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INTEGRAÇÃO
Fórmula conciliatória foi proposta pelos alemães
Mercosul e UE vão negociar em 2001
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
As questões mais complicadas
para a formação de uma zona de livre comércio entre União Européia e Mercosul podem começar
em 1º de julho de 2001.
Os ministros das relações exteriores dos países da UE decidiram
ontem em Luxemburgo conferir à
sua comissão executiva mandato
para negociar com o Mercosul nesses termos na semana que vem,
durante a reunião de cúpula Europa-América Latina, no Rio.
A decisão de ontem ainda depende da aprovação dos chefes de governo da UE. Mas a impressão geral é que ela será mantida.
O chanceler Luiz Felipe Lampreia disse que "o passo dado terá
grande importância na aproximação entre nossos dois blocos".
A França vetava o início das negociações sobre produtos agrícolas
com o Mercosul antes da conclusão do novo acordo mundial do
comércio, prevista para 2003.
Espanha e Portugal queriam que
as conversações sobre todos os temas de comércio entre UE e Mercosul fossem lançadas no Rio.
A fórmula que ganhou o consenso europeu ontem foi apresentada
pela Alemanha. Ela prevê o começo imediato das negociações sobre
assuntos não tarifários, e o das negociações sobre questões tarifárias
(inclusive agrícolas) e de serviço
em 2001.
Outro ponto de atrito era o prazo
para o encerramento das conversações. O Mercosul, Brasil à frente,
batia pé na data de 2005.
Em Luxemburgo, os ministros
da UE acertaram que ele virá após
a finalização do acordo mundial,
sem fixar uma data específica.
Embora não seja o que o Brasil
esperava que acontecesse no Rio, a
decisão de Luxemburgo atende a
duas de suas três precondições.
Elas eram: abrangência total das
negociações (ou seja, a impossibilidade de deixar de lado a polêmica
questão agrícola) e o conceito de
que nada estará decidido se tudo
não estiver decidido ("single undertaking", na linguagem diplomática).
Prazo final
Fica em aberto o problema do
prazo para o fim das conversações.
Ao Brasil interessa fixar a data de
2005 porque este é o ano previsto
para o fim das deliberações sobre a
Área de Livre Comércio das Américas. Se as negociações com a UE
tiverem o mesmo prazo, o Brasil
espera ter o máximo poder de barganha nas duas mesas.
A mudança de posição da UE salva a cúpula do Rio de um fracasso
antecipado, que se prenunciou
quando a França vetou, na cúpula
de Colônia, no dia 4 deste mês, o
projeto de resolução que permitiria o início imediato das negociações com o Mercosul sobre todos
os temas comerciais.
Os chefes de governo de 48 países
da América Latina e da Europa, ou
seus representantes, se encontrarão nos dias 28 e 29 próximos.
O premiê do Reino Unido, Tony
Blair, uma das atrações da cúpula,
não virá devido às negociações de
paz para a Irlanda do Norte.
A abertura oficial da cúpula está
marcada para as 17h de segunda-feira, dia 28. Antes, de manhã,
ocorrerá a mais importante reunião, entre os líderes da UE e do
Mercosul, quando a decisão de ontem deverá ser ratificada.
O Brasil também está negociando acordo de livre comércio com o
Pacto Andino, formado por Venezuela, Colômbia, Equador e Peru.
Espera-se que esse acordo seja
depois ampliado para abranger todo o Mercosul, formado por Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai.
Chile e Bolívia são membros associados do Mercosul. Se as conversações com o Pacto Andino frutificarem, estarão lançadas as bases para uma zona de livre comércio da América do Sul.
Mas a iniciativa brasileira de renegociar seu acordo unilateral
com o Pacto Andino foi mal recebida pela Argentina, o que pode
provocar problemas na extensão
das decisões para o Mercosul.
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