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Opportunity avalia proposta para sair da BrT, diz Dantas
Empresário afirma ter sido procurado por fundos de pensão e Citigroup para vender a sua participação na Brasil Telecom
Ele diz que não se oporá a mudanças societárias na operadora de telefonia; demais sócios não confirmam negociação
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Opportunity foi procurado por representantes de
fundos de pensão e do Citigroup para vender sua participação na Brasil Telecom e não
pretende se opor à reorganização societária da operadora, informou o dono do Opportunity,
Daniel Dantas.
"Fomos procurados por um
fundo de investimentos que diz
estar trabalhando alinhado
com os fundos de pensão e com
o Citibank", afirmou, em entrevista concedida por e-mail à
Folha na última sexta-feira.
Segundo o banqueiro, é cedo
para dizer qual será o próximo
movimento do Opportunity no
xadrez das telecomunicações.
"Sem conhecer a proposta de
preço e as condições, não há como dizer [se o Opportunity fica
ou sai da operadora]", ponderou. "Não temos essa intenção
[de brecar as mudanças na Brasil Telecom]", disse.
Dantas, no entanto, deixou
entrever em suas respostas que
negociar cada vírgula de um
possível contrato com os fundos de pensão será minuciosamente discutido.
"Defenderemos os nossos direitos e os dos nossos investidores com a mesma diligência
com que, no passado, defendemos os direitos do Citibank e
das companhias", alfinetou.
Questionado sobre quais
condições seriam consideradas
satisfatórias para um possível
negócio, ele respondeu: "Respeito aos direitos e aos contratos de todas as partes".
"O Opportunity sempre teve
interesse em extinguir todos os
litígios e já propôs inúmeras vezes ao Citibank e aos fundos de
pensão submeter as divergências a um mecanismo neutro de
arbitragem internacional", garantiu Dantas.
A Brasil Telecom é a operadora de telefonia fixa que atua
nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste. O controle da companhia é partilhado por fundos de
pensão, Citi, Opportunity e Telecom Italia.
Disputa
Desde 2001, os quatro sócios
travam uma grande disputa pelo comando da Brasil Telecom.
Acusações de espionagem, de
corrupção, de uso de influência
governamental e de manipulação da mídia, processos judiciais, CPIs, inquéritos policiais
e prisões, aqui e na Itália - de
tudo houve um pouco no estica-e-puxa pela operadora.
O fim dessa história começou
a ser definido no meio da semana passada, quando os fundos
de pensão compraram a fatia
dos italianos na concessionária
(19% do total).
A partir dessa compra, tornou-se mais factível a intenção
dos fundos de pensão de unir a
BrT a outra tele onde têm grande participação: a Oi (ex-Telemar), maior operadora fixa do
país. A idéia também é acalentada pelo governo federal.
A princípio, há dois caminhos para torná-la realidade. O
primeiro é que os sócios remanescentes ofertem suas ações
de maneira conjunta. O outro é
que fundos e Citi comprem as
ações do Opportunity antes de
levar a pulverização a cabo.
Para Dantas, a alternativa
mais vantajosa "dependerá do
preço". Ao ser perguntado sobre o valor pedido pela Telecom Italia -cerca de R$ 37 por
ação, mais de 40% abaixo dos
R$ 53 que vinham sendo praticados no mercado -, o empresário mostrou-se enigmático.
"Pelo que foi anunciado, o
desconto dado pelos italianos
teve como contrapartida benefícios paralelos", disse.
Há dois anos, o Citigroup fechou um acordo que o obriga a
vender sua parte na Brasil Telecom aos fundos de pensão. Em
contrapartida, os fundos assumiram o compromisso de pagar pelos papéis um valor, à
época, três vezes acima do praticado no mercado.
A Folha perguntou a Daniel
Dantas se o Opportunity tem
direito a "tag along" na venda
das ações do Citi. Isso significa
que o preço pago a um terá de
ser oferecido também a outro.
"Sim", garantiu ele.
E vale a pena para o Citi abrir
mão da "put" (a cláusula que
garantiria vender suas ações
por um preço que estava inicialmente acima do mercado)?
"Pelo que entendemos do valor
das companhias, não vale a pena para o Citibank", calculou.
Os fundos de pensão e o Citi
foram procurados pela Folha
na sexta-feira para comentar se
havia um compromisso mútuo
de desistência da cláusula.
Também foi questionado se,
para tanto, alguma compensação teria de ser negociada. Não
houve resposta até o fechamento desta edição.
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