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Meta de inflação de 2011 deve ficar em 4,5%
Boa parte do mercado financeiro espera que o Conselho Monetário Nacional mantenha o alvo para o IPCA em reunião nesta semana
Avaliação é que percentual em vigor nos últimos anos
tem sido adequado para
acomodar as necessidades
da economia brasileira
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O CMN (Conselho Monetário Nacional) decide na próxima quarta-feira qual será a meta de inflação para 2011. Boa
parte do mercado financeiro
tem a expectativa de que a meta
será mantida em 4,5% ao ano.
A avaliação é que esse percentual, medido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo), tem sido adequado para acomodar as necessidades da
economia brasileira.
"A meta de 4,5% permite
crescimento médio bastante
razoável e tem sido capaz de
proteger a renda real do trabalho", diz Sérgio Werlang, que,
como diretor do Banco Central,
foi responsável pela implantação do regime de metas de inflação, há dez anos.
Werlang, que hoje é vice-presidente-executivo do Itaú-Unibanco, diz que a legislação no
Brasil tem uma tendência mais
inflacionária que no resto do
mundo. A Constituição proíbe
corte de salários nominais e há
reajustes do salário mínimo todos os anos.
Não poder cortar salários nominais, na opinião de Werlang,
já é razão para haver ajuste da
economia mais por via da inflação porque, se houver contração de demanda, não poderá
ocorrer queda de salários.
"Ou há mais recessão que o
necessário, se a inflação tiver
que ser baixa, ou um ajuste via
inflação, que diminui o salário
real, embora o nominal não
possa cair."
Reajustes do salário mínimo,
até mesmo acima da inflação
passada todos os anos, ajudam
a causar "impulso inflacionário
subjacente à economia", diz.
"Com essas características [entre outros fatores], é de esperar
que a meta de longo prazo de
inflação no Brasil seja mais alta
que no resto do mundo e, por
isso, acho provável que o CMN
mantenha a meta."
Para Paulo Tenani, sócio da
Pragma Patrimônio e professor
da FGV, não seria ruim manter
4,5% ao ano como meta.
"Não mudá-la dá objetivo
bem claro para a política monetária, e esse percentual é condizente com o que o Brasil pode
entregar", diz, ao lembrar que a
política monetária é um sinal
do que se pretende atingir.
Mudança no regime
Para Werlang, não há necessidade de uma mudança fundamental no sistema de metas de
inflação, mas pode haver um
aperfeiçoamento. Ele sugere a
criação de um índice de preços
de ativos, que incluiria pelo menos ações e imóveis (incluindo
prédios e terrenos).
"Se acontecesse um aumento
desse índice muito acentuado,
seria um indicador da necessidade de elevar juros, mesmo
que a inflação estivesse sob
controle. Com isso, seriam evitadas bolhas de ativos, que poderiam, se não houvesse alta
dos juros, causar uma recessão
quando a bolha estourasse."
Werlang destaca que seriam
necessários estudos e aprendizagem com a recente crise para
definir o que é um aumento
acentuado dos índices de ativos
e qual deve ser a reação dos juros quando os preços dos ativos
subirem muito e a inflação estiver abaixo da meta.
Para Tenani, o regime pode
ser aperfeiçoado se o BC usar,
além dos juros, outros instrumentos no combate à inflação,
como uma política de compulsórios mais ativa e controle do
estoque de moeda em circulação, além de uma melhor coordenação vinda da política fiscal.
Tenani considera interessante começar a trabalhar a
ideia de um indicador de preços
de ativos. Para ele, o sistema de
metas foi eficiente.
"Se quiser mais crescimento,
será preciso aumentar a produtividade, entre outros fatores.
Não é emitindo moeda."
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