São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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Presidente do BB elogia nomeação de políticos

Maguito Vilela, ex-governador de Goiás e sem experiência no setor financeiro, é ameaça aos concorrentes, diz Lima Neto

"Ele [Maguito] tem conhecimento desse mercado [folhas salariais de Estados]. Se fosse os competidores, tomaria cuidado", diz Lima


FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco do Brasil, Antônio Lima Neto, disse estar otimista com a indicação do PMDB para uma das novas vice-presidências da instituição. Para ele, o ex-senador e governador de Goiás Maguito Vilela vai representar "um passo à frente" para o maior banco brasileiro e uma ameaça à concorrência.
"Ele [Maguito] vem para agregar, tem conhecimento desse mercado. Se eu fosse os competidores, tomaria cuidado", disse. O ex-governador vai ocupar a nova diretoria de governo do banco. O cargo é responsável pelo relacionamento do BB com o poder público e, principalmente, pela negociação para a aquisição do direito de administrar folhas de pagamento de Estados e municípios.
Apesar do caráter político da indicação e da inexperiência de Maguito no setor financeiro, Lima Neto acredita que o ex-governador vá contribuir para as atividades da nova diretoria. "Queremos o senador aqui porque ele vai nos ajudar muito. É uma pessoa que tem bom trânsito, entende esse negócio e sabe falar com esse povo."
O presidente do banco também elogiou a indicação de Luís Carlos Guedes para a diretoria de agronegócios. Lima Neto lembrou que o ex-ministro da Agricultura sempre esteve ligado ao setor e que, por isso, é gabaritado para ocupar o cargo. "São duas pessoas que vêm para agregar, e o BB muda de patamar com esses profissionais que foram treinados a vida toda para cuidar disso", disse.
Lima Neto explicou a reformulação da diretoria ao citar que é preciso separar áreas diferentes, como agronegócios e governo, para que o banco possa dar mais atenção aos segmentos. "Não faz mais sentido. É humanamente impossível uma pessoa cuidar de tudo isso", disse. Hoje as duas áreas estão em uma única diretoria.
A expectativa do BB é que a nomeação dos novos diretores saia em até um mês. Nesse período, é preciso esperar a edição de um decreto para a alteração da estrutura da diretoria do banco e, depois, uma assembléia geral de acionistas será convocada para a aprovação das alterações.
André Borghesan, analista da corretora Souza Barros, avalia que o risco político atrelado ao BB ainda existe, mas é menor que o visto no passado.
"Esse perigo sempre está ligado ao banco e ainda é considerado pelos investidores. Mas em um grau de preocupação menor que o visto há alguns anos", disse o analista.
Borghesan observa que, apesar desse risco, o BB tem trabalhado para tentar imprimir um caráter mais profissional à sua administração. Borghesan cita como ação mais importante a migração do banco ao Novo Mercado da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), decisão que obriga a direção da instituição a adotar medidas mais transparentes de governança. "Por isso, acredito ser possível que essa mudança acabe trazendo frutos", disse.


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