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POLÍTICA ECONÔMICA
Gustavo Franco fizera crítica semelhante
Eris também critica "inflation targeting"
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
O ex-presidente do Banco Central Ibrahim Eris criticou ontem a
decisão do governo de adotar o
modelo de metas de inflação ("inflation targeting"), a exemplo do
que o também ex-presidente do
BC Gustavo Franco havia feito na
véspera.
"O Gustavo Franco tem certa razão quando diz que o sistema cheira a fracasso", disse Eris, que participou do seminário "A Retomada
Econômica em Questão", ontem
em São Paulo.
A crítica de Eris, entretanto, não
foi ao modelo. Segundo ele, não
existe necessidade de se adotar o
"inflation targeting" agora. Por esse sistema, o governo fixa metas
inflacionárias por determinados
períodos e o BC só toma medidas
de combate à inflação caso as metas sejam ameaçadas.
"Não vejo demanda da sociedade
para que o BC assuma novos compromissos. Em time que está ganhando não se mexe. Não são precisos números para a sociedade
achar que o BC está agindo com
transparência", disse Eris.
Segundo ele, a tentativa do BC de
dar mais transparência a seus
compromissos poderia ter efeito
contrário. "O BC pode perder credibilidade se as metas não forem
alcançadas."
A idéia foi lançada pelo governo
quando a expectativa de inflação
era a pior possível, disse ele. "A
verdade é que hoje a inflação é zero
e vai continuar por um bom tempo. Eu voltaria atrás."
O diretor de Política Monetária
do BC, Luiz Fernando Figueiredo,
respondeu ao questionamento
afirmando que "nada é mais transparente do que a sociedade saber
quais são os nossos objetivos".
Armínio Fraga, presidente do
BC, também presente no seminário, disse que o ministro Pedro Malan (Fazenda) anunciará no final
de junho as metas de inflação para
os próximos dois anos e meio.
Segundo ele, o sistema será uma
espécie de banda. Haverá uma meta e um intervalo de variação, para
mais e para menos.
Fraga negou que as metas de inflação poderão funcionar como indexadores da economia.
O diretor de Política Econômica
do BC, Sérgio Werlang, sugeriu no
Rio que Gustavo Franco não conhece suficientemente a proposta.
Werlang disse que Franco não
compareceu ao seminário promovido pelo BC, no Rio, que tratou do
assunto, com técnicos de bancos
centrais de países onde o sistema
de metas de inflação é usado, como
o Reino Unido, embora tenha sido
convidado.
Ele afirmou ainda que mandaria
material sobre o que foi discutido
para Gustavo Franco para que ele
possa esclarecer suas dúvidas.
Colaborou a Sucursal do Rio
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