São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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ORÁCULO DE WASHINGTON

Mas presidente do Fed não vê risco de descontrole inflacionário e sugere que juro não sobe já

Greenspan vê expansão vigorosa nos EUA

DA REDAÇÃO

A economia norte-americana entrou em uma nova fase de "expansão vigorosa", mas a inflação permanece sob controle, disse ontem o presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), Alan Greenspan.
As declarações de Greenspan, que participou de uma sessão da Comissão Econômica Conjunta do Congresso dos EUA, aplacaram a ansiedade dos mercados a respeito da taxa de juros. Apesar de uma alta ser inevitável, o Federal Reserve indica que não terá pressa para mexer na taxa.
"A economia parece ter emergido, em meados do ano passado, de uma extensa fase de baixo crescimento e entrou em um período de expansão mais vigorosa", afirmou Greenspan.
Ainda segundo Greenspan, as taxas de juros terão que subir em algum momento, para acomodar maiores níveis de inflação. Mas ressalvou que os ganhos de produtividade e os ainda altos níveis de ociosidade nas empresas deverão conter, por enquanto, uma alta nos preços.
Os juros nos EUA estão em níveis historicamente baixos. A taxa básica, hoje em 1% ao ano, está no menor patamar desde 1958. No início de 2001, a taxa estava em 6,5%. Desde então, ocorreram 13 cortes, o último em junho.
"A razão para que mantivéssemos a taxa em 1% durante esse período não é que acreditássemos que a inflação não seria mais um problema", disse Greenspan. "Acreditamos que, dada a estrutura de custos e de preços, o aumento da inflação em um ritmo acelerado não está no horizonte."

Mercado se acomoda
Os mercados, que vinham operando sob uma forte expectativa de aumento na taxa de juros, fecharam praticamente estáveis ontem. As Bolsas fecharam em ligeira alta, e os juros futuros tiveram um avanço modesto.
De qualquer maneira, a grande maioria dos analistas de Wall Street prevê que o Fed começará a aumentar os juros no segundo semestre deste ano. As expectativas são que a taxa fique entre 1,5% e 2% ao final de 2004.
Os mercados, na verdade, já vinham se ajustando nos últimos dias. Bons números econômicos, alta inflacionária e comentários do próprio Greenspan, anteontem, levaram a uma sacudida nas posições dos investidores.
Até a semana passada, os mercados futuros indicavam 30% de possibilidade de uma alta de juros na reunião de junho do Fed e 80% em agosto. Agora 50% dos investidores já apostam em uma alta em junho, enquanto 100% deles dão como fato que haverá um aumento em agosto.
O índice Dow Jones registrou uma alta de 0,03%, enquanto a Nasdaq subiu 0,86%.

Livro Bege
O Livro Bege, relatório periódico do Fed sobre as condições econômicas do país, traçou um cenário positivo. De acordo com o relato, divulgado ontem, houve uma notável melhora no nível de atividade entre meados de fevereiro e o início deste mês.
O relatório, feito a partir de informações coletadas pelos 12 Feds regionais, serve de base para as decisões do comitê de política monetária (o Federal Open Market Committee, ou Fomc). A próxima reunião do Fomc ocorre no dia 4 de maio.
Todas as atenções estarão voltadas para o comunicado que será emitido pelo Fed após a reunião. Os analistas vão procurar pistas sobre os próximos movimentos da instituição.


Com agências internacionais


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