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TRABALHO
Segundo o IBGE, número de pessoas trabalhando cresce 0,7%, apesar de a taxa de desemprego ficar estável; renda cai 3,1%
Desemprego não cai, salários não sobem
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de desemprego aberto ficou em 7,5% em julho -o mesmo nível registrado no mês anterior. Mesmo com a manutenção
do nível do desemprego, houve
uma pequena melhora no mercado de trabalho, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatísticas).
É que aumentou o ritmo de
criação de novas vagas: o número
de pessoas trabalhando cresceu
0,7% em relação a junho. Na comparação com julho de 2001, a alta
foi de 2,4%. O total de pessoas
ocupadas havia crescido 1,9% e
1,3%, respectivamente, em maio e
junho na comparação com igual
período de 2001.
Em números absolutos, ingressaram no mercado 129 mil pessoas de junho para julho. De julho
de 2001 para julho de 2002, entraram 408 mil pessoas.
Descontadas as influências sazonais -típicas de cada período
do ano-, a taxa de desemprego
ficou em 7,4% em julho, a maior
desde fevereiro de 2000, mês no
qual chegou a 7,8%.
Apesar do aumento de vagas, a
renda do trabalhador continuou
em queda, tendência iniciada em
janeiro de 2001. Houve retração
de 3,1% em relação a junho de
2001.
Shyrlene Ramos de Souza, economista do Departamento de
Emprego e Rendimento do IBGE,
disse que, mesmo com o aumento
da oferta de trabalho, o desemprego se manteve elevado, pois
continua crescendo o ingresso de
pessoas no mercado.
"O mercado está gerando novos
postos, mas eles não são suficientes para atender toda a procura
por trabalho nem para diminuir a
taxa de desemprego."
O número de pessoas procurando emprego cresceu 1,4% de junho para julho (20 mil pessoas).
Em relação a julho de 2001, a alta
foi de 28,4%, o que corresponde a
um acréscimo de 324 mil pessoas.
De acordo com a pesquisadora
Adriana Fontes, do Iets (Instituto
de Estudos do Trabalho e Sociedade), o aumento da ocupação está relacionado à retração da renda. Isso porque o chefe da família
está ganhando menos com as sucessivas quedas no rendimento, o
que reduz o orçamento familiar e
obrigar outras pessoas da casa a
procurar trabalho.
Apesar de dizer que a situação
melhorou, a economista do IBGE
diz que "não se espera que sejam
gerados postos de trabalhos suficientes" para reduzir a taxa de desemprego nos próximos meses.
"Os agentes econômicos, num
ano eleitoral, não devem tomar
decisões [de contratar". Não esperamos que a taxa caia significativamente no segundo semestre."
Luiz Afonso Lima, economista
do BBV, discorda da avaliação de
que houve uma recuperação, pois
vários indicadores estão negativos. Afirma que a renda caiu, o
tempo médio de procura por um
novo emprego aumentou e a taxa
de desemprego cresceu. O cenário, diz, mostra um desaquecimento do mercado de trabalho.
O desempregado demorava, em
média, 21,9 semanas para encontrar um nova vaga em julho de
2001. Em julho deste ano, o tempo
cresceu para 24,2 semanas.
Para Adriana Fontes, o crescimento da ocupação não pode ser
comemorado quando a renda está em baixa e o desemprego alto.
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