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Meta de inflação de 2009 deve ser mantida em 4,5%
Mantega repete Lula e sinaliza preferência pelo mesmo percentual de 2007 e 2008
Ministro da Fazenda diz que real valorizado e aumento das importações são "antídotos poderosos" contra a inflação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) repetiu o discurso
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e defendeu que a meta
de inflação de 2009 deve ficar
em 4,5%, mesmo patamar de
2007 e 2008. Se mantida nesse
nível, diz o ministro, a meta vai
permitir que a economia cresça
sem interrupção nos próximos
anos. Apesar da defesa das declarações de Lula e Mantega, o
ministro Paulo Bernardo (Planejamento) -que já defendeu a
redução da meta para 4%- disse que a questão ainda precisa
ser debatida.
Mantega defende a manutenção do número com a avaliação de que uma meta mais
ambiciosa poderia obrigar o
Banco Central a ser ainda mais
rigoroso em suas decisões em
caso de volatilidade do mercado financeiro. Com 4,5%, diz
Mantega, o BC teria "folga" para a política monetária. A meta
de inflação será tema de decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional), que se reúne na
próxima semana.
Sem essa folga, o ministro
acredita que a economia brasileira estaria mais exposta à alta
do juro. "E queremos eliminar
essa possibilidade de modo que
o crescimento não seja interrompido no país." Mantega
brincou ainda ao dizer que a
meta estável reduziria a chance
de ele incomodar o BC. "Minha
preocupação é deixar o pessoal
do BC nervoso, ansioso."
Apesar da preocupação com
o Copom (Comitê de Política
Monetária), o ministro disse
que a importância do juro no
controle de preços tem caído.
Ele cita que hoje o câmbio tem
exercido papel mais importante nesse tema e que o real valorizado e o aumento das importações são dois "antídotos poderosos contra a inflação".
O discurso de Mantega é semelhante ao do presidente da
República. Em entrevista ao
jornal "Valor" publicada ontem, Lula sinalizou que prefere
manter a meta em 4,5%. O argumento é que o Brasil já sofreu com o aperto da economia
para o controle da inflação nos
últimos anos e que ele não tem
direito político de fazer um novo arrocho na economia.
Mesmo com o discurso de
Lula e Mantega, Paulo Bernardo disse que o tema ainda está
aberto e precisa ser discutido.
No Congresso, o responsável
pelo Planejamento disse que a
equipe econômica precisa debater o tema e que nada foi decidido. Ao ser informado da
opinião de Lula, Bernardo voltou atrás e disse que não discordaria do "meu presidente".
A discussão sobre a redução
da meta surgiu entre os economistas após a desaceleração
dos índices de preço. Economistas que defendem essa tese
argumentam que a inflação já
está baixa e que a redução do
indicador não exigiria esforço
adicional. Também citam que a
meta brasileira ainda é elevada
se comparada à de outros países que adotam o sistema.
No mais recente relatório
Focus do BC, o mercado prevê
que a inflação medida pelo IPCA fique em 3,59% em 2007.
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