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Temor sobre rebaixamento de países ricos afeta mercados
Agência pode reduzir nota do Reino Unido; Bolsa cai 2,26%
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Três dias após o mercado global falar em fim da crise e testar
novos recordes, voltou a prevalecer ontem o pessimismo em
relação às dificuldades enfrentadas pelas maiores economias
do mundo para melhorar a saúde do sistema financeiro e criar
condições para sair da recessão.
Ontem, o mau humor foi catalisado pela possibilidade de o
Reino Unido perder o status de
economia de risco zero de calote de sua dívida (leia texto na
página B9). A agência Standard
& Poor's colocou em revisão
para possível rebaixamento a
nota "AAA", a melhor na escala
de risco, devido à expansão da
dívida britânica.
Mas o temor do mercado é
que o mesmo aconteça com os
EUA, maior economia do mundo e que aumentou consideravelmente seu endividamento
para conter os efeitos da crise.
Na próxima semana, o Tesouro dos EUA vai leiloar um
lote gigante de US$ 101 bilhões
em títulos públicos. A notícia
derrubou em até 1,3% o preço
dos papéis e elevou em 4,68%
os juros dos títulos de dez anos,
que atingiram 3,35% ao ano
-em janeiro, eram 2,5%.
No mercado internacional de
câmbio, o dólar americano recuou 0,9% em relação ao euro e
0,6% diante do iene, mantendo-se nos menores patamares
desde janeiro deste ano.
Para acentuar o pessimismo,
o ex-presidente do Federal Reserve Alan Greenspan também
rompeu o silêncio para afirmar
que os bancos americanos precisam levantar muito mais capital (leia texto na página B10)
e que há um potencial enorme
de perdas de crédito ainda não
contabilizadas. Segundo
Greenspan, essas perdas só serão estancadas quando os preços dos imóveis se estabilizarem, o que pode estar longe.
Aversão ao risco
O resultado foi um retorno
da aversão ao risco, movimento
que derrubou ontem preços de
ações, commodities e moedas
emergentes em todo o mundo.
O petróleo recuou 1,6%, para
US$ 61,05, em Nova York.
A Bolsa de Nova York teve
baixa de 1,59% no índice Dow
Jones e de 1,68% no S&P 500. A
Bolsa Nasdaq recuou 2,26%.
No Brasil, até o discurso otimista do presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles,
sobre sinais "bastante claros"
de recuperação da economia foi
entendido como um recado de
que a redução de juros poderá
ter fim em breve.
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os juros para
janeiro de 2010 subiram de
9,26% para 9,34%, enquanto as
taxas para janeiro de 2011 passaram de 9,73% para 9,88% ao
ano.
A Bolsa brasileira terminou a
sessão em baixa de 2,26%, com
o Ibovespa em 50.087 pontos.
Durante a tarde, o índice chegou a cair 3,27% e voltou a trabalhar abaixo dos 50 mil pontos. "A Bovespa não teve motivo para se descolar e acompanhou o mercado lá fora. Os dados de desemprego até vieram
melhor que o esperado, mas
não permitiu um descolamento", disse Kelly Trentin, analista da corretora SLW.
"O pessimismo internacional
abriu espaço para correção na
Bolsa", disse Newtons Rosa,
economista-chefe da Sul América Investimentos.
Após três dias de queda, o dólar comercial voltou ontem a
subir. Terminou o dia com valorização de 0,39%, novamente
a R$ 2,037. Um dia após comprar cerca de US$ 1,2 bilhão em
"cash" dos bancos, o BC voltou
a adquirir a moeda americana.
O volume, no entanto, não passou de US$ 52 milhões, um dos
menores em maio. "O dólar deve cair mais até o final do mês,
depois pode ter alguma recuperação", disse Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO.
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