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China usará reservas para expansão no exterior
Governo pretende ajudar grande grupos chineses a comprar outras companhias
Aquisições são parte da estratégia para reduzir a dependência em relação
ao dólar norte-americano como moeda de reserva
JAMIL ANDERLINI
DO "FINANCIAL TIMES", EM PEQUIM
A China vai utilizar suas reservas cambiais, as maiores do
mundo, a fim de apoiar e acelerar a expansão internacional do
país e as aquisições por parte de
empresas chinesas, anunciou o
primeiro-ministro chinês, Wen
Jiabao, em comentários publicados ontem.
"Deveríamos acelerar a implementação de nossa estratégia de "sair ao mundo" e combinar a utilização de reservas
cambiais com a "saída ao mundo" de nossas empresas", afirmou a diplomatas chineses na
noite de segunda-feira.
Wen disse que Pequim também desejava que as empresas
chinesas ampliassem sua participação no total de exportações
mundiais.
A estratégia de "sair ao mundo" é um slogan que encoraja
investimentos e aquisições no
exterior, especialmente por
parte dos grandes grupos empresariais estatais, como PetroChina, Chinalco, China Telecom e Bank of China.
Qu Hongbin, principal economista do HSBC para a China,
disse que "esta é a primeira vez
que ouvimos uma articulação
oficial dessa política de apoio
direto a empresas para que adquiram ativos fora do país".
Os investimentos não financeiros diretos que a China realizou fora do país subiram a US$
40,7 bilhões em 2008, ante apenas US$ 143 milhões em 2002.
Wen não quis comentar sobre a proporção das reservas
cambiais de US$ 2,132 trilhões
que seria canalizada para as
empresas chinesas, mas Qu informou que isso é parte da estratégia para reduzir a dependência em relação ao dólar dos
EUA como moeda de reserva.
"Trata-se de uma diversificação de reservas no sentido mais
amplo. Em vez de acumular reservas cambiais e ativos financeiros de curto prazo no exterior, o governo deseja que a nação acumule mais ativos empresariais reais, de longo prazo", disse Qu.
Os grupos estatais, especialmente nos setores de petróleo e
gás natural, reforçaram sua
busca por empresas e ativos internacionais que estejam à venda como resultado da crise
mundial.
O China Investment, fundo
soberano de investimento com
US$ 200 bilhões em capital,
vem adquirindo participações
em empresas internacionais de
recursos naturais e assumiu
uma participação de 1,1% na
destilaria britânica Diageo.
Em entrevista publicada pela
imprensa estatal, o presidente
do conselho do Banco de Desenvolvimento da China declarou que o investimento internacional do país se aceleraria,
mas deveria concentrar suas
atenções nas economias ricas
em recursos naturais.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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