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Empresas aéreas mantêm tarifas, apesar de liberação
Em alguns casos, preços estão acima dos mínimos que deixaram de vigorar
Companhias podem dar
desconto de 20% nos preços
mínimos que prevaleciam
até 22 de abril; tarifa será
totalmente liberada até 2010
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
As companhias aéreas que
atuam no Brasil têm ignorado a
autorização dada pela Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) para reduzir os preços
das passagens internacionais
de longo curso. E ainda cobram
preços acima dos mínimos que
já deixaram de vigorar.
Desde 22 de abril, as companhias estão autorizadas a dar
um desconto de 20% nos preços mínimos que estavam em
vigor até então. A Anac pretende liberar todos os preços gradualmente até abril de 2010.
O objetivo da agência, quando anunciou a decisão, era "estimular a concorrência entre as
empresas e ajudar a encher
voos em período de crise".
Pesquisa realizada pela Folha na internet entre os dias 16
e 19 deste mês mostra que as
companhias estão longe do novo piso. Na maior parte dos casos, os preços ainda estão acima dos limites anteriores.
Foram pesquisadas passagens para Nova York, Paris,
Madri, Frankfurt e Londres,
em dois períodos de baixa temporada -setembro de 2009 e
abril de 2010- em bilhetes de
ida e volta.
Até abril, o preço mínimo de
passagens para Nova York era
de R$ 1.380. Agora, as companhias podem vendê-la por até
R$ 1.104. Para embarque em setembro, United Airlines vende
a R$ 1.226. TAM, Delta, Continental e American Airlines têm
bilhetes acima do piso antigo.
Para o fim de abril de 2010
-quando os preços das passagens estarão liberados, segundo a Anac-, TAM e United Airlines oferecem bilhetes a
R$ 1.323 e R$ 1.318. As demais
seguem com preços acima do
piso que não existe mais.
Para voos com destino a Paris, Frankfurt ou Londres, todas as companhias aéreas pesquisadas apresentaram preços
superiores aos mínimos anteriores a abril (que não vigoram
mais) nos dois períodos.
Em julho, a Anac aplicará novo corte de 20% nos preços mínimos das passagens internacionais. Em outubro, outra redução -com isso, o novo piso
será de 40% do valor que valia
até abril passado. Em abril do
ano que vem, as empresas estarão autorizadas a cobrar as tarifas que quiserem.
Impasse
Presidente do Instituto Cepta, o engenheiro Respício do
Espírito Santo afirma que, nesse período de crise, as companhias vivem um impasse.
"Precisam encher os voos,
mas, como comprovou a experiência, apelar para tarifas muito baixas derruba a rentabilidade e as afunda mais na crise."
Com a pouca disposição das
empresas em cortar tarifas e
diante da crise, está difícil prever o comportamento dos preços depois dos novos cortes
prometidos pela Anac.
"Se a viagem está programada para daqui a quatro meses
ou mais, é temerário comprar
agora. É melhor esperar um
pouco", afirma Paulo Bitencourt, da Multiplan Consultoria em Aviação.
A TAM afirmou que a liberação das tarifas "afeta o futuro
da aviação brasileira" e que tem
buscado, com as autoridades,
"condições mais equilibradas
perante as estrangeiras, principalmente em relação à carga
tributária".
A Air France informou que
vem praticando preços perto
do novo piso para viagens anteriores a julho e que vai aguardar
as novas reduções antes de decidir por mais descontos.
A Iberia afirmou que, desde a
redução decidida pela Anac,
aplicou descontos, em alguns
casos até o máximo autorizado.
A Anac informou que as empresas não são obrigadas a reduzir os preços. Não há como
interferir.
O Snea (sindicato das empresas de aviação), que chegou a
lutar na Justiça contra a liberação, afirmou que não se oporá
mais à decisão.
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