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análise
Desemprego, uma má boa notícia
FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Não, leitor, não houve
erro no título deste artigo.
Ocorre que os resultados
da PME (Pesquisa Mensal
de Emprego), divulgados
ontem pelo IBGE, constituíram, à primeira vista,
uma inequívoca boa notícia: contrariando todos os
prognósticos, a taxa de desemprego média nas seis
principais regiões metropolitanas do país recuou
ligeiramente, de março
para abril, de 9% para
8,9% da PEA (População
Economicamente Ativa).
No entanto, um exame
mais atento dos números
revela que essa melhora
do mercado de trabalho
metropolitano foi apenas
aparente. Em rigor, os números da PME mostraram
que ficou mais difícil conseguir um emprego: sem
dúvida uma má notícia.
O que explica esse paradoxo são dois resultados
(quase) sem precedentes
relativos a abril.
O primeiro é o crescimento da PEA -ou seja,
do contingente de pessoas
a partir de dez anos de idade que estavam trabalhando ou procurando uma
ocupação. Ele foi atipicamente baixo: a PEA metropolitana foi só 0,6%
maior que aquela estimada para o mesmo mês de
2008. É a oitava menor taxa de crescimento interanual da PEA já vista desde
que a pesquisa do IBGE
adotou sua atual metodologia (em março de 2002).
Se a PEA tivesse crescido ao ritmo médio observado nos meses de abril
entre 2004 e 2008 (1,5%),
a taxa de desemprego teria
aumentado significativamente de março para abril
(conforme se esperava),
passando a 9,6%.
O outro resultado, esse
rigorosamente sem precedentes, diz respeito à expansão da ocupação (ou
seja, das vagas de trabalho,
sejam formais, informais
ou por conta própria). O
aumento do número de
pessoas com algum tipo de
ocupação econômica,
comparativamente a abril
de 2008, foi mínimo: só
0,2%. Nunca antes neste
país, desde que o atual presidente assumiu o cargo, o
emprego metropolitano
cresceu tão pouco.
É esse o resultado mais
significativo da pesquisa.
Ele não foi de todo inesperado, pois a economia vem
revelando um ritmo de
criação de vagas de trabalho cada vez mais fraco
desde meados de 2008.
Mesmo assim, os piores
prognósticos a respeito do
comportamento do mercado de trabalho não vão
se confirmando. Depois da
piora súbita observada no
final do ano passado (sobretudo do emprego formal), vários analistas passaram a prever que o desemprego metropolitano
saltaria para 10% da PEA
em 2009 (ante uma média
de 7,9% em 2008).
O que a PME e o Caged
(o cadastro do emprego
formal do Ministério do
Trabalho e Emprego) vêm
mostrando é uma piora cada vez mais lenta do mercado de trabalho. Mas ainda uma piora.
FERNANDO SAMPAIO, economista, é
sócio-diretor da LCA Consultores.
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