São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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Meta de inflação de 2009 deve ser mantida em 4,5%

Mantega repete Lula e sinaliza preferência pelo mesmo percentual de 2007 e 2008

Ministro da Fazenda diz que real valorizado e aumento das importações são "antídotos poderosos" contra a inflação


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Guido Mantega (Fazenda) repetiu o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defendeu que a meta de inflação de 2009 deve ficar em 4,5%, mesmo patamar de 2007 e 2008. Se mantida nesse nível, diz o ministro, a meta vai permitir que a economia cresça sem interrupção nos próximos anos. Apesar da defesa das declarações de Lula e Mantega, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) -que já defendeu a redução da meta para 4%- disse que a questão ainda precisa ser debatida.
Mantega defende a manutenção do número com a avaliação de que uma meta mais ambiciosa poderia obrigar o Banco Central a ser ainda mais rigoroso em suas decisões em caso de volatilidade do mercado financeiro. Com 4,5%, diz Mantega, o BC teria "folga" para a política monetária. A meta de inflação será tema de decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional), que se reúne na próxima semana.
Sem essa folga, o ministro acredita que a economia brasileira estaria mais exposta à alta do juro. "E queremos eliminar essa possibilidade de modo que o crescimento não seja interrompido no país." Mantega brincou ainda ao dizer que a meta estável reduziria a chance de ele incomodar o BC. "Minha preocupação é deixar o pessoal do BC nervoso, ansioso."
Apesar da preocupação com o Copom (Comitê de Política Monetária), o ministro disse que a importância do juro no controle de preços tem caído. Ele cita que hoje o câmbio tem exercido papel mais importante nesse tema e que o real valorizado e o aumento das importações são dois "antídotos poderosos contra a inflação".
O discurso de Mantega é semelhante ao do presidente da República. Em entrevista ao jornal "Valor" publicada ontem, Lula sinalizou que prefere manter a meta em 4,5%. O argumento é que o Brasil já sofreu com o aperto da economia para o controle da inflação nos últimos anos e que ele não tem direito político de fazer um novo arrocho na economia.
Mesmo com o discurso de Lula e Mantega, Paulo Bernardo disse que o tema ainda está aberto e precisa ser discutido. No Congresso, o responsável pelo Planejamento disse que a equipe econômica precisa debater o tema e que nada foi decidido. Ao ser informado da opinião de Lula, Bernardo voltou atrás e disse que não discordaria do "meu presidente".
A discussão sobre a redução da meta surgiu entre os economistas após a desaceleração dos índices de preço. Economistas que defendem essa tese argumentam que a inflação já está baixa e que a redução do indicador não exigiria esforço adicional. Também citam que a meta brasileira ainda é elevada se comparada à de outros países que adotam o sistema.
No mais recente relatório Focus do BC, o mercado prevê que a inflação medida pelo IPCA fique em 3,59% em 2007.


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