São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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ROGER AGNELLI

Internacionalizar é preciso


As empresas brasileiras têm de ter coragem para entrar nos mercados que crescem, como Ásia e América Latina

O MUNDO tem passado por uma extraordinária fase de crescimento. Precisamos aproveitá-la e nos lançar ao mercado global. A internacionalização é questão estratégica para as empresas e, principalmente, para o país. O Brasil vive um momento particular em sua história. A economia cresce, a inflação está controlada, o real é uma moeda forte e os investimentos estão em alta. As empresas brasileiras têm de ter coragem para, aproveitando esse ambiente, entrar nos mercados que crescem, como Ásia e América Latina.
Elas precisam se preparar para uma competição que há de vir, ganhando acesso a novos mercados, tecnologia, capital e produtos competitivos. Quando presentes em outros países, temos também acesso a informações que ajudam a definir oportunidades, investimentos, criando-se, assim, um círculo virtuoso. O capital brasileiro investido no exterior gera renda e retorna por meio de fluxo de caixa e dividendos, permitindo mais ganhos.
Não nos iludamos: a concorrência futura já está se formando e é estratégico para o Brasil enfrentá-la. Terá problemas quem não estiver pronto para encarar os gigantes do Oriente, que têm recursos, mercado interno, tecnologia, gente bem formada e, principalmente, vontade de crescer. Enfrentar o adversário no seu campo e, em alguns casos, aliar-se a ele é uma boa estratégia para ampliar os horizontes do país e das empresas.
Vivemos um momento propício à internacionalização. O Brasil está na moda. O presidente Lula, com sua origem, seu sucesso e carisma tem ajudado muito a fortalecer a "marca Brasil". Os brasileiros são reconhecidos pelo talento individual. A criatividade e o jogo de cintura, características do empresariado brasileiro para enfrentar adversidades, são fatores competitivos. Nossos produtos têm conquistado espaço no mercado internacional e vários países dependem dos produtos de que o Brasil já é grande produtor. Resta-nos, então, tirar proveito disso.
No entanto ainda somos tímidos nesse jogo. Pesquisa do Boston Consulting mostra que, no ranking das 100 maiores empresas globais de países emergentes, a liderança é da China, com 41 companhias. Em segundo, a Índia, com 20. O Brasil é o terceiro, com apenas 13. Os números demonstram a agressividade da China e da Índia no apoio à internacionalização de suas empresas.
Até pouco tempo atrás, no cenário mundial, o Brasil era conhecido por sua beleza natural, pelo Carnaval e pelo futebol. Hoje, é também reconhecido pela competência empresarial e como um forte competidor potencial. Empresas como Vale, Gerdau, Odebrecht e Embraer, entre outras, vendem a imagem de um país vencedor e despertam entre os estrangeiros interesse crescente pelo Brasil. Os interesses do Brasil e das empresas são coincidentes, pois a presença das empresas nacionais no mercado global traz frutos imediatos para o país e, sobretudo, abre perspectivas para as novas gerações.
A expansão das empresas multinacionais brasileiras é, portanto, estratégica porque poderá gerar oportunidades de trabalho para o talento brasileiro e ampliar os horizontes do Brasil.


ROGER AGNELLI , 49, economista e diretor-presidente da Vale, passa a escrever neste espaço a cada quatro semanas.


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