São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2004

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VOLTA AO PASSADO

Defendendo inspiração em Vargas, presidente do BNDES diz que é visto como "monstro jurássico"

Críticas são "carícias", afirma Carlos Lessa

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Após coordenar seminário sobre "Vargas e o Projeto de Desenvolvimento Nacional", o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, chamou de "carícias" as críticas liberais que o tratam como um "monstro jurássico", com idéias voltadas para o passado.
"A crítica fácil é essa [a de que ele quer o retorno ao passado]. Já me chamaram de monstro jurássico etc. Na verdade, essas coisas são carícias. Elas [as críticas] não têm conteúdo", disse após o evento, realizado no dia em que o BNDES fez 52 anos.
O seminário de ontem foi o segundo de três que o BNDES promoverá neste ano sobre a influência do ex-presidente Getúlio Vargas (1930-1945 e 1951-1954) no desenvolvimento do país. No dia 24 de agosto faz 50 anos que Vargas morreu.
Além dos três seminários, que deverão ser editados em livro, o BNDES pretende inaugurar um busto do ex-presidente na passarela de pedestres que une o prédio do banco ao da Petrobras, no centro do Rio. As duas empresas foram criadas no segundo governo Vargas.
Neste ano, o BNDES também já realizou exposição de fotos e quadros com retratos de Vargas, com o sugestivo nome de "Bota o Retrato do Velho Outra Vez", tirado da conhecida marcha de Carnaval feita por Haroldo Lobo e Marino Pinto em homenagem a Vargas, gravada por Francisco Alves em 1951.
O seminário de ontem discutiu o tema "Povo e Inclusão Social" no governo Vargas. "Há 50 anos atrás havia fome. Hoje, continua havendo. O Estado e a sociedade discutiam a questão e continuam discutindo", afirmou Lessa para ilustrar sua proposta de que há aspectos da chamada era Vargas que devem ser rediscutidos sob uma perspectiva atual.
Lessa disse que o tema do desenvolvimento foi abandonado no Brasil por 20 anos. "Explicitamente, Fernando Henrique Cardoso [presidente de 1995 a 2002] propôs acabar com a era Vargas", disse, defendendo a retomada do debate sobre o tema, usando Vargas como referência.


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