São Paulo, sábado, 22 de maio de 2010

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Após 6 pregões de queda, Bolsa de São Paulo avança 3,5%

Apesar de reação, perdas na semana ficaram em 5%

EPAMINONDAS NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os seis pregões consecutivos de perdas na Bolsa brasileira deixaram algumas ações baratas o suficiente para atrair compradores, mesmo num cenário de aversão aguda ao risco.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) registrou um forte ganho de 3,5% ontem. Mas na semana as perdas ainda ficaram em 4,97%.
Algumas das ações mais negociadas pelos investidores se valorizaram entre 6% e 8%, como no caso dos papéis da Vale, da OGX e da CSN.
"Um dia antes, todos os mercados caíram muito forte, e o repique de alta foi até muito natural. As incertezas [sobre a crise na Europa] continuam muito fortes. Não é o momento de fazer grandes apostas. A volatilidade deve continuar alta pelos próximos 30 dias", disse Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros.
Praticamente o mesmo ocorreu nas Bolsas americanas. Referência mundial, o índice de ações Dow Jones cedeu para um nível de preços considerado baixo demais, o que disparou uma onda de compras e fez a Bolsa de Nova York fechar com avanço de 1,25%.
Os mercados da Europa encerraram antes desse repique nos preços. A Bolsa de Londres cedeu 0,20%. As ações recuaram 0,65% em Frankfurt e apenas 0,05% em Paris.
A taxa de câmbio brasileira estancou a escalada dos últimos dias e se manteve no patamar de R$ 1,86. A oscilação dos preços no dia revela como anda o "estado de nervos" dos agentes financeiros: pela manhã, foram feitos negócios com o dólar a R$ 1,90, e à tarde, por R$ 1,84.
Há divergências entre os analistas sobre quanto tempo será necessário para que a volatilidade dos negócios "volte ao normal". Para a parcela mais otimista, talvez sejam necessárias apenas poucas semanas para que investidores e analistas tenham visão mais clara dos desdobramentos da crise.
Para outra parcela, não será antes de um mês, ou mais, que Bolsas e moedas terão dias mais calmos.
"Os mercados precisam ver notícias concretas acontecendo. Se os Parlamentos [dos países europeus] aprovarem as medidas para cortar gastos públicos, por exemplo, isso será um fato concreto", diz Vieira.

Expectativas
Uma das notícias que geraram mais nervosismo ao longo da semana -e também abalaram a moeda europeia- foi a iniciativa unilateral da Alemanha de tentar conter operações especulativas.
O mercado já é naturalmente avesso às regras que tolhem "seus movimentos". E o estresse aumentou ainda mais quando surgiram rumores, que ganharam força na quinta-feira, de que outros países seguiriam o exemplo alemão.
Outros analistas preferiram destacar a falta de coordenação entre as nações para enfrentar a crise. É uma crítica recorrente entre economistas para diferenciar a crise atual da de 2008. Lá, "o epicentro" ocorreu em um só país (os EUA), que tinha recursos e unidade para fazer o que fosse necessário.
Para muitos, a natureza mais fragmentária da União Europeia, em comparação com os Estados Unidos, prejudica a tomada de decisões e deixa os mercados mais apreensivos.
Analistas veem poucas chances de que a semana que vem seja mais calma.
A agenda econômica, no entanto, tem outros pontos de destaque, como o anúncio do PIB (Produto Interno Bruto) do Reino Unido, os números das contas públicas e do emprego no Brasil e as estatísticas de renda e gastos das famílias nos Estados Unidos.


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