São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Yuan fraco afeta menos o Brasil, diz BC

Para Meirelles, fim de medidas de estímulo criadas para enfrentar a crise não será problema

DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A CANCÚN (MÉXICO)

A desvalorizada moeda chinesa, o yuan, "não é a maior preocupação para o Brasil neste momento, mas é um fator importante a considerar no longo prazo", segundo Henrique Meirelles, presidente do Banco Central.
"Acompanhamos de perto o assunto, como todo mundo, e esperamos que os desequilíbrios entre os EUA e a China sejam resolvidos. A nossa economia está bastante diversificada, crescendo agora basicamente levada pela demanda doméstica", disse ontem, para explicar que o câmbio chinês não afeta muito as operações comerciais brasileiras com aquele país.
Na opinião de Meirelles, o aumento da aversão ao risco no mercado internacional devido às dificuldades da Grécia e de outras nações europeias é a questão mais relevante a ser observada pela comunidade global agora. "O Brasil é menos afetado por esse tipo de problema do que no passado, mas a crise não é boa para ninguém."
O presidente do BC passou o final de semana em Cancún, no México, onde participou de diversas reuniões com investidores internacionais durante a reunião anual dos diretores do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Para Meirelles, "agora existe um consenso" entre os estrangeiros de que "o Brasil é uma história de sucesso". "Está bem claro que o país se encontra em um caminho de crescimento sustentável e possui fundamentos [econômicos] muito fortes."
Tanto é que o Brasil tem toda condição de desmontar sem prejuízos o arsenal de medidas criadas para enfrentar a crise, na sua avaliação. "Foram impulsos muito importantes para a atividade, como os fundos adicionais para o BNDES, que ajudaram na recuperação do nível de investimento e acabam em junho. A demanda privada e o crescimento do crédito já estão em um ritmo sustentável e não acho que o fim do estímulo será um problema."
O FMI recomenda ao Brasil e a outros países que já estão retomando com força o crescimento que retirem a ajuda dada pelo governo para empurrar a atividade -a começar pelas providências de política monetária- a fim de que não aconteça um superaquecimento.
"Até agora, está tudo bem, não vejo uma bolha no Brasil. Mas, assim como os tempos de escassez inspiram cautela, os de abundância também pedem cuidado. Com recursos externos inundando o país e os preços das commodities em alta, é preciso atentar para que a economia não avance a um ritmo que a estrutura produtiva atual não suporte", afirmou Nicolás Eyzaguirre, diretor do Departamento para o Hemisfério Ocidental da instituição.


Texto Anterior: Investidores aguardam ata do Copom e desemprego
Próximo Texto: Previsão: País puxa crescimento da AL em 2010, diz associação de bancos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.