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Mercado já espera queda maior dos juros
Pesquisa do BC com cem instituições financeiras prevê corte de meio ponto da Selic no início de junho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Graças à queda do dólar, é cada vez maior a expectativa, no
mercado financeiro, de que o
Banco Central acelere a redução dos juros a partir da próxima reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária do BC),
daqui a duas semanas.
De acordo com pesquisa feita
pelo próprio BC na sexta-feira
com cerca de cem analistas de
mercado, a taxa Selic deve cair
0,5 ponto percentual, passando
a 12% ao ano. Há uma semana, a
queda esperada era de 0,25.
No cenário dos analistas ouvidos, a taxa Selic cairia para
10,75% até dezembro -contra
11% há uma semana.
O BC tem reduzido os juros
desde setembro de 2005, quando a taxa estava em 19,75% ao
ano, mas nos últimos meses essa queda desacelerou. No começo de 2006, o Copom reduzia a Selic em 0,75 ponto a cada
encontro. Em janeiro deste
ano, os cortes já haviam passado para 0,25 ponto por reunião.
A economista-chefe da Mellon Global Investments, Solange Srour, é uma das que dizem acreditar numa redução de
meio ponto em junho. Segundo
ela, a queda do dólar é um dos
fatores que abrem espaço para
uma queda maior dos juros.
"Por mais que o BC intervenha
[no mercado], não consegue
mexer muito com o câmbio. E o
câmbio tem uma influência
muito forte na inflação."
Na semana passada, o dólar
caiu abaixo de R$ 2, apesar das
compras da moeda pelo BC. A
valorização do real barateia os
produtos importados e já foi citada pelo Copom como um dos
fatores que têm ajudado a manter a inflação sob controle.
Na pesquisa do BC, a expectativa do mercado para a inflação foi reduzida pela sexta semana seguida. A projeção média para a alta do IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano é de 3,6%, abaixo
dos 4,5% da meta oficial.
Em relatório a clientes, a
LCA Consultoria cita também a
melhora na avaliação de risco
da economia brasileira como
um fator que pode contribuir
para a queda dos juros.
Neste mês, duas agências de
classificação de risco -a Fitch e
a Standard & Poor's- melhoraram a nota do Brasil. Para essas
agências, quanto melhor a nota,
menor o risco de se investir em
determinado país.
"Com o "upgrade" e o derretimento da cotação do câmbio,
ampliaram-se as apostas de aumento no ritmo de corte da Selic", diz a LCA. Em tese, uma
melhora nessa nota ajuda o país
a atrair mais investimentos estrangeiros, o que pode contribuir para a valorização do real
e, conseqüentemente, para a
estabilidade da inflação.
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