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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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Banco Central não cede às pressões pela queda e diz que inflação ainda preocupa

BC mantém Selic em 26,5% ao ano

SANDRA MANFRINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central não cedeu às pressões para reduzir a taxa de juros neste mês. Em sua reunião mensal, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu, por unanimidade, manter pela terceira vez consecutiva a taxa básica de juros da economia em 26,5% ao ano.
A queda lenta da inflação foi mais uma vez a justificativa para a decisão, que já era esperada pela maioria dos analistas e consultores do mercado financeiro.
Apesar de avaliar que "há sinais de que a política monetária começa a obter resultados no combate à inflação", o Copom considerou que a "queda da inflação depende da manutenção desse esforço", ou seja, dos juros altos.
O BC também decidiu não adotar o viés (tendência) de baixa, o que seria um indicativo de queda da taxa antes da próxima reunião, caso a inflação confirmasse a trajetória de redução de forma mais veemente. Assim, os juros ficarão em 26,5% ao ano, pelo menos, até 18 de junho, último dia da próxima reunião do Copom.
Neste mês, o BC foi pressionado pelo próprio governo para reduzir os juros, com declarações do vice-presidente, José Alencar, dos ministros Guido Mantega (Planejamento) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), favoráveis ao corte nos juros.
Nas últimas semanas, porém, o próprio presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, já tinha dado sinais de que ainda era cedo para o movimento de queda. Ele chegou a dizer que a inflação é uma ameaça e a comparou a uma febre.
A decisão de ontem mostra que, apesar da melhora nos diversos indicadores da economia, desde março, o BC ainda não vê espaço para a redução da taxa Selic -taxa média paga pelo governo na rolagem dos seus títulos e que orienta as demais taxas de juros da economia.
A evolução da taxa básica de juros tem sido definida pelo ritmo de queda da inflação, que na avaliação do BC ainda é uma ameaça.

Meta de inflação
A política monetária tem o objetivo de atingir a meta de inflação estabelecida pelo governo -medida pela variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Para este ano, o BC trabalha com uma meta ajustada de 8,5% e, para 2004, de 5,5%. Especialistas acreditam que o Banco Central tomou a decisão pela manutenção da taxa de juros ontem de olho na meta de inflação de 2004.
Mesmo com as recentes quedas dos índices inflacionários, a expectativa dos bancos e empresas de consultoria para o ano é de que o IPCA fique acima da meta, em 12,19%. No acumulado do ano, até abril, a inflação já está em 6,15%. Para maio, a previsão do mercado é um IPCA próximo de 0,45%.
A manutenção dos juros elevados, além de aumentar o custo da dívida pública, acaba reduzindo o ritmo de crescimento da economia. Com um crescimento econômico menor, a expectativa do BC é que haja menos espaço para alta dos preços.
Desde outubro de 2002, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente, os juros já subiram 8,5 pontos percentuais, de 18% para 26,5% ao ano. Desde janeiro deste ano, no governo Lula, a taxa passou de 25% ao ano para os atuais 26,5% ao ano. Esse é o mais elevado patamar das taxa básica de juros desde 1999.


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