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VIZINHO EM CRISE
Distribuidoras culpam queda no investimento e tarifa congelada
Argentina teme enfrentar apagão
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
A paralisia dos investimentos
em serviços básicos como o fornecimento de energia elétrica pode provocar desabastecimento ou
até um apagão na Argentina. O
alerta foi feito pela Adeera (Associação das Distribuidoras de
Energia Elétrica), que concentra
as maiores empresas do setor. O
aviso serve também para o fornecimento de água e gás.
Segundo Cláudio Bulacio, analista de projetos e investimentos
da Adeera, a crise econômica
-que provocou uma retração de
quase 20% na economia nos últimos quatro anos-, somada ao
congelamento das tarifas, em janeiro de 2002, praticamente impossibilitou a realização de novos
investimentos.
"A renda das empresas não cobre nem os custos. Gasta-se apenas com manutenção, e esse comportamento pode resultar em desabastecimento", afirmou.
A Edesur, empresa responsável
pelo fornecimento da cidade de
Buenos Aires, por exemplo, cortou gastos. Entre 1992 e 2001, a
média anual de investimentos era
de US$ 120 milhões. Caiu para
US$ 25 milhões em 2002.
Segundo dados da Adeera, para
acompanhar a demanda pelos
serviços de energia, que cresce em
média 3% ao ano, seriam necessários investimentos de, no mínimo, US$ 1 bilhão por ano.
Um reajuste das tarifas seria, segundo as empresas, uma das alternativas para inverter essa situação. O governo, no entanto, não
autoriza o aumento e diz que a revisão tarifária será feita após a negociação dos contratos de privatização, assinados na década de 90 e
que estariam defasados.
O Ministério da Planificação da
Argentina (equivalente ao Planejamento brasileiro) já começou a
rever os 61 contratos de concessão
assinados durante o governo do
ex-presidente Carlos Menem
(1989-1999). O prazo para conclusão das revisões é 31 de dezembro
de 2004, com exceção das rodovias e dos transportes públicos,
que devem estar terminadas até
de 31 de outubro.
O governo vai rever os contratos
de 15 concessionários de rodovias
e serviços como trens metropolitanos e ônibus urbanos. A intenção é eliminar os subsídios públicos dados a essas empresas para
financiar investimentos e que
consomem 0,5% do PIB.
O objetivo é fazer os gastos com
manutenção serem de responsabilidade total das empresas. Nas
rodovias, o governo financiaria só
a construção de novas estradas.
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