São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

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Bolsa de NY atinge nível pré-crise de 2000

Analistas vêem diferenças entre momento atual, de alta liquidez, e estouro da bolha após euforia com empresas de tecnologia

Bovespa bate 19º recorde neste ano, e especialistas esperam alguma realização de lucros, com recuo no preço das ações

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de Nova York tocou ontem sua pontuação máxima no índice Standard & Poor's 500, indicador que mede o desempenho das 500 ações mais importantes dos EUA, patamar atingido em 24 de março de 2000, auge do período que ficou conhecido como a "bolha" da internet -época de euforia nos mercados, com sucessivas quebras de recordes, como ocorre agora.
A Bovespa voltou a bater novo recorde ontem, e várias Bolsas pelo mundo registram pontuação máxima.
Lembrada ainda hoje como um período de otimismo exagerado, a "bolha" da internet foi marcada pela forte e rápida valorização das ações de empresas de tecnologia recém-criadas. Poucas empresas sobreviveram ao estouro da bolha.
Já a exuberância atual é alavancada pela ação de fundos agressivos que compram empresas após captar recursos no mercado. Relatório de ontem da OCDE alerta para dificuldades que esses fundos possam encontrar por causa dos empréstimos obtidos para as aquisições (leia texto na pág. B3).
Calculado pela agência Standard & Poor's, o índice S&P 500 ensaiava volta ao patamar pré-bolha havia duas semanas. Chegou ontem a passar de 1.527,46 pontos, mas terminou o dia a 1.525,10, com alta de 0,15%. Foi o bastante para relançar a pergunta: o mundo alimenta uma nova bolha?
"Se tivesse de dar um nome para uma eventual bolha, seria a da liquidez internacional. O fato é que o mercado tem necessidade de realizações [venda de ações para embolsar lucro]. Mas ninguém sabe quando ela virá", disse Jason Vieira, economista da Máxima/UpTrend.
Menos falado no Brasil do que o índice Dow Jones, o S&P 500 é considerado um termômetro mais amplo do mercado americano do que o mais conhecido Dow Jones, que avalia só as 30 mais importantes companhias do país, contra as 500 do S&P.
Desta vez, a alta dos mercados internacionais é estimulada não por uma mudança tecnológica, como a internet, mas pela maior quantidade de dinheiro disponível já vista no planeta. Dinheiro que saiu do porto seguro das aplicações em renda fixa -que perdem rendimento em juros nos países ricos- para se arriscar seja em ações seja em papéis da dívida de países emergentes, que pagam juros altos, como o Brasil.
No Brasil, o resultado desse movimento ontem foi o 19º recorde da Bovespa apenas neste ano e o novo recorde de baixa do risco-país, que desceu ao piso histórico de 138 pontos, mas depois terminou a 142 pontos, acima dos 141 da sexta. Com alta de 0,66%, o principal índice da Bolsa paulista bateu os 52.423 pontos, novo recorde.
Para André Ng, da Infinity Asset, o momento atual é bastante diferente do da bolha da internet. Para começar, o economista afirma que o mundo cresceu nesses sete anos, e os gestores de fundos estão mais interessados em conhecer o lucro real das empresas que negociam.
"O cenário está diferente daquele momento [do estouro da bolha da internet]. Não há aquele discurso de que lucro não importa mais. O recorde do S&P vem um pouco atrasado em relação ao Dow Jones. Vemos cautela, com o mercado verificando se as notícias de fusões e aquisições se mantêm", disse André Ng.
Na semana passada, o Dow Jones já havia batido seu próprio recorde histórico e chegou ontem a marcar 13.586,03, pontuação máxima histórica, antes de encerrar o dia com baixa de 0,10% e 13,542.88 pontos.


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