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Após 6 pregões de queda, Bolsa de São Paulo avança 3,5%
Apesar de reação, perdas na semana ficaram em 5%
EPAMINONDAS NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os seis pregões consecutivos
de perdas na Bolsa brasileira
deixaram algumas ações baratas o suficiente para atrair compradores, mesmo num cenário
de aversão aguda ao risco.
A Bovespa (Bolsa de Valores
de São Paulo) registrou um forte ganho de 3,5% ontem. Mas
na semana as perdas ainda ficaram em 4,97%.
Algumas das ações mais negociadas pelos investidores se
valorizaram entre 6% e 8%, como no caso dos papéis da Vale,
da OGX e da CSN.
"Um dia antes, todos os mercados caíram muito forte, e o
repique de alta foi até muito natural. As incertezas [sobre a crise na Europa] continuam muito fortes. Não é o momento de
fazer grandes apostas. A volatilidade deve continuar alta pelos
próximos 30 dias", disse Clodoir Vieira, economista-chefe
da corretora Souza Barros.
Praticamente o mesmo ocorreu nas Bolsas americanas. Referência mundial, o índice de
ações Dow Jones cedeu para
um nível de preços considerado
baixo demais, o que disparou
uma onda de compras e fez a
Bolsa de Nova York fechar com
avanço de 1,25%.
Os mercados da Europa encerraram antes desse repique
nos preços. A Bolsa de Londres
cedeu 0,20%. As ações recuaram 0,65% em Frankfurt e apenas 0,05% em Paris.
A taxa de câmbio brasileira
estancou a escalada dos últimos dias e se manteve no patamar de R$ 1,86. A oscilação dos
preços no dia revela como anda
o "estado de nervos" dos agentes financeiros: pela manhã, foram feitos negócios com o dólar
a R$ 1,90, e à tarde, por R$ 1,84.
Há divergências entre os
analistas sobre quanto tempo
será necessário para que a volatilidade dos negócios "volte ao
normal". Para a parcela mais
otimista, talvez sejam necessárias apenas poucas semanas para que investidores e analistas
tenham visão mais clara dos
desdobramentos da crise.
Para outra parcela, não será
antes de um mês, ou mais, que
Bolsas e moedas terão dias
mais calmos.
"Os mercados precisam ver
notícias concretas acontecendo. Se os Parlamentos [dos países europeus] aprovarem as
medidas para cortar gastos públicos, por exemplo, isso será
um fato concreto", diz Vieira.
Expectativas
Uma das notícias que geraram mais nervosismo ao longo
da semana -e também abalaram a moeda europeia- foi a
iniciativa unilateral da Alemanha de tentar conter operações
especulativas.
O mercado já é naturalmente
avesso às regras que tolhem
"seus movimentos". E o estresse aumentou ainda mais quando surgiram rumores, que ganharam força na quinta-feira,
de que outros países seguiriam
o exemplo alemão.
Outros analistas preferiram
destacar a falta de coordenação
entre as nações para enfrentar
a crise. É uma crítica recorrente entre economistas para diferenciar a crise atual da de 2008.
Lá, "o epicentro" ocorreu em
um só país (os EUA), que tinha
recursos e unidade para fazer o
que fosse necessário.
Para muitos, a natureza mais
fragmentária da União Europeia, em comparação com os
Estados Unidos, prejudica a tomada de decisões e deixa os
mercados mais apreensivos.
Analistas veem poucas chances de que a semana que vem
seja mais calma.
A agenda econômica, no entanto, tem outros pontos de
destaque, como o anúncio do
PIB (Produto Interno Bruto)
do Reino Unido, os números
das contas públicas e do emprego no Brasil e as estatísticas de
renda e gastos das famílias nos
Estados Unidos.
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