São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mercado já espera queda maior dos juros

Pesquisa do BC com cem instituições financeiras prevê corte de meio ponto da Selic no início de junho

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Graças à queda do dólar, é cada vez maior a expectativa, no mercado financeiro, de que o Banco Central acelere a redução dos juros a partir da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), daqui a duas semanas.
De acordo com pesquisa feita pelo próprio BC na sexta-feira com cerca de cem analistas de mercado, a taxa Selic deve cair 0,5 ponto percentual, passando a 12% ao ano. Há uma semana, a queda esperada era de 0,25.
No cenário dos analistas ouvidos, a taxa Selic cairia para 10,75% até dezembro -contra 11% há uma semana.
O BC tem reduzido os juros desde setembro de 2005, quando a taxa estava em 19,75% ao ano, mas nos últimos meses essa queda desacelerou. No começo de 2006, o Copom reduzia a Selic em 0,75 ponto a cada encontro. Em janeiro deste ano, os cortes já haviam passado para 0,25 ponto por reunião.
A economista-chefe da Mellon Global Investments, Solange Srour, é uma das que dizem acreditar numa redução de meio ponto em junho. Segundo ela, a queda do dólar é um dos fatores que abrem espaço para uma queda maior dos juros. "Por mais que o BC intervenha [no mercado], não consegue mexer muito com o câmbio. E o câmbio tem uma influência muito forte na inflação."
Na semana passada, o dólar caiu abaixo de R$ 2, apesar das compras da moeda pelo BC. A valorização do real barateia os produtos importados e já foi citada pelo Copom como um dos fatores que têm ajudado a manter a inflação sob controle.
Na pesquisa do BC, a expectativa do mercado para a inflação foi reduzida pela sexta semana seguida. A projeção média para a alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano é de 3,6%, abaixo dos 4,5% da meta oficial.
Em relatório a clientes, a LCA Consultoria cita também a melhora na avaliação de risco da economia brasileira como um fator que pode contribuir para a queda dos juros.
Neste mês, duas agências de classificação de risco -a Fitch e a Standard & Poor's- melhoraram a nota do Brasil. Para essas agências, quanto melhor a nota, menor o risco de se investir em determinado país.
"Com o "upgrade" e o derretimento da cotação do câmbio, ampliaram-se as apostas de aumento no ritmo de corte da Selic", diz a LCA. Em tese, uma melhora nessa nota ajuda o país a atrair mais investimentos estrangeiros, o que pode contribuir para a valorização do real e, conseqüentemente, para a estabilidade da inflação.


Texto Anterior: Apesar de dólar, saldo comercial supera 2006
Próximo Texto: Indústria: Consumo interno impulsiona faturamento de bens de capital
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.