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Yuan fraco afeta menos o Brasil, diz BC
Para Meirelles, fim de medidas de estímulo criadas para enfrentar a crise não será problema
DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A CANCÚN (MÉXICO)
A desvalorizada moeda chinesa, o yuan, "não é a maior
preocupação para o Brasil neste momento, mas é um fator
importante a considerar no
longo prazo", segundo Henrique Meirelles, presidente do
Banco Central.
"Acompanhamos de perto o
assunto, como todo mundo, e
esperamos que os desequilíbrios entre os EUA e a China
sejam resolvidos. A nossa economia está bastante diversificada, crescendo agora basicamente levada pela demanda
doméstica", disse ontem, para
explicar que o câmbio chinês
não afeta muito as operações
comerciais brasileiras com
aquele país.
Na opinião de Meirelles, o
aumento da aversão ao risco no
mercado internacional devido
às dificuldades da Grécia e de
outras nações europeias é a
questão mais relevante a ser
observada pela comunidade
global agora. "O Brasil é menos
afetado por esse tipo de problema do que no passado, mas a
crise não é boa para ninguém."
O presidente do BC passou o
final de semana em Cancún, no
México, onde participou de diversas reuniões com investidores internacionais durante a
reunião anual dos diretores do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento). Para Meirelles, "agora existe um consenso" entre os estrangeiros de
que "o Brasil é uma história de
sucesso". "Está bem claro que o
país se encontra em um caminho de crescimento sustentável e possui fundamentos [econômicos] muito fortes."
Tanto é que o Brasil tem toda
condição de desmontar sem
prejuízos o arsenal de medidas
criadas para enfrentar a crise,
na sua avaliação. "Foram impulsos muito importantes para
a atividade, como os fundos
adicionais para o BNDES, que
ajudaram na recuperação do
nível de investimento e acabam
em junho. A demanda privada e
o crescimento do crédito já estão em um ritmo sustentável e
não acho que o fim do estímulo
será um problema."
O FMI recomenda ao Brasil e
a outros países que já estão retomando com força o crescimento que retirem a ajuda dada pelo governo para empurrar
a atividade -a começar pelas
providências de política monetária- a fim de que não aconteça um superaquecimento.
"Até agora, está tudo bem,
não vejo uma bolha no Brasil.
Mas, assim como os tempos de
escassez inspiram cautela, os
de abundância também pedem
cuidado. Com recursos externos inundando o país e os preços das commodities em alta, é
preciso atentar para que a economia não avance a um ritmo
que a estrutura produtiva atual
não suporte", afirmou Nicolás
Eyzaguirre, diretor do Departamento para o Hemisfério
Ocidental da instituição.
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