São Paulo, domingo, 22 de abril de 2007

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Investimentos aceleram no 1º trimestre

Alta dos empréstimos do BNDES de 40,7% e da produção de 16% de máquinas indicam maior fôlego para bens de capital

Com expansão no pedido de financiamentos, banco eleva previsão de crédito ao setor de R$ 13,3 bi para, no mínimo, R$ 15 bi neste ano

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Os investimentos na economia cresceram com força no começo deste ano e dois bons termômetros desse movimento são a produção de bens de capital e os empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que subiram, respectivamente, 16% no primeiro bimestre e 40,7% no primeiro trimestre de 2007.
Segundo dados obtidos pela Folha, as operações de crédito do banco estatal passaram de R$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre de 2006 para o valor recorde de R$ 3,8 bilhões no mesmo período deste ano, considerando todas as modalidades da Finame, subsidiária do BNDES que concede financiamento a bens de capital por bancos repassadores a taxas diferenciadas. Nos primeiros três meses de 2006, os desembolsos haviam registrado queda de 8%.
"A demanda por investimentos está muito forte", avalia Cláudio Bernardo de Moraes, superintendente de Área de Operações Indiretas (repassadas por bancos) do BNDES.
Por trás de tal aquecimento, diz, estão a queda do risco-país para níveis historicamente baixos, juros menores (especialmente a TJLP, que referencia os empréstimos do BNDES, hoje a 6,5% ao ano) e a previsão de maior crescimento econômico.
Ou seja: animados com a possibilidade de ampliarem vendas, empresários investem em nova capacidade de produção.
E a disposição de investir em novas linhas de produção rebate na fabricação de bens de capital, que já estava em expansão em 2006, mas cujo crescimento se intensificou e se espalhou para todos os setores no começo deste ano.
Segundo o IBGE, a produção de bens de capital subiu 5,8% na média de 2006. No quarto trimestre, a alta foi de 7,8%, ritmo que se ampliou para 16% no primeiro bimestre.
Mesmo ramos que vinham mal, como o de máquinas para agricultura -queda de 16,5% em 2006 e de 2,2% no quatro trimestre-, reagiram. No primeiro bimestre, a produção do setor subiu 12,4%.
Também cresceram mais nos dois primeiros meses a produção de máquinas e equipamentos para indústria (15,8%), transporte (9,3%), energia (14,5%) e construção (7,8%).
O mesmo ocorreu com os empréstimos do BNDES, que tiveram expansão na maioria dos setores. Alguns destaques foram química e petroquímica (164,3%), têxtil (171,2%) e agroindústria (74,3%).
"O investimento começou o ano num ritmo muito forte, com exceção da construção civil, que puxou um pouco para baixo", disse o economista Bráulio Borges, da LCA.
Sérgio Vale, economista da MB Associados, estima uma expansão de 9,6% no investimento no PIB do primeiro trimestre. A LCA calcula incremento do PIB de 1% no primeiro trimestre ante os últimos três meses de 2006 e de 4% em 2007.
Segundo o IBGE, 48% do investimento tem origem em máquinas e equipamentos e 43%, na construção civil. O restante vem da agropecuária.
Para Vale, a onda de investimentos na economia reflete "troca de máquinas antigas ou pouco eficientes por outras mais eficientes". Moraes, do BNDES, faz a mesma análise.
Para o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e sócio da Rio Bravo, o país não cresce mais, porém, por causa da baixa proporção de investimentos no PIB, que com o novo cálculo do PIB ficou na faixa de 16% -estava na casa de 20%.

Nova meta
Diante do aquecimento do começo do ano, o BNDES revisou sua meta para financiamentos de máquinas e equipamentos.
Inicialmente, o banco previa emprestar R$ 13,3 bilhões para o setor. Já estima, no mínimo, R$ 15 bilhões em financiamento -em 2006, foram desembolsados R$ 11,1 bilhões.


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