São Paulo, segunda-feira, 22 de junho de 2009

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Meta de inflação de 2011 deve ficar em 4,5%

Boa parte do mercado financeiro espera que o Conselho Monetário Nacional mantenha o alvo para o IPCA em reunião nesta semana

Avaliação é que percentual em vigor nos últimos anos tem sido adequado para acomodar as necessidades da economia brasileira


MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O CMN (Conselho Monetário Nacional) decide na próxima quarta-feira qual será a meta de inflação para 2011. Boa parte do mercado financeiro tem a expectativa de que a meta será mantida em 4,5% ao ano.
A avaliação é que esse percentual, medido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), tem sido adequado para acomodar as necessidades da economia brasileira.
"A meta de 4,5% permite crescimento médio bastante razoável e tem sido capaz de proteger a renda real do trabalho", diz Sérgio Werlang, que, como diretor do Banco Central, foi responsável pela implantação do regime de metas de inflação, há dez anos.
Werlang, que hoje é vice-presidente-executivo do Itaú-Unibanco, diz que a legislação no Brasil tem uma tendência mais inflacionária que no resto do mundo. A Constituição proíbe corte de salários nominais e há reajustes do salário mínimo todos os anos.
Não poder cortar salários nominais, na opinião de Werlang, já é razão para haver ajuste da economia mais por via da inflação porque, se houver contração de demanda, não poderá ocorrer queda de salários.
"Ou há mais recessão que o necessário, se a inflação tiver que ser baixa, ou um ajuste via inflação, que diminui o salário real, embora o nominal não possa cair."
Reajustes do salário mínimo, até mesmo acima da inflação passada todos os anos, ajudam a causar "impulso inflacionário subjacente à economia", diz. "Com essas características [entre outros fatores], é de esperar que a meta de longo prazo de inflação no Brasil seja mais alta que no resto do mundo e, por isso, acho provável que o CMN mantenha a meta."
Para Paulo Tenani, sócio da Pragma Patrimônio e professor da FGV, não seria ruim manter 4,5% ao ano como meta.
"Não mudá-la dá objetivo bem claro para a política monetária, e esse percentual é condizente com o que o Brasil pode entregar", diz, ao lembrar que a política monetária é um sinal do que se pretende atingir.

Mudança no regime
Para Werlang, não há necessidade de uma mudança fundamental no sistema de metas de inflação, mas pode haver um aperfeiçoamento. Ele sugere a criação de um índice de preços de ativos, que incluiria pelo menos ações e imóveis (incluindo prédios e terrenos).
"Se acontecesse um aumento desse índice muito acentuado, seria um indicador da necessidade de elevar juros, mesmo que a inflação estivesse sob controle. Com isso, seriam evitadas bolhas de ativos, que poderiam, se não houvesse alta dos juros, causar uma recessão quando a bolha estourasse."
Werlang destaca que seriam necessários estudos e aprendizagem com a recente crise para definir o que é um aumento acentuado dos índices de ativos e qual deve ser a reação dos juros quando os preços dos ativos subirem muito e a inflação estiver abaixo da meta.
Para Tenani, o regime pode ser aperfeiçoado se o BC usar, além dos juros, outros instrumentos no combate à inflação, como uma política de compulsórios mais ativa e controle do estoque de moeda em circulação, além de uma melhor coordenação vinda da política fiscal.
Tenani considera interessante começar a trabalhar a ideia de um indicador de preços de ativos. Para ele, o sistema de metas foi eficiente.
"Se quiser mais crescimento, será preciso aumentar a produtividade, entre outros fatores. Não é emitindo moeda."


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