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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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REPERCUSSÃO

ARMANDO MONTEIRO NETO, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
"É uma decisão que frustra o setor produtivo. Havia condições de iniciar um movimento de queda nos juros, ainda que discreto. Não acredito que um governo deseje ou tenha compromissos com a manutenção de uma política que é, por si mesma, recessiva. O governo demonstra que está adotando uma posição mais conservadora e responsável, até com o ônus decorrente de não estar atendendo à demanda de amplos setores da sociedade."


GERALDO ALCKMIN, governador de São Paulo (PSDB)
"A atividade econômica nitidamente está perdendo força, e o Copom perdeu uma boa oportunidade de reduzir a taxa. A oportunidade de fazer um gol contra a recessão e o desemprego."


OCTAVIO DE BARROS, economista-chefe do BBV banco
"O BC manteve os juros estáveis e sem viés justamente porque tem pressa para baixá-los o mais breve possível. A condição para isso é ser conservador nesse momento. Há algumas incertezas com relação a alguns indicadores."


SÉRGIO CAVALIERI, do conselho de política econômica e industrial da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais)
"O que pode parecer prudência agora pode se tornar uma medida imprudente para o futuro. Há possibilidade de um processo de decréscimo no PIB, com uma possível queda das exportações."


WALDEMAR VERDI JÚNIOR, vice-presidente da Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores)
"A decisão do governo, ao optar pelo combate à inflação, foi acertada. Não estamos felizes, mas entendo que neste momento é preciso pensar na macroeconomia e não setorialmente."


ARTURO PORZECANSKI, economista-chefe da mercados emergentes do banco ABN Amro em Nova York
"Achei [a decisão] ótima. A inflação está bem acima dos objetivos originais, já tínhamos de ter inflação de menos de 4%. E o fato de o BC [decidir] de forma unânime, apesar das pressões enormes da comunidade empresarial e do vice-presidente, deixam-nos impressionados. A credibilidade do BC cresceu tremendamente."


REINALDO GONÇALVES, economista da UFRJ
"A incompetência da política monetária do BC de Lula é extraordinária. A estratégia monetária deveria ser baseada em um tripé: reduzir os juros para conter o aumento da dívida pública, calibrar a inflação via imposto compulsório e controlar o movimento de capital estrangeiro. Reduzir juros, como pretende fazer no futuro o BC, sem controlar o fluxo de capital estrangeiro, será consolidar uma outra crise cambial."


WILSON CANO, economista da Unicamp
"Fico pasmado com que algum economista sério acredite que os juros estão altos para combater a inflação. É uma piada de mau gosto. O objetivo é atrair capital externo. O problema é que o capital que vem para o Brasil é o "capital motel", de curtíssimo prazo, que entra na sexta à noite e sai na madrugada de domingo."


PAULO LEVY, economista do Ipea
"A decisão do BC foi correta. A trajetória de queda de inflação tem sido lenta. O risco, nesse cenário, é que a pressão inflacionária seja incorporada a contratos, a renegociações de salários. Ao optar pela manutenção dos juros, o BC tenta desarmar esses mecanismos que tendem a reproduzir para os preços da economia a inflação passada."


JOSÉ MÁRCIO CAMARGO, economista da PUC-RJ
"A decisão foi correta. Manter as taxas de juros elevadas neste momento é essencial para que a queda nos preços, que já acontece no setor de atacado, se reflita nos índices de preços ao consumidor, que são os que importam para a política monetária. No momento, o que se observa é que queda de juros pode gerar inflação. Isso deve mudar a partir do segundo semestre."


JOÃO FELÍCIO, presidente da CUT, em nota oficial
"Mais uma vez vemos nossas expectativas frustradas. A decisão de manter a taxa básica de juros em estratosféricos 26,5%, além de incompreensível para o momento que o país atravessa, impede o desenvolvimento econômico, impondo mais sacrifícios à tão sofrida população brasileira."


PAULO PEREIRA DA SILVA, presidente da Força Sindical, em nota oficial
"A direção da Força Sindical lamenta profundamente a decisão nefasta e insensível do Copom. Voltamos a insistir que manter os juros em patamares estratosféricos é contrário a qualquer projeto de estímulo da retomada do crescimento econômico. Com esse entrave para o desenvolvimento econômico nacional, acabamos numa lógica perversa de juros altos, recuo no consumo e na produção, resultando na frustração das aspirações populares de mais empregos e mais salários."


CANINDÉ PEGADO, secretário-geral da CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores)
"Juros altos afetam diretamente a questão do emprego e não estimulam o empregador a dar saltos, a ter um comportamento agressivo na política de produção. A decisão é equivocada."


ARTHUR VIRGÍLIO, líder do PSDB no Senado
"A decisão foi equivocada. De pessoas sérias, mas extremadamente conservadoras. Perderam a grande chance de sinalizar a retomada do crescimento econômico ou de que o governo se prepara para evitar um choque recessivo que está por aí."


CARLOS DA COSTA, professor do Ibmec Educacional (SP)
"Achei espetacular. A gente tem de parar com essa visão "curtoprazista" de achar a decisão do BC para este mês seja a coisa mais importante do mundo. A coisa mais importante é uma redução gradual, mas certa, segura, das taxas de juros."


PAULO NOGUEIRA BATISTA JR., economista e professor da FGV
"Foi uma decepção. Havia condições para começar a reduzir gradualmente a taxa de juros. O mínimo que o Banco Central poderia ter feito era indicar um viés de baixa. Esse argumento de que o BC não podia agora reduzir a taxa porque revelaria estar agindo sobre pressão da sociedade é esquisito. Se a pressão é grande, se deve ao fato de que os argumentos a favor da redução são fortes. Se for assim, a taxa de juros nunca vai baixar.


AQUILES MOSCA, economista do ABN Amro Asset Management
"Um corte nos juros ontem poderia acabar arranhando a imagem de firmeza do BC."


TIÃO VIANA, (AC), líder do PT no Senado
"Todos queriam que houvesse redução para que pudéssemos incentivar o setor produtivo, mas temos uma dependência na condução da política externa. Precisamos de uma queda que possa ser sustentada."


CHICO ALENCAR, deputado federal (PT-RJ)
"O BC é mais que cauteloso. É continuísta e monetarista."


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