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Banco Central não cede às pressões pela queda e diz que inflação ainda preocupa
BC mantém Selic em 26,5% ao ano
SANDRA MANFRINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central não cedeu às
pressões para reduzir a taxa de juros neste mês. Em sua reunião
mensal, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu, por
unanimidade, manter pela terceira vez consecutiva a taxa básica de
juros da economia em 26,5% ao
ano.
A queda lenta da inflação foi
mais uma vez a justificativa para a
decisão, que já era esperada pela
maioria dos analistas e consultores do mercado financeiro.
Apesar de avaliar que "há sinais
de que a política monetária começa a obter resultados no combate
à inflação", o Copom considerou
que a "queda da inflação depende
da manutenção desse esforço", ou
seja, dos juros altos.
O BC também decidiu não adotar o viés (tendência) de baixa, o
que seria um indicativo de queda
da taxa antes da próxima reunião,
caso a inflação confirmasse a trajetória de redução de forma mais
veemente. Assim, os juros ficarão
em 26,5% ao ano, pelo menos, até
18 de junho, último dia da próxima reunião do Copom.
Neste mês, o BC foi pressionado
pelo próprio governo para reduzir os juros, com declarações do
vice-presidente, José Alencar, dos
ministros Guido Mantega (Planejamento) e Luiz Fernando Furlan
(Desenvolvimento) e do líder do
governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), favoráveis ao
corte nos juros.
Nas últimas semanas, porém, o
próprio presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, já tinha dado sinais de que ainda era
cedo para o movimento de queda.
Ele chegou a dizer que a inflação é
uma ameaça e a comparou a uma
febre.
A decisão de ontem mostra que,
apesar da melhora nos diversos
indicadores da economia, desde
março, o BC ainda não vê espaço
para a redução da taxa Selic -taxa média paga pelo governo na
rolagem dos seus títulos e que
orienta as demais taxas de juros
da economia.
A evolução da taxa básica de juros tem sido definida pelo ritmo
de queda da inflação, que na avaliação do BC ainda é uma ameaça.
Meta de inflação
A política monetária tem o objetivo de atingir a meta de inflação
estabelecida pelo governo -medida pela variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Para este ano, o BC trabalha
com uma meta ajustada de 8,5%
e, para 2004, de 5,5%. Especialistas acreditam que o Banco Central
tomou a decisão pela manutenção da taxa de juros ontem de
olho na meta de inflação de 2004.
Mesmo com as recentes quedas
dos índices inflacionários, a expectativa dos bancos e empresas
de consultoria para o ano é de que
o IPCA fique acima da meta, em
12,19%. No acumulado do ano,
até abril, a inflação já está em
6,15%. Para maio, a previsão do
mercado é um IPCA próximo de
0,45%.
A manutenção dos juros elevados, além de aumentar o custo da
dívida pública, acaba reduzindo o
ritmo de crescimento da economia. Com um crescimento econômico menor, a expectativa do BC
é que haja menos espaço para alta
dos preços.
Desde outubro de 2002, quando
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva foi eleito presidente, os juros
já subiram 8,5 pontos percentuais, de 18% para 26,5% ao ano.
Desde janeiro deste ano, no governo Lula, a taxa passou de 25%
ao ano para os atuais 26,5% ao
ano. Esse é o mais elevado patamar das taxa básica de juros desde
1999.
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