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Ford anuncia recall de 166 mil veículos Ka
Em 5 meses, montadoras convocaram mais de 770 mil proprietários de carros para reparos; quantidade já supera a de todo o ano passado
Ford diz que pode haver falha no sistema elétrico; para especialista, volume de recalls no país denota falta de qualidade na produção
VERENA FORNETTI
DA REDAÇÃO
A Ford convocou ontem
166.460 proprietários do Novo
Ka para fazer reparos nos carros. Com esse e os outros recalls anunciados recentemente
no país, o número de veículos
convocados para conserto em
cinco meses neste ano supera o
total dos que foram convocados
no ano passado inteiro.
Até ontem, cerca de 772 mil
veículos foram envolvidos em
recalls. No ano passado, foram
459 mil. Há três anos, a quantidade de carros convocados ficou em 254 mil.
Segundo a Ford, o chamamento anunciado ontem foi
motivado por registros de acidentes que envolveram o problema no Novo Ka. A falha detectada está no chicote elétrico
-um conjunto de cabos que
conduzem eletricidade. Em alguns casos, o defeito pode causar queima de componentes ou
um curto-circuito no veículo.
A montadora informou, por
meio de sua assessoria, que esses acidentes ocorreram quando as unidades ainda estavam
protegidas pela garantia da empresa e que, após a investigação
dos casos, decidiu convocar os
proprietários para vistorias.
Donos do modelo Ka anos
2008 e 2009, de todos os chassis, e os do modelo 2010, com
números de série até
AB203702, devem agendar a
supervisão a partir de segunda.
Neste mês, outras duas montadoras fizeram recalls: a GM,
para o Hummer, e a Toyota, para o Corolla. Em abril, a Ford
chamou donos do Fusion e a
Peugeot Citroën, do C4 hatch e
do C4 Pallas. No mês passado, a
Volks também fez recall do Novo Gol e do Voyage.
A advogada Polyanna Carlos
da Silva, da ProTeste (associação de defesa do consumidor),
ressalta que o número de convocações de veículos feitas neste ano é preocupante.
"Recalls deveriam ser a exceção, mas estão virando a regra.
Os carros deveriam sair de fábrica com qualidade que garantisse a segurança dos consumidores, mas a quantidade de recalls denota que está havendo
uma falha no processo produtivo", diz a especialista.
A advogada diz que a pressão
dos consumidores sobre as
montadoras e o acompanhamento de convocações anunciadas em outros países têm
contribuído para estimular a
convocação de recalls e, assim,
evitar acidentes relacionados a
produtos defeituosos.
O diretor-executivo do Procon-SP, Roberto Pfeiffer, diz
que a vigilância sobre montadoras igualmente ficou mais incisiva por parte das instituições
brasileiras de defesa do consumidor. Segundo ele, a Justiça
do país também tem sido mais
dura quando há suspeitas.
No mês passado, em Minas
Gerais, Ministério Público e
Procon conseguiram proibir a
venda do Corolla por suspeita
de aceleração involuntária do
carro. A comercialização já foi
normalizada no Estado.
Pfeiffer destaca que ficaram
mais recorrentes os casos em
que as empresas são obrigadas
a convocar os consumidores
para sanar problemas.
Em 2008, a Volks precisou
fazer recall do Fox por falha no
sistema de movimentação do
banco. Neste ano, por imposição, a Fiat chamou donos do
Stilo e a Toyota, do Corolla.
O Procon-SP investiga hoje
ao menos outros quatro casos
de defeitos em veículos que poderiam justificar convocação
de recall compulsório.
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