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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Distribuidoras culpam queda no investimento e tarifa congelada

Argentina teme enfrentar apagão

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

A paralisia dos investimentos em serviços básicos como o fornecimento de energia elétrica pode provocar desabastecimento ou até um apagão na Argentina. O alerta foi feito pela Adeera (Associação das Distribuidoras de Energia Elétrica), que concentra as maiores empresas do setor. O aviso serve também para o fornecimento de água e gás.
Segundo Cláudio Bulacio, analista de projetos e investimentos da Adeera, a crise econômica -que provocou uma retração de quase 20% na economia nos últimos quatro anos-, somada ao congelamento das tarifas, em janeiro de 2002, praticamente impossibilitou a realização de novos investimentos.
"A renda das empresas não cobre nem os custos. Gasta-se apenas com manutenção, e esse comportamento pode resultar em desabastecimento", afirmou.
A Edesur, empresa responsável pelo fornecimento da cidade de Buenos Aires, por exemplo, cortou gastos. Entre 1992 e 2001, a média anual de investimentos era de US$ 120 milhões. Caiu para US$ 25 milhões em 2002.
Segundo dados da Adeera, para acompanhar a demanda pelos serviços de energia, que cresce em média 3% ao ano, seriam necessários investimentos de, no mínimo, US$ 1 bilhão por ano.
Um reajuste das tarifas seria, segundo as empresas, uma das alternativas para inverter essa situação. O governo, no entanto, não autoriza o aumento e diz que a revisão tarifária será feita após a negociação dos contratos de privatização, assinados na década de 90 e que estariam defasados.
O Ministério da Planificação da Argentina (equivalente ao Planejamento brasileiro) já começou a rever os 61 contratos de concessão assinados durante o governo do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999). O prazo para conclusão das revisões é 31 de dezembro de 2004, com exceção das rodovias e dos transportes públicos, que devem estar terminadas até de 31 de outubro.
O governo vai rever os contratos de 15 concessionários de rodovias e serviços como trens metropolitanos e ônibus urbanos. A intenção é eliminar os subsídios públicos dados a essas empresas para financiar investimentos e que consomem 0,5% do PIB.
O objetivo é fazer os gastos com manutenção serem de responsabilidade total das empresas. Nas rodovias, o governo financiaria só a construção de novas estradas.


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