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Déficit da Previdência está "inflado", afirmam fiscais
Segundo estudo, R$ 3,1 bi em benefícios não-pagos ficaram fora das contas
Saldo negativo do INSS poderia diminuir para
R$ 34,5 bi no ano passado; ministério não comenta dados de associação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O rombo de R$ 37,6 bilhões
registrado nas contas da Previdência em 2005 pode estar inflado. A Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da
Previdência) analisou receitas
e despesas previdenciárias e
chegou à conclusão de que R$
3,1 bilhões em benefícios não-desembolsados ficaram de fora
do fluxo de caixa do INSS e do
relatório do Tesouro Nacional.
A diferença de R$ 3,1 bilhões
aparece nos números do Siafi
(Sistema Integrado de Administração Financeira). O estudo da Anfip mostra que R$
3,886 bilhões foram repassados
pela Previdência aos bancos
para pagar aposentadorias e
pensões, mas os beneficiários
não sacaram os recursos.
Nos registros do Siafi, é possível verificar que as instituições financeiras devolveram
integralmente o montante para
o governo federal, em parcelas
de R$ 323 milhões mensais. No
relatório do Tesouro, porém,
aparece a devolução de apenas
R$ 478 milhões no ano. Já no
fluxo de caixa do INSS, o lançamento é de R$ 693,7 milhões.
O efeito prático da confusão
de números é que o déficit de
2005 pode estar superestimado. Considerando-se o livro-caixa do INSS, o saldo negativo
da Previdência poderia cair para R$ 34,5 bilhões. A Anfip ainda afirma que, no primeiro trimestre deste ano, a devolução
de benefícios não-sacados nos
bancos está próxima de R$ 500
milhões. O Ministério da Previdência não comentou os dados.
"Tais devoluções deveriam
estar contabilizadas como receitas previdenciárias ou como
despesas não-realizadas. O não
lançamento do montante como
receita, nem como redutor de
despesas, traz distorções aos
números relativos ao resultado
da Previdência", diz o estudo.
Para o presidente da entidade, Ovídio Palmeira Filho, por
trás do suposto erro está a estratégia política do governo de
supervalorizar o déficit da Previdência e pregar novas reformas constitucionais. "O governo coloca a Previdência como o
maior dos males do país, que
impede investimentos. Nossa
visão é exatamente contrária. A
seguridade social é que tem
sustentado o superávit primário e alavancado a economia."
Ele diz que há uma campanha por novas reformas no sistema de aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada. "Estão preparando o terreno. Seja qual for o governo eleito, há uma preparação explícita
para fazer nova reforma."
(JS)
NA INTERNET - Confira informações sobre déficit e aposentadorias no site da Previdência
www.previdencia.gov.br
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