São Paulo, sábado, 22 de maio de 2010

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Ford anuncia recall de 166 mil veículos Ka

Em 5 meses, montadoras convocaram mais de 770 mil proprietários de carros para reparos; quantidade já supera a de todo o ano passado

Ford diz que pode haver falha no sistema elétrico; para especialista, volume de recalls no país denota falta de qualidade na produção

VERENA FORNETTI
DA REDAÇÃO

A Ford convocou ontem 166.460 proprietários do Novo Ka para fazer reparos nos carros. Com esse e os outros recalls anunciados recentemente no país, o número de veículos convocados para conserto em cinco meses neste ano supera o total dos que foram convocados no ano passado inteiro.
Até ontem, cerca de 772 mil veículos foram envolvidos em recalls. No ano passado, foram 459 mil. Há três anos, a quantidade de carros convocados ficou em 254 mil.
Segundo a Ford, o chamamento anunciado ontem foi motivado por registros de acidentes que envolveram o problema no Novo Ka. A falha detectada está no chicote elétrico -um conjunto de cabos que conduzem eletricidade. Em alguns casos, o defeito pode causar queima de componentes ou um curto-circuito no veículo.
A montadora informou, por meio de sua assessoria, que esses acidentes ocorreram quando as unidades ainda estavam protegidas pela garantia da empresa e que, após a investigação dos casos, decidiu convocar os proprietários para vistorias.
Donos do modelo Ka anos 2008 e 2009, de todos os chassis, e os do modelo 2010, com números de série até AB203702, devem agendar a supervisão a partir de segunda.
Neste mês, outras duas montadoras fizeram recalls: a GM, para o Hummer, e a Toyota, para o Corolla. Em abril, a Ford chamou donos do Fusion e a Peugeot Citroën, do C4 hatch e do C4 Pallas. No mês passado, a Volks também fez recall do Novo Gol e do Voyage.
A advogada Polyanna Carlos da Silva, da ProTeste (associação de defesa do consumidor), ressalta que o número de convocações de veículos feitas neste ano é preocupante.
"Recalls deveriam ser a exceção, mas estão virando a regra. Os carros deveriam sair de fábrica com qualidade que garantisse a segurança dos consumidores, mas a quantidade de recalls denota que está havendo uma falha no processo produtivo", diz a especialista.
A advogada diz que a pressão dos consumidores sobre as montadoras e o acompanhamento de convocações anunciadas em outros países têm contribuído para estimular a convocação de recalls e, assim, evitar acidentes relacionados a produtos defeituosos.
O diretor-executivo do Procon-SP, Roberto Pfeiffer, diz que a vigilância sobre montadoras igualmente ficou mais incisiva por parte das instituições brasileiras de defesa do consumidor. Segundo ele, a Justiça do país também tem sido mais dura quando há suspeitas.
No mês passado, em Minas Gerais, Ministério Público e Procon conseguiram proibir a venda do Corolla por suspeita de aceleração involuntária do carro. A comercialização já foi normalizada no Estado.
Pfeiffer destaca que ficaram mais recorrentes os casos em que as empresas são obrigadas a convocar os consumidores para sanar problemas.
Em 2008, a Volks precisou fazer recall do Fox por falha no sistema de movimentação do banco. Neste ano, por imposição, a Fiat chamou donos do Stilo e a Toyota, do Corolla.
O Procon-SP investiga hoje ao menos outros quatro casos de defeitos em veículos que poderiam justificar convocação de recall compulsório.


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