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Bolsa de NY atinge nível pré-crise de 2000
Analistas vêem diferenças entre momento atual, de alta liquidez, e estouro da bolha após euforia com empresas de tecnologia
Bovespa bate 19º recorde neste ano, e especialistas esperam alguma realização de lucros, com recuo no preço das ações
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de Nova
York tocou ontem sua pontuação máxima no índice Standard
& Poor's 500, indicador que
mede o desempenho das 500
ações mais importantes dos
EUA, patamar atingido em 24
de março de 2000, auge do período que ficou conhecido como a "bolha" da internet -época de euforia nos mercados,
com sucessivas quebras de recordes, como ocorre agora.
A Bovespa voltou a bater novo recorde ontem, e várias Bolsas pelo mundo registram pontuação máxima.
Lembrada ainda hoje como
um período de otimismo exagerado, a "bolha" da internet foi
marcada pela forte e rápida valorização das ações de empresas de tecnologia recém-criadas. Poucas empresas sobreviveram ao estouro da bolha.
Já a exuberância atual é alavancada pela ação de fundos
agressivos que compram empresas após captar recursos no
mercado. Relatório de ontem
da OCDE alerta para dificuldades que esses fundos possam
encontrar por causa dos empréstimos obtidos para as aquisições (leia texto na pág. B3).
Calculado pela agência Standard & Poor's, o índice S&P 500
ensaiava volta ao patamar pré-bolha havia duas semanas.
Chegou ontem a passar de
1.527,46 pontos, mas terminou
o dia a 1.525,10, com alta de
0,15%. Foi o bastante para relançar a pergunta: o mundo alimenta uma nova bolha?
"Se tivesse de dar um nome
para uma eventual bolha, seria
a da liquidez internacional. O
fato é que o mercado tem necessidade de realizações [venda
de ações para embolsar lucro].
Mas ninguém sabe quando ela
virá", disse Jason Vieira, economista da Máxima/UpTrend.
Menos falado no Brasil do
que o índice Dow Jones, o S&P
500 é considerado um termômetro mais amplo do mercado
americano do que o mais conhecido Dow Jones, que avalia
só as 30 mais importantes companhias do país, contra as 500
do S&P.
Desta vez, a alta dos mercados internacionais é estimulada não por uma mudança tecnológica, como a internet, mas
pela maior quantidade de dinheiro disponível já vista no
planeta. Dinheiro que saiu do
porto seguro das aplicações em
renda fixa -que perdem rendimento em juros nos países ricos- para se arriscar seja em
ações seja em papéis da dívida
de países emergentes, que pagam juros altos, como o Brasil.
No Brasil, o resultado desse
movimento ontem foi o 19º recorde da Bovespa apenas neste
ano e o novo recorde de baixa
do risco-país, que desceu ao piso histórico de 138 pontos, mas
depois terminou a 142 pontos,
acima dos 141 da sexta. Com alta de 0,66%, o principal índice
da Bolsa paulista bateu os
52.423 pontos, novo recorde.
Para André Ng, da Infinity
Asset, o momento atual é bastante diferente do da bolha da
internet. Para começar, o economista afirma que o mundo
cresceu nesses sete anos, e os
gestores de fundos estão mais
interessados em conhecer o lucro real das empresas que negociam.
"O cenário está diferente daquele momento [do estouro da
bolha da internet]. Não há
aquele discurso de que lucro
não importa mais. O recorde do
S&P vem um pouco atrasado
em relação ao Dow Jones. Vemos cautela, com o mercado
verificando se as notícias de fusões e aquisições se mantêm",
disse André Ng.
Na semana passada, o Dow
Jones já havia batido seu próprio recorde histórico e chegou
ontem a marcar 13.586,03,
pontuação máxima histórica,
antes de encerrar o dia com baixa de 0,10% e 13,542.88 pontos.
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