontrei com
ele. Já me encontrei com o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot. Reuni-me também
com o secretário de portos, Pedro Brito, para conversar sobre
esses assuntos. A minha função
é mostrar a grande preocupação com o escoamento da safra.
Até pela viabilidade econômica
da produção nessas regiões.
FOLHA - Há áreas inviabilizadas pela falta de infraestrutura no Centro-Oeste?
STEPHANES - Não identificamos
como inviabilizadas. Identificamos como áreas com problemas. Veja, você vende uma saca
de milho por R$ 20 em Cascavel (PR) e por R$ 12 em Sinop
(MT). Quase que inviabiliza
produzir milho lá em cima. Veja o deságio que a soja também
tem. Essa é uma informação
que você pode dar: o governo
gasta R$ 1 bilhão por ano para
equalizar o custo de transporte
naquela região. Quer dizer, se
deixar de gastar, no futuro, você poderá criar sérios problemas para os produtores.
FOLHA - Como é gasto o dinheiro?
STEPHANES - Você indiretamente subsidia o transporte, o custo
de transporte. Você paga uma
espécie de equalização direto
aos produtores.
FOLHA - Como é pago isso?
STEPHANES - Isso é pago da seguinte forma: via a diferença
entre o custo do produto lá em
cima e o preço em outras regiões. Não é que vamos pagar
toda a diferença, mas se gasta
alguma coisa para viabilizar o
transporte.
FOLHA - Essa conta está ficando
mais cara?
STEPHANES - Não, tem se mantido nesse valor, mas logo começa a se tornar insuficiente. Ainda não é o caso, porque também
depende de como está o preço
no mercado internacional. O
preço da soja está razoável, você gasta menos. Mas, no caso do
algodão, já inviabilizou, tanto
que diminuiu em 40% a produção em Mato Grosso.
FOLHA - A produtividade no Centro-Oeste é então o que garante a
existência desse negócio na região?
STEPHANES -
Sim, é isso. Você
tem produtividade, mas acaba
perdendo com a infraestrutura.
Se o agricultor ganhar e se capitalizar, além de desenvolver
mais a região, terá condições de
melhorar tecnologia e adotar
sistema de produção melhores,
mas depende da capitalização.
FOLHA - Mas qual é a expectativa
disso mudar no curto prazo?
STEPHANES - O PAC prevê algumas obras.
FOLHA - Mas as obras de duplicação da BR-163 não saíram do papel,
embora o relatório do PAC diga que
estão "em andamento".
STEPHANES -
Prefiro não falar
em nome dos responsáveis. Só
posso falar da minha preocupação como um todo.
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